Gostar eu tanto de
situações de contra-luz terá alguma coisa a ver com a forma como vejo a
sociedade actual?
O contra-luz de
que tanto gosto, em particular na natureza, permite ver a translucidez de
folhas e pétalas, mostrando texturas e nervuras, indo um bom pedaço para além
do olhar a superfície que nos é exposta.
Uma coisa tenho eu
por dogma: aquilo que vejo, de bonito ou não, num baldio, num bosque ou mesmo
num jardim urbano, tenho-o por sagrado! Jamais me passará pela cabeça colher
uma folha, flor ou insecto para o colocar de modo a poder fotografá-la. Para
além de provocar uma morte desnecessária, fútil mesmo, apenas para meu prazer
fotográfico, privaria com isso que outros também se deliciassem com o que nos é
mostrado.
Assim, ou bem que
aproveito a luz existente ou, fazendo-me de deus Apolo, re-invento a luz,
evidenciando pormenores, escondendo fundos.
O preço da
blasfémia? O volume e peso da minha mochila.
O prémio? Coisas
como esta.
E a certeza de que
o mundo talvez tenha ficado mais rico com a minha imagem e não mais pobre com o
colher de uma flor.
By me
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