quinta-feira, 14 de maio de 2015

A sola



E pronto! Duas observações, ou comentários, levam-me a responder em conjunto.
Uma delas, e a propósito de eu afirmar que a maioria dos utilizadores da web não produz conteúdos e pouco mais faz que copiar os já existentes, reza assim: “Produzir conteúdos não é fácil…”
A outra, e sobre uma cadeira e a sua história, afirma: “Essa cadeira tem uma sólida história…”
Para ambos, há que dizer que as histórias ou estórias estão aí, em todo o lado, a cada passo, a cada olhar. Cada um de nós tem uma miríade de estórias e uma história sólida. Cada ser humano gastaria muito mais que uma floresta para contar a sua própria história, tantos são os episódios e peripécias que vivemos. A solo, no circulo restrito de vida, na existência que levamos.
O problema, penso eu, está em que gastamos demasiado tempo concentrados naquilo que nos perturba, que incomoda, nas nossas próprias dores e alegrias, para constarmos, por pouco que seja, o que nos cerca.
Se nos despirmos de nós mesmos, se abrirmos a camisa aos outros, se nos deixarmos penetrar pelas alegrias e dificuldades dos demais, não apenas ficaremos mais ricos naquilo que aprendemos como podemos mais facilmente ser úteis ao nosso semelhante.
E quando deixamos que o mundo nos penetre, e não apenas como água em vidro, é muito fácil criar conteúdos, para a web ou para contar na cadeirinha, no final do dia, na soleira da porta. E sem grandes invenções ou divagações.
A vida, por si mesma, é demasiadamente rica e criativa, para não necessitar de grandes fantasias ou imaginações. Os exemplos de sucesso na adversidade e de infortúnio são demasiados para que a imaginação do ser humano a possa acompanhar.
A divulgação de uns e de outros, por vezes apenas o simples relato, são mais que suficiente para encher teras de servidores, para censurar e, quiçá, terminar com o que de mau acontece e servir de pista para um mundo melhor.
Temas para conteúdos é o mais não falta. Basta deixarmos na gaveta o egocentrismo e sentirmos o que nos cerca. O resto acontece por si mesmo.

A título de exemplo, pense-se no que terá vivido isto, que é o que resta das sobras daquilo que foi jogado fora.
Por onde andou, de que cor era, como terá combinado com o restante vestuário, que satisfação terá proporcionado quando foi adquirido e estreado, a relva ou os dejectos que terá pisado, em que sítio junto à cama terá ficado quando o seu dono ou dona terá amado, que canelas terá ferido…

As estórias e os conteúdos estão aí, por tudo quanto é lado, à nossa espera. Basta parar um pouco e sentir!

By me

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