A propósito do vídeo
que está na ordem do dia, gostava de alertar para um aspecto:
É que tenho para
mim que foi grave a pancadaria que aquele rapaz levou (note-se que foram só
raparigas que bateram, apesar de estarem mais rapazes na sala).
Mas também tenho
para mim que bem mais grave que isso é o facto de o vídeo ter sido feito.
Não se aprende,
nem em ambiente familiar nem em ambiente escolar, quais os limites da captação
ou divulgação de imagens.
Ainda crianças,
aprendem o como captar. Câmara ou telemóvel.
Ainda pequenas,
aprendem o como divulgar nas redes sociais ou, se interditas, de um telemóvel para
outro.
Mas também aprendem,
e com igual facilidade, que quanto mais chocante for o que mostram mais facilmente
se afirmam no grupo a que pertencem. E sabemos como os jovens procuram um lugar
de destaque no grupo.
Aquilo que não
aprendem, porque não têm onde ou com quem, é o que pode acontecer com essas
imagens. É onde está a fronteira ética entre a afirmação no grupo e a invasão
ou devassa da vida alheia.
E não espanta essa
dificuldade em definir fronteiras: os próprios profissionais da produção de
imagem técnica (imprensa, tv) parecem não as conhecer, muitas vezes.
Mesmo em ambiente
doméstico, é agora moda a “fotografia de rua”, em que a arte de bem ver e
fotografar se confunde com o voyerismo fotográfico.
Sem referências na
sociedade em geral, sem referências em ambiente escolar, sem referências em
ambiente familiar, com a competição entre iguais e a eventual popularidade
obtida com a divulgação nas redes, não é de espantar que o vídeo exista.
É mas é de
lamentar que quem o fez nunca tenha aprendido limites.
A pancadaria entre
jovens sempre existiu. Estou em crer que todos ou quase passaram por ela.
Os códigos e
convenções sociais estão agora – e ainda bem – a condená-la e tentar que
diminua ou mesmo termine.
Sugiro que quem de
direito – todos nós – se debruce sobre a questão de o buling e a violência não
se confinar a murros e bofetadas e que a imagem sem limites éticos é tão ou
mais perigosa que um punho em cheio num nariz.
Fica o recado
sobre os vídeos e fotografias feitos pelos jovens e, de caminho, uma “colher de
chá” sobre o mesmo para os pais dos jovens, que andam de câmara em punho,
disparando sobre tudo o que mexe, seja ou não ético fazê-lo.
By me
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