sexta-feira, 31 de julho de 2015

Desculpem



Em meu nome e em nome de muitos de nós, as nossas desculpas por aquilo que possais ver agora se ligardes o aparelho.

By me

Arame farpado



É interessante ver como se elevam vozes contra uma eventual cerca ou muro que a Grã Bretanha pretende erguer para limitar ou impedir a entrada de migrantes ilegais.
Mas, curioso mesmo, é não ver essas mesmas vozes erguerem-se contra o muro que, pelos mesmos motivos, se quer construir na Hungria. Ou contra o muro e cerca farpada existente na fronteira entre os EUA e o México.
Ou ainda, o muro que existe em Israel, cercando os territórios da Palestina.
Ou, em terras bem lusas, os muros de betão armado, arames farpados e cancelas de ferro de alta resistência que existem em ruas públicas, bloqueando-as, ao serviço de algumas embaixadas. Território nacional.
Ou como se bloqueia o acesso a praias públicas com empreendimentos imobiliários bem privados. Com muros, cercas e agentes de vigilância.


A luta pelo controlo da terra, seja em que nome for, acontece em todo o lado. E tão absurda quanto velha!

By me

Boa ou má?



Tenho para mim que não há boas ou más fotografias.
O conceito de bom e de mau é um conceito social que, muitas vezes, entra em conflito com as opções de quem fotografa.
Pior: Limita quem fotografa a fazer o seu trabalho pela opinião da sociedade, deixando para trás, tantas vezes, a sua própria capacidade de inovar e criar.
Entendo que uma fotografia é boa quando consegue satisfazer o seu autor. Quando ele olha para ela e se revê no que nela “lê” e sente. Isto é uma boa fotografia!
A partir daqui entra em campo a questão do gosto dos demais e da eficácia da comunicação.
Se a fotografia agrada à maioria leva o carimbo de boa. Se também agrada aos especialistas será excelente.
Mas, e antes de mais, a fotografia, o trabalho realizado que transformou aquilo que foi visto e sentido naquilo que o fotógrafo entende por um equivalente fotográfico, tem que agradar ao seu autor.
Claro que a fotografia também é uma forma de comunicação. Por isso existem os livros, as galerias, os álbuns, os grupos. As mais das vezes fotografa-se para outros vejam e sintam o que o fotógrafo viu e sentiu.
E quando tal acontece, a fotografia é eficaz na sua função de comunicar.

Mas também sabemos que comunicar, mesmo que com fotografia, implica o partilhar de códigos comuns. Tal como a escrita. Ou a música. Ou a escultura. Se quem o vê não entender os códigos usados por quem o fez, a ponte da comunicação não existe.
Daí que exista uma tendência generalizada em fotografar usando de códigos (técnicas e estéticas) que sejam do entendimento generalizado dos destinatários. Algum tipo de formalidade no fazer de fotografia.
Esta formalidade, este usar de códigos generalizados na fotografia, acaba por fechar portas à capacidade que cada um possa ter de se satisfazer com o que faz sem pensar nos outros. Acaba por limitar a criatividade absoluta, obrigando a criar de acordo com os códigos instituídos.
Mais do mesmo, portanto!

Claro que os chamados “profissionais” a isso são obrigados. Têm que agradar aos clientes!
A sua principal preocupação, ao fotografar, é que os sentimentos expressos nas fotografias que fazem, se alguns, sejam entendidos por quem lhes paga o trabalho. Que é isso que deles se espera.
Se a gestão do espaço e dos elementos nele (composição), se a nitidez ou as relações entre o claro e o escuro não estiverem de acordo com a técnica e estética em vigor (os códigos de comunicação) dificilmente será vendida. Quer seja uma fotografia de um acontecimento social, uma reportagem de guerra, paisagem ou vida animal. Não aparecerá numa revista ou jornal, ninguém a verá num cartaz publicitário nem constará no álbum de casamento.

Será uma necessidade do fotógrafo definir aquilo que lhe agrada e aquilo que agrada ao consumidor. E ter a coragem de o assumir.

Nunca disse a um aluno ou formando “Essa fotografia é má!”
O mais que fiz foi dizer-lhe “Não gosto” ou “Não entendo”. E, acto continuo, pedir que ma explicasse, que sobre ela discorresse em voz alta. E que me dissesse se ela correspondia ao objectivo a que se tinha proposto. E se esse objectivo era pessoal ou comunicação de massas.
A classificação de boa ou má seria a dele, de acordo com isso e com a conversa.

Que o mais importante é a satisfação do próprio. O resto é socialização. 

