A poluição sonora é,
mesmo que não nos apercebamos, muito pior que a visual.
Podemos fechar os
olhos, desviar o olhar um pouco ou muito, mas não podemos deixar de ouvir,
venha de onde vier.
A menos que,
claro, tapemos os ouvidos com as mãos, o que implica pararmos o que estivermos
a fazer.
É exactamente por
isso que me incomodam as transmissões de jogos de bola em locais públicos, como
cafés e restaurantes. Pelo menos na sua maioria.
Sendo verdade que
não gosto de bola, posso sempre sentar-me ou encostar-me de tal forma que as
imagens não me firam o olhar.
Já o mesmo não
posso dizer se o som estiver ligado. E, as mais das vezes, em estando ligado
está bastante alto. Não posso não ouvir aquilo e aquilo incomoda-me.
Por isso mesmo, em
havendo jogo importante de futebol e se eu tiver que frequentar um desses
locais, procuro um que não o esteja a transmitir. Não é fácil, como bem sei por
experiência própria, mas acabo por encontrar.
Mas, e tal como o
futebol, algo há que me incomoda do mesmo modo. Muito menos frequente hoje que
em tempos, felizmente. As telenovelas.
As histórias relatadas
são “da treta”, a qualidade de imagem, sendo básica, é tão igual a si mesma que
chateia, a representação é tão linear que parece estarmos a assistir a uma
corrida de caracóis e, acima de tudo, entendo a novela televisiva como um
triste substituto de vidas frustradas, servindo de panaceia às questões materiais,
familiares ou laborais.
Não dispendo um
minuto a ver esse tipo de trabalho televisivo. Mas também não quero ter que o
ouvir, que é tão mau ouvido como visto.
Infelizmente, há
quem faça questão de ver e ouvir em locais públicos, considerando que o
aparelho de TV está numa ponta e quem vê percorre toda a sala.
Se entro num local
onde tal acontece, saio de imediato, procurando alternativa.
Mais complicado,
no entanto, se não tenho alternativa: a cantina ou o local de trabalho, estou
em casa de terceiros, alguém liga o aparelho quando já lá estou…
As mais das vezes,
nestes casos, tento ser diplomata e encontrar uma solução acústica que satisfaça
as partes: quem quer ouvir e quem não quer.
Em não
conseguindo, piro-me tão depressa quanto posso, não deixando de exprimir o que
sinto. Nem sempre com linguagem recomendável em escolas ou jardins de infância.
By me
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