segunda-feira, 4 de maio de 2015

De manhã, p'la janela





De manhã, enquanto espero que o café passe do estado sólido para o estado líquido, olho p’la janela. E o que vejo, ou não vejo, recorda-me uma historieta velha de muitos anos.

Naquele prédio antigo, de paredes de tabique, escadas de madeira e fachada pouco atraente, um inquilino queixava-se da existência de ratos.
O senhorio, farto de tantas reclamações, decidiu lá ir e acabar com a história.
- Não vejo nada! Queixa-se, queixa-se, mas nem buracos, nem caganitas, nem estragos… Nada!
- Não vê? Então sente-se aí e deixe-se ficar quieto e calado.
E colocando um pedacinho de queijo no meio da sala, sentou-se também. Passados poucos minutos passou um rato que levou o queijo.
- Ratos! Ratos! Você queixa-se de ratos e afinal é só um. No singular!
- Acha? Então deixe-se ficar.
E colocou no chão dois pedaços de queijo, que foram levados, pouco depois, por dois ratos em corrida.
- Bem! Na verdade são dois. Plural. Mas tão pequenos, tão pequenos, que quase nem os vi. E você a fazer tanto alarido.
- Ainda não está convencido? Pois deixe-se ficar.
E colocou quatro pedaços de queijo. Zuuup, zuuup, zuuup, zuuup, passaram três ratos e um peixe, levando o queijo.
- Mas… Mas… Mas eu vi ali um peixe. Um peixe!
- Calma! Tratamos primeiro dos ratos. Da humidade da casa falamos depois.

Assim está a minha rua, hoje.

By me

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