Por vezes faço
isto.
Para quebrar alguma
orientação de espírito que o ou os livros que estou a ler me imponham, jogo a mão
à estante e retiro um livro. Lido ou por ler. Completamente ao calhas. E abro-o
também ao calhas, deixando que os meus olhos se fixem num ponto qualquer e
leiam a partir daí.
Desta feita a mão
caiu-me no “A costa dos murmúrios” de Lídia Jorge (ainda por ler).
E os meus olhos
fixaram-se no que se segue:
“ …
Mas nada disso
teria agora importância se o jornalista não tivesse dito - “Vai ser preciso
primeiro morrer um paquistanês e depois um mulato claro para se poder dar o
devido relevo a isto. Não deve é morrer um branco.”. Evita disse – “Oh, tudo é
igual – agora mesmo andam soldados pelas nascentes do Muera à procura de
pistas, os caranguejos estão metidos nas luras, e as feras dormem ou caçam.” Ele
guiava completamente encharcado – “Tudo é igual mas não tanto, pombinha – pense
no Chade, pense em como os franceses não deixaram fechadura em porta, nem prego
em parede, mas foi, já aconteceu. A prova de que não é tudo igual…” não havia
prova.
…”
Não desconfio em
que contexto surgem estas linhas. Não li o livro.
Mas se mudar
cores, nacionalidades e nações, poderia ter sido escrito ontem mesmo, em vez de
em 1988.
Nota adicional:
este livro está identificado como tendo sido comprado em 1990 e ainda está
virgem de leitura.
Vai passar para o
topo da pilha dos “Urgentes a ler”!
By me
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