domingo, 10 de maio de 2015

Zambujeira



Algures nos meus arquivos constam fotografias lá feitas, nos primórdios de aquela pequena terra ser pólo de atracção turística. Juvenil ou não.
O que não consta dos arquivos fotográficos, mas que está indelevelmente gravado na minha memória, é esta pequena historinha.

Acordei cedo naquele dia. E decidi ir acompanhar o despertar da manhã seguindo pela estrada que segue pelo alto da falésia, até à praia dos pescadores. No ombro, uma Linhoff Tecnika 70, com uma Schneider Xenar 100mm f/3,5 e carregador 120.
Em lá chegando, fui-me deixando ficar, sem me intrometer, por perto de um grupo de pescador que, no meio da areia e rochas, tinham dispostos os cabazes com o peixe recém apanhado. A poucos metros dos barquitos encalhados na areia.
Estavam de conversa, amena a galhofeira, junto com o guarda-fiscal, alguns compradores e um outro, o leiloeiro.
Até que se ouve um tuc-tuc de um motor e um barquito surge na curva da enseada rochosa e atraca, saltando os dois pescadores com os cabazes.
Juntaram-se estes aos que já estavam em terra e começou a lota, ali mesmo.

Naquela praia, naquele tempo, com aquela gente, a lota só começava depois de todos terem chegado, não importava a que horas.
A Igualdade e a Fraternidade, ali, eram irmãs gémeas da Liberdade.

Não, não tenho fotografias da histórinha. Há coisas que se sobrepõem à fotografia. 

By me

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