By me

quinta-feira, 30 de julho de 2015

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Adoro ver as novidades em termos de captação de imagem, fotográfica ou videográfica.
Muito milhões de pixels, hiper-sensibilidade, fidelidade de cor… um sem número de melhorias.
Mas ainda não vi uma só que contivesse um byte de criatividade ou uma linha de programação de estética.

Talvez que eu não ande a ler as especificações todas…
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Pensar



E, por enquanto, permitido.

By me

Turismo



Seria bom que os autarcas alfacinhas pusessem os olhos no que se passa aqui ao lado, em Barcelona.
E que vissem o que se passa numa cidade onde o turismo de desenvolve a velocidades astronómicas.
Quem por lá se passeia vê mais turistas que nativos, as filas para os museus e outras atracções são de dar a volta à esquina e os próprios Barceloneses, que ganhariam com todo este comércio e indústria, estão a reconsiderar os limites de oferta de camas turísticas.
O risco deste desenvolvimento turístico desenfreado é, e para além da qualidade de vida de quem habita a cidade, a perda de interesse a curto prazo por parte de quem a visita e das respectivas agências de viagens. Com o consequente fecho e abandono de instalações hoteleiras e de restauração, bem como a falência das fábricas e lojas de recordações.

Que nós não saibamos fazer ou inovar ainda se aceita.
Agora não aprender com os erros dos outros…


By me

Algo doce



Sei que, nestes últimos tempos, as minhas publicações por aqui têm sido algo amargas.
Contingências várias, umas de ordem particular, outras comuns a quase todos, assim mo têm obrigado.

Para quebrar a rotina, aqui fica algo doce.

By me

Oh Evaristo



Não vi o filme. E é natural, já que estreou agora.
Mas não sei se o quero ver. Honestamente.
Que há dois ou três aspectos que me incomodam, mesmo antes de ter uma opinião formada sobre o que foi feito e como.
Por um lado, a minha própria experiência.
São raros os filmes, ou outro tipo de obras, que resultam em algo de realmente bom aquando do remake.
Uma obra original – cinema, música, literatura, fotografia – se for boa tem toda uma coesão, uma linha evolutiva, um fio condutor formal e estético que a tornam única. O seu autor (mesmo que uma equipa) ponderou as diversas variáveis e optaram por aquela final porque era a que mais se adequava à ideia.
Um remake, querendo seguir um trabalho original mas querendo fazer coisa nova, acaba por transformar o original em diferente, assemelhando-se ao que foi feito, talvez que melhorando alguns aspectos, mas ficando aquém da unidade e qualidade daquilo que estão a imitar.
Posso citar os dois únicos exemplos que conheço, no campo do cinema, que me convenceram. O remake é tão bom quanto o original.
“A janela indiscreta”, filme original de Alfred Hitchcock, de 1954, cujo remake teve o título de “Testemunha de um crime” e foi realizado por Brian de Palma em 1984.
“Doze homens em fúria”, feito por Sidney Lumet em 1957 e “Doze homens em conflito”, realizado por Artur Ramos, numa adaptação televisiva portuguesa, em 1973.
Confesso que todos os demais remakes que vi (talvez falha minha) ficaram muito aquém das expectativas.
Por fim, e isto já é uma questão muito pessoal, incomoda-me a necessidade de tanta publicidade. Jornais, televisões, cartazes de rua… tudo quanto é coisa fala neste novo filme. Nalguns casos, com direito a “prime time” em noticiários ou capa de jornal diário.
O investimento em publicidade deste novo filme recorda-me a publicidade a novos produtos de higiene, doméstica ou pessoal, em que muda o aroma ou é acrescentado um novo ingrediente com um nome estranho. Na prática, é a mesma coisa, se o for, apenas com nova embalagem e nome, vindo da mesma fábrica. E se precisa de tanta publicidade comercial…


Não vi o filme. Não creio que o vá ver.

By me 

O sinal



Este sinal que aqui está não é nenhuma indicação subliminar de indicação de voto para Outubro.
Mais não é que um vulgaríssimo sinal de trânsito, um entre muitas dezenas ou milhares que existem pelo país fora. Em particular na zona das chamadas “avenidas novas”, em Lisboa.
Estas avenidas têm duas zonas de trânsito automóvel, uma ascendente outra descendente, separadas por uma zona arborizada que também é usada para estacionamento.
Em nenhum dos cruzamentos é permitido voltar à esquerda, como este sinal indica claramente. Ou, dito de outro modo e mais formal, é obrigatório seguir em frente ou à direita.
E é aqui, nesta subtileza do ser proibido algo ou obrigatório o seu oposto, que a coisa tem graça.
Em tempos estes cruzamentos estiveram pejados de sinais de proibição. Em cada um e em cada faixa de rodagem, lá estava o sinal vermelho de proibição de voltar à esquerda. E era banal haver que o ignorasse, virando ou mesmo invertendo a marcha. Tal como eram banais os respectivos acidentes, com o embater com os carros que vinham em sentido oposto.
Alguém decidiu solucionar o problema: Trocaram os sinais de proibição pelos de obrigação do seu oposto. Tão simples como isto. E a quantidade de acidente diminuiu drasticamente.
A razão de ser desta consequência de algo tão simples e, aparentemente, inócuo, prende-se com o inconsciente:
Ninguém gosta de proibições!
Mais: todos, em podendo, quebram as regras e ignoram as proibições.
Pior: quando as proibições se sucedem, há a tendência natural para nem delas nos apercebermos. Um sinal vermelho de proibição de virar à esquerda, junto com um sinal vermelho de estacionamento proibido, junto com um sinal de sentido proibido, junto com um sinal de… são tantas as proibições que alguma delas acaba por passar despercebida e a proibição ser infringida.
Deste modo, passou a haver menos proibições e as existentes mais notórias. E as obrigações, as únicas nestas avenidas, a ficarem mais em evidência.
E a condução automóvel menos irritante.

Sei que desde que foi feita esta alteração nos sinais de trânsito, há talvez vinte anos, o fluxo automóvel passou a ser bem mais fluido e os acidentes em muito menor número.

By me 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

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Estar de bem com a vida é o que, desde sempre, todos recomendam.
O problema é que a vida, desde sempre, se está nas tintas para todos.

E faz o que muito bem entende.
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Inna e Roma



Dos tempos em que eu era Photographo à-là-minuta ou, como se diz em Terras de Vera Cruz, “Lambe-Lambe”.

Os sentimentos, ainda que genuínos, podem ser reforçados com estímulos externos.
Sabendo isto, da teoria e da prática, no meu projecto “Oldfashion” criava uma pequena expectativa antes de entregar a fotografia já impressa.
Depois de a retirar da “caixa-mágica”, olhava-a por vezes de relance, outras com fingida atenção e, mantendo-a virada para mim e encostada ao peito, lançava uma frase para os que estavam ansiosos por a ver. Uma delas era (e não posso aqui revelar todos os meus trunfos) “Se não gostar não leva!” Um pouco na linha que do que certas lojas e produtos usam: “Satisfação total ou devolução do dinheiro”.
Neste caso, o riso manifestava-se, meio da graça meio do nervoso, e, acto contínuo, entregava a fotografia.
Sendo que parte das pessoas esperavam uma partida ou equivalente, outros contavam com algo de muito má qualidade e outros ainda têm uma péssima opinião sobre si mesmos, a surpresa era em regra agradável, apesar de algumas não serem lá grande coisa como fotografias.
Mas também havia quem não gostasse. E o afirmasse! As mais das vezes, pouco ou nada referente à qualidade da imagem ou da impressão, mas antes referente à pose ou expressão facial. Ou, como não poderia deixar de ser, em relação ao peso, nuns casos que parecem ter muito, noutros o contrário.
Este casal, que reagiu de forma típica durante todo o processo que antecedeu a entrega da fotografia, não gostou. Uma destas pessoas não gostou da sua pose mas, como em 100% dos casos, quis levar a fotografia, sim senhor!
Mas eu é que não gostei do desagrado que ali vi! E como até eram particularmente divertidos e bem-dispostos, mandei as rotinas às urtigas e fiz uma segunda, com a DSLR. Como gosto de fazer, jogando com contra-luz natural e luz frontal difusa.
A opinião mudou por completo e a alegria de terem esta segunda compensou o desgosto face à primeira.

E porque o prometi, aqui fica, ainda que noutro espaço que não o do “Oldfashion”. Mas, mesmo que não o tivesse prometido, e desde que não mo interditassem, aqui a poria. Porque também eu gosto dela, pese embora a ausência de sorriso que assumiram, e de que eu tanto estava a gostar.

By me

Um clássico



O cenário é um clássico em Lisboa, tal como a pose.
E sendo certo que não poderia registar os intervenientes ou mesmo o local do episódio, como se verá, optei por isto.

Foi na entrada lateral do jardim da Gulbenkian.
Vinha eu com calma pelo passeio estreito e veja um agente da PSP dirigir-se a um carro, pequenito, e dizer pela janela:
“Olhe que tem que ter cuidado! Já é a terceira vez que bate nesse carro. Devagar, mas bate. Tem que prestar atenção aos sensores!”
Achei graça à chamada de atenção e deixei-me ficar.
A conduzir o carro uma senhora, trintona, com “phones” nos ouvidos, tentava estacionar num lugar, longitudinal, onde caberiam dois Smarts como o dela. E que ela não estava a conseguir.
E ainda acrescentou o guarda:
“Dos auscultadores já falamos!”
Saiu ela do carro, fechando-o, e foi falar com ele, já do outro lado da estreita rua. Não sei que falaram, mas ela afastou-se em passo rápido, como quem vai atrasado para alguma coisa.
Um homem, que ficara a ver e ouvir, meteu conversa com o agente. Parte da qual ouvi. E a parte que ouvi levou-me a lançar umas valentes e sonoras gargalhadas. Seria impossível não o fazer. Dizia ele:
“Pode ter pouca experiência, sim senhor, mas o carro onde ela batia é o meu!”

Perguntei-me, em surdina, muito em surdina, se ele se afastaria do seu posto para assim proteger qualquer outra viatura que, bem estacionada, fosse assim agredida.

Quando entrei no jardim, em busca de uma sombra onde digerisse o almoço na companhia de um livro, ainda me estava a rir.

By me

Desvio



Quando, no decurso de uma viagem, encontramos indicação de desvio que nos força a tal, interpretamo-la como um incidente de percurso e continuamos, presumindo que se trata de algo inevitável mas temporário.
Mas se, na continuação dessa mesma viagem, constatamos que as placas de desvio se sucedem, erráticas e sem nexo aparente, começamos a colocar questões.
Será que embarquei na viagem certa?
Será que estou no veículo certo?
Será que chegarei a bom porto?
Será que chegarei a algum porto?
Será melhor sair nalguma escala?
Será que haverá alguma escala?
Adianta continuar numa viagem repleta de desvios e sem que saibamos que rumo temos ou mesmo se haverá rumo?


Por vezes, em viagens atribulas e quase sem sentido, faz sentido arrear as velas, largar ancora, tomar a altura do sol, consultar o quadrante e pensar seriamente na jornada feita e naquilo que, eventualmente, teremos ainda p’la frente.

By me

terça-feira, 28 de julho de 2015

O Londres



Lembram-se do Cinema Londres, em Lisboa?
A sala, as salas, o cartaz, os cartazes, a programação, o self-service, as cadeiras que afundavam…
O cartaz, agora, é o que se vê: a mesma estrutura, com outros dizeres, numa tentativa de nos remeter ao que foi.
A sala ou o self não pude ver: o vidro da porta estava tapado com papel pardo.

As cadeiras… não creio que afundem. 

By me

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“Eu, ___________________________________________________(assinatura) li e aceito o regulamento do concurso e responsabilizo-me pela originalidade das fotografias apresentadas a concurso. A minha assinatura autoriza a “XXPPTTOO”, de forma completa, a ficar com os meus direitos de autor para expor e publicar as fotografias entregues a concurso em qualquer suporte que achar conveniente. Qualquer publicação de fotografia será sempre acompanhada da respetiva identificação do autor.  “
Isto é o que consta na ficha de inscrição num concurso fotográfico promovido por uma revista em Portugal, com o patrocínio da Secretaria de Estado da Cultura.


Não faço quaisquer comentários, escritos ou fotográficos, que iriam infringir as regas de boa educação da net.
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A vida é muito difícil sem manual de instruções.

Mas será que teríamos algum prazer nela se o lêssemos?

Discriminação



O título seria, eventualmente, atractivo:
“Portugal pode tornar-se num dos primeiros países da Europa a ter uma deputada transexual”

Surge no Diário de Notícias e o texto conta-nos quem é, qual o partido pelo qual concorre ao Parlamento, por que círculo eleitoral, junto com quem e qual a outra excepção na Europa.
Digo que seria atractivo porque não é de todo importante qual a sexualidade ou identidade sexual dos deputados. Tal como não é importante a cor da pele ou a sua fé religiosa.
Dar relevo político ou jornalístico a esta característica de um candidato a deputado é discriminar essa pessoa, ainda que possa ser uma discriminação positiva. É dar importância a essa faceta quando o que importa num deputado é a sua capacidade de legislar e representar os cidadãos que o elegem.
Se para representar condignamente cidadãos no Parlamento haverá que lá haver pessoas com essas mesmas características, nesse caso quero que lá estejam também Agnósticos, Acratas, Fotógrafos, Escritores, Ciganos, Pretos, Canhotos, Paraplégicos, Órfãos e (porque não?) Polígamos.


Ora batatas! Abaixo a discriminação e viva a poligamia!

By me

Livros



Fazer um périplo por lojas, em busca de um artigo em especial pode ser uma frustração.
Em especial se em todas nem conhecem nem consta nas suas bases de dados.
Muito pior se pode transformar se acabamos por perceber que aquilo que não encontramos não consta por questões de conflitos comerciais entre quem representa e distribui, por um lado, e os retalhistas, por outro.
Foi o que me aconteceu hoje. O artigo é um livro, sei que se encontra no mercado (alguém o comprou ontem e é edição recente) e sei nome, autor e editora. As reacções surgem quando, para facilitar a procura, refiro a editora.
“Não trabalhamos com ela.”, é a resposta geral, que ouvi em seis livrarias em Lisboa. Independentes e não ligadas entre si.
Fui ainda remetido para uma outra, uma grande superfície livreira (e não só) que sabem que trabalham com a distribuidora.
Acho que vou entrar em contacto com a casa-mãe, a editora, e contar-lhe o que se passa e porque devem estar com vendas abaixo do esperado por cá.

Em qualquer dos casos, este périplo acaba sempre por ser profícuo. Entra-se em várias livrarias, sente-se o cheiro e o pó dos livros, fala-se com quem sabe e gosta de livros e, por vezes, acaba-se por sair da loja com um ou outro que nem conhecíamos ou que nunca tinha despertado a nossa atenção até agora.
No dia de hoje foram três livros, todos de muito baixo preço.
Este, o da fotografia, ficou na loja.
Por um lado, porque não creio que lhe desse uso; por outro porque o seu preço não pode ser considerado baixo. Em qualquer dos casos, e como se constata, se ficou o livro veio a fotografia.
E se não apenas não me recordo de o ver à venda também me trás recordações distantes e de palato apurado.
A mim, à vendedora que me autorizou o fazer da fotografia e a mais duas senhoras que acharam graça o estar à venda.
Há livros que são para ler, outros para consultar, outros ainda para degustar.

E alguns apenas para serem fotografados e recordados, já depois do sol posto, numa livraria.

By me

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O suplício



“Coitado!”, disse o pombo-correio, ao fazer por aqui uma pausa a caminho de casa.
“Coitado porquê? Que raio!?” retorquiu um pombo local, enquanto depenicava umas migalhas de um bolo que um catraio havia deixado cair.

“Não reparou? Não bastava a coroa de espinhos, ainda haviam de o obrigar a vestir um colete de pregos. E dos afiados!”

By me

Um livro e um sorriso



Tenho amigos que são beras p’ra xuxu!
Ontem um deles teve o desplante de me mostrar um livro que comprara recentemente. Dei-lhe uma olhada, muito por alto, e fiquei logo babado. Guloso mesmo por ele.
E ele foi bera porque acenarem-me com bons livros é fazerem com que aumente as pilhas de livros interessantes que tenho por ler, em casa, e que o tempo disponível não permite muito acompanhar o seu aumento.
Mas tomei as notas que se impunham e hoje, em calhando passar por uma livraria, entrei e perguntei por ele. Não tinham.
Mas poderiam encomendar. Ou acrescentou-me a empregada, poderia ir ali, ao centro comercial “Tal”, onde existe a livraria “Coisa e tal”, que talvez tenham.
Ficou a olhar para mim quando lhe disse que não iria. E expliquei-lhe:
De cada vez que usamos uma livraria de um centro comercial estamos a retirar negócio às outras livrarias, as chamadas “tradicionais”. Onde existem pessoas que gostam e sabem de livros, e não se limitam a consultar bases de dados internas ou das editoras. Que conhecem autores e obras. Que sabem aconselhar para além do mero negócio de venda.
Continuou a olhar para mim quando lhe enumerei algumas livrarias da cidade, cada qual em sua zona, onde iria pelo livro: “Esta”, Aquela”, “Aqueloutra”, e ainda “Mais esta”…
Estava a sorrir quando saí.

O livro?

O da imagem, se bem que só o refiro porque me foi referida e salivei quando li a contra-capa.

By me

A fotografia da fotografia



Se eu vou mostrar a ou as fotografias em causa? Obviamente que não vou!
Apesar de terem sido feitas em situação que, de algum modo, foi pública, foram efectivamente privadas, em local privado, e não pedi autorização a nenhum dos fotografados para as usar. Limitar-me-ei a enviá-las aos próprios e cada um fará o que entender.
Mas, e em qualquer dos casos, a situação acabou por ter mesmo graça:

Estavam os três num local e condição incomum e em momento de descontracção após esforço colectivo e de sucesso. E estavam a fazer umas selfies e a pedir a um quarto que os fotografasse.
Abelhudo que sou, vi isso mesmo ao passar e pensei: “Que diabo! Aqui posso dar um arzinho da minha graça e fazer algo que se veja e lhes agrade.” E tratei de eu também dar ao gatilho.
Acontece, porém, que não me apeteceu rapar da câmara de bolso. Em vez disso, tirei o meu telemóvel do bolso da camisa e usei-o. Afinal, toda a gente estava a usar um telemóvel.
Um boneco de surpresa, um boneco em que se fizeram ao boneco, e já está. Havia mais que fazer para todos.
O que me deixou mesmo estarrecido foi a qualidade do que obtive!
Pese embora não ser, de todo, um aperelhómetro de alta gama, pese embora o ter usado em modo “japonês inteligente”, deixando que os automatismos fizessem o seu trabalho, limitando-me a gerir o equilíbrio entre as zonas mais iluminadas e as zonas pouco iluminadas, pese embora os níveis de luz não serem particularmente elevados, o resultado quase que pede meças às outras câmaras que tenho.
Bons níveis exposição, bom equilíbrio de cores, boa saturação, boa resolução e nitidez, não muito grão…

Este aparelho que dificilmente se pode classificar, já que é um misto de telecomunicações, computador e câmara fotográfica, está há poucos meses nas minhas mãos. Ainda não o tinha levado a limites como este.
Pondero, depois de ver este resultado, deixar de usar a minha câmara de bolso. Ou mesmo outras.

Eu disse pondero, não se assustem.

By me 

domingo, 26 de julho de 2015

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De facto as pessoas não me desiludem.

Não espero mais delas que de mim mesmo!
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Que os deuses nos protejam!
Lembrei-me, de súbito, que em Outubro os Portugueses podem repetir o mesmo disparate dos últimos trinta e tal anos.

Que os deuses nos protejam!
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Promoções



Confesso que não resisti! O meu nariz comprido levou-me inexoravelmente ao interior da loja para fazer a pergunta.
A loja é antiga. Bem antiga. Conheço-a quase há tanto tempo quanto me conheço (ou quase) e recordo ter lá sido cliente em pequenote.
Trata-se de um fotógrafo e foi lá que fiz, se a minha memória me não falha, a fotografia que foi ilustrar, para meu orgulho, o primeiro bilhete de identidade que tive. Nos tempos em que se ia ao fotógrafo com a melhor roupinha, em que as luzes feriam o tempo todo os olhos e em que o resultado só se conhecia uns bons dias depois, uma semana se me não engano.
Os tempos foram passando e a tecnologia evoluindo.
A última mudança de que foi alvo foi passar a ostentar a indicação de “fotografia digital” e os trabalhos fotográficos passarem a ser os “books” e as fotografias de família, que o BI agora também é digital na fotografia para além da impressão.
E um dia destes, num passeio lento e atento pelo bairro de Alvalade, tentando fazer um registo específico, dou com este aviso, mesmo no cantinho da montra. Já lá está, ao que me pareceu e vim a saber, há uns tempos, mas só nesse dia o vi.
A minha curiosidade foi maior que a minha vergonha.
Carregado com mochila, câmara, monopé e demais tralha, franqueei a porta, dirigi-me ao balcão e comecei a conversa com a mocinha que me deu os bons dias com “Não venho comprar nada”.
Continuei, antes ainda de ela se recompor, com um “Venho apenas fazer uma pergunta, por estranha que pareça”.
Sorriu, aguardou e continuei com “Que idade tem o dono da loja?”
Ficou a olhar para mim, de sobrolho franzido e disse-me que já havia falecido há tempos.
“Pois”, continuei, “mas o actual dono, que idade tem!”
“É a filha e tem cerca de quarenta anos.”
“Bem, então deve esperar viver e trabalhar até aos setenta e tal anos.” terminei após fazer contas de cabeça rapidamente. “Com o aviso que têm na montra…”
Sorriu e ficou a olhar para mim, enquanto me afastava para fazer o registo que aqui se vê. E ainda deu para que eu ouvisse, p’la porta aberta, o que explicou a um colega, que entretanto tinha vindo saber o que se passava.
Suponho que a actual dona esteja em plena sintonia com as modernas políticas de segurança social e reforma, e que conte trabalhar por ali até para além das idades legais em vigor por agora.

Em qualquer dos casos, quem sabe se um dia me não dá na bolha e vou até lá com muita paciência e desplante, e não pergunto pelos arquivos de há quarenta e tal anos? E quem sabe se não serei surpreendido?

By me

sábado, 25 de julho de 2015



Horizonte:
Aquela linha lá bem longe que, em a tentando alcançar, faz com que nunca paremos a caminhada. E o prazer nunca está em chegar mas no ir.

Mesmo que esteja no alto.

By me

O relojoeiro e o fotógrafo



Conheço um relojoeiro.
Já vai sendo raro, este conhecimento: alguém que sabe de mecânica de relógios e os repara.
A maioria dos relógios de hoje são eléctricos e o mais que se lhes pode fazer, em parando, é mudar a pilha. Talvez algo mais, mas não sei o quê.
A própria sociedade está feita, hoje, nesse sentido: Usar e deitar fora, que com isso se alimenta a indústria e o comércio.
Mas este relojoeiro, um pouco à moda antiga, mantém-se no activo, apesar de não ser idoso. Gosta do que faz e, sendo o mercado de reparação de relógios diminuto, complementa-o com o de antiguidades e velharias.
Foi numa feira dessas que o conheci. Vendeu-me um extintómetro, por um preço bem em conta. E, depois do negócio feito, perguntou-me para que servia e como se usava. Lá lho expliquei e ficámos à conversa.
Nessa conversa, ou numa outra noutras ocasiões, contou-me ele que é especializado em relógios europeus e russos. Que é neles que tem o saber e a prática e que só neles mexe. E que quando lhe aparece um cliente com um relógio mecânico japonês o remete para um outro mestre relojoeiro que tem essa especialidade.
Disse-me ele, em tom de brincadeira, que quando tem oportunidade mexe nos japoneses, mas sempre só pelo gozo e nunca fazendo disso depender o trabalho de um cliente.
“Talvez um dia”, disse-me, “complete a especialização nos nipónicos. Até lá fico-me com que sei e tenho por certo.”
Não fora por outros motivos, isto por si só agrada-me neste profissional: tem plena consciência do que sabe e é capaz de fazer e não usa clientes e os seus trabalhos em situações que não domina.
Um dia, em tendo um relógio de pulso europeu ou russo para reparar, é a ele que o vou levar. E, se for japonês, é a ele que vou perguntar sobre quem o faz.
Mas agrada-me ainda uma outra coisa: tendo uma especialidade e um negócio que funciona (mais ou menos, como todos os outros nos tempos que correm), faz questão de não ficar limitado e vai aprendendo outras linhas e especializações.

Mas também conheço um fotógrafo. A bem dizer, conheço alguém que ganha a vida em torno da fotografia.
Possui uma loja, onde vende equipamento e presta diversos serviços, promove formação na área e tem trabalhos editados.
Uma ocasião, estava eu na loja dele de conversa e surge uma mocinha. Vinha para fazer fotografias “de passe”.
Mandou-a sentar no respectivo banco, a um 20cm de uma cartolina branca e fotografou-a com o flash da câmara. Foi ao computador, imprimiu, entregou-lhas, ela pagou e saiu.
Ainda mal ela tinha saído a porta, estava eu a perguntar-lhe porque não tinha ele ali instalado, em permanência, um flash “de recorte”. Bastava um daqueles pequenos, usados, que ali tinha, com uma célula slave, que também tinha, um transformador, até um manhoso. Chegava o banco uns 20cm à frente, palava o flash com cartolina e o resultado seria completamente diferente. Para melhor, claro.
A sua resposta foi de antologia: “Oh JC! Para o que é, isto chega!”

Há bons profissionais e maus atamancadores em tudo quanto é profissão. E, muito honestamente, não há trabalhos menores! Há trabalhos apenas, e todos merecem o mesmo empenho e o melhor que podemos e sabemos fazer.

A honestidade para com o cliente assim o obriga.

By me

A notícia



O título é sonoro:
“A RTP vai gastar 2,3 milhões em serviços de higienização e limpeza”.

No entanto, se lermos o texto, constatamos que é o contrato com uma empresa de limpeza, que esta despesa é para três anos, que inclui quase 80 edifícios, arquipélagos incluídos, que inclui alguns trabalhos especializados e pessoal de piquete 24 horas por dia, que inclui (o que é normal nestes contratos) o equipamento e os consumíveis…
Se calhar chegamos à conclusão, não muito difícil, que cada uma das pessoas que irá fazer este trabalho ganhará o salário mínimo nacional ou pouco mais.
Seria interessante sabermos, por exemplo, quais os montantes dos dois contratos anteriores, para o mesmo trabalho e condições.

Os títulos são sempre interessantes, se considerarmos que são feitos para apelar ao sentimento, que por si só contam apenas parte da história (a que interessa) e que muitos são os que só lêem “as gordas” dos jornais.

Falta acrescentar que a notícia, e a fotografia, é do jornal I. 

By me

Café



De manhã é que se começa o dia.

Não precisava era de ser tão cedo!

By me

Linhas da vida



A vida tem destes fenómenos interessantes: Faz cruzar linhas, vindas aparentemente de lado algum, para formar um padrão novo. Umas vezes evolutivo, outras quebrando com tudo o resto.

Há uns dias, numa conversa no trabalho, estava eu a tentar que um novato percebesse a diferença entre regras e fórmulas por um lado e equilíbrio e centros de interesse por outro, e dou comigo a repetir uma frase que há muito não dizia mas que já me cansei de a dizer:
“Se eu souber porquê, sei como”.
Dias depois tropeço num velho mestre, numa daquelas coincidência que a vida tem e as tecnologias ajudam a concretizar. E, nunca nos esqueçamos, um mestre é sempre um mestre, independentemente das voltas que a terra possa dar, merecedor sempre do respeito devido a quem sabe e nos fez o favor de o partilhar connosco.
E, nas poucas palavras que trocámos, atira-me ele uma citação alicerçada num ponto do espaço-tempo bem recuado e esconso:
“Ainda não sei fazer, mas já sei como se faz.”
Hoje mesmo, em fazendo uma consulta em livros que por aqui tenho há mais de vinte anos, os meus olhos deram com um apontamento feito a lápis numa margem, coisa que muito raramente faço. Mas devo ter achado de tal forma importante que tratei de a registar para que nunca me esquecesse. Não era preciso, que está aqui marcada a fogo entre dois neurónios:
“A teoria sem a prática é estúpida, a prática sem a teoria é cega”.


Desde hoje, a meio do dia, que estou a tentar perceber se, na confusão do que sou, sou-o porque acreditei nelas ou se evolui até concordar com elas.

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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Lutas p'lo poder



Vejamos as coisas assim: há uma formação politico-partidária pela qual nutro uma notória alergia de pele.
Não tanto pelos conteúdos programáticos. De uma forma ou de outra, e dentro do conceito e da necessidade (?) de existirem partidos políticos, até que nem desgosto do que têm escrito e dito.
O que não gosto mesmo é das suas práticas públicas. Nem um nico!
E, por aquilo que soube, de algumas das suas práticas não tão públicas mas antes nas esferas do controlo de poder.
Não gosto e não contam comigo de forma alguma, que as práticas são bem mais indicadoras de futuro que textos e discursos bem gizados.
Pois soube agora que esta formação se aliou formalmente a uma outra. Onde conheço gente e, em parte, a sua forma de pensar e de agir.
Lamento-o. Profundamente!
Acredito que aquela da qual tenho tamanha e má opinião tratará de “engolir” aquela que os recebeu, recorrendo às mesmas práticas que demonstra nas ruas e em outros lugares não tão públicos.

São estas jogadas, estas alianças estranhas, estas disputas pelo poder, escondidas ou bem às claras, que me fazem, também, contestar a acessibilidade exclusiva dos partidos políticos ao parlamento.

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Livre e íntimo



É uma daquelas coisas que está mais ou menos na moda: os eventos fotográficos.
Quer seja em espaços confinados, com figurantes, luz e decor pré definidos, quer seja em passeios urbanos ou campestres, juntam-se uns quantos e em grupo vão fazer fotografia.
Claro está que o que trazem é igual entre todos, ou muito igual. Porque as condições são as mesmas (assunto, luz, momento), as perspectivas são copiadas (“Ai tão giro! Também vou fotografar!”), e, na prática, o que aconteceu foi um convívio, eventualmente útil no que toca a aprender coisas e abordagens desconhecidas, mas pouco ou nada criativo.
Nesses eventos, fotografar “é obrigatório”, ficando de parte a questão do “descobrir” o assunto, a empatia com o assunto e modo de abordagem, a criatividade.
Indo mais longe, e como os eventos fotográficos estão na moda, tal como a fotografia está na moda face ao fácil acesso ao equipamento e reprodução, há quem se aproveite das modas para ganhar dinheiro. Criam condições incomuns, pagas, