Uma sombra não tem
emoções.
Existe apenas e na
exacta medida da superfície onde se projecta, do objecto que se interpõe no
caminho da luz e do tamanho da fonte que a provoca.
Uma sombra não tem
emoções.
Será mais dura ou
mais suave, mais incómoda ou mais simpática, mais longa ou mais curta. Até
cobrir o mundo.
Mas uma sombra não
tem emoções.
Uma sombra relata,
com rigor geométrico, as posições relativas do plano de projecção, do objecto e
da luz. Evidencia texturas e volumes, contrasta superfícies, simula tamanhos.
Até opacidades.
Mas uma sombra não
tem emoções.
Movimenta-se com o
movimento do sol, do chão, do vento. Refresca ou atrapalha. Pode, até, criar
sonhos.
Mas uma sombra não
tem emoções.
E se eu, que
trabalho com luzes e sombras, que trabalho as luzes e as sombras, as matizes,
as nuances, não tiver emoções, mesmo perante uma sombra, serei eu mesmo uma
sombra e não um ser vivo, que gosta e desgosta, que é a favor ou contra, que
ama ou odeia, e que usa a sombra (que não tem emoções) para provocar emoções.
Fotografar é
reagir emocionalmente a sombras (que não têm emoções).
Fotografar é usar
as sombras (que não têm emoções) para provocar emoções.
Uma sombra não tem
emoções! Um fotógrafo tem!
Se um fotógrafo
não tiver emoções perante uma sombra (que não tem emoções), será ele mesmo uma
sombra de um fotógrafo!
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário