De manhã, enquanto
espero que o café passe do estado sólido para o estado líquido, olho p’la
janela. E o que vejo, ou não vejo, recorda-me uma historieta velha de muitos
anos.
Naquele prédio
antigo, de paredes de tabique, escadas de madeira e fachada pouco atraente, um
inquilino queixava-se da existência de ratos.
O senhorio, farto
de tantas reclamações, decidiu lá ir e acabar com a história.
- Não vejo nada!
Queixa-se, queixa-se, mas nem buracos, nem caganitas, nem estragos… Nada!
- Não vê? Então
sente-se aí e deixe-se ficar quieto e calado.
E colocando um
pedacinho de queijo no meio da sala, sentou-se também. Passados poucos minutos
passou um rato que levou o queijo.
- Ratos! Ratos!
Você queixa-se de ratos e afinal é só um. No singular!
- Acha? Então
deixe-se ficar.
E colocou no chão
dois pedaços de queijo, que foram levados, pouco depois, por dois ratos em
corrida.
- Bem! Na verdade
são dois. Plural. Mas tão pequenos, tão pequenos, que quase nem os vi. E você a
fazer tanto alarido.
- Ainda não está
convencido? Pois deixe-se ficar.
E colocou quatro
pedaços de queijo. Zuuup, zuuup, zuuup, zuuup, passaram três ratos e um peixe,
levando o queijo.
- Mas… Mas… Mas eu
vi ali um peixe. Um peixe!
- Calma! Tratamos primeiro
dos ratos. Da humidade da casa falamos depois.
Assim está a minha
rua, hoje.
By me
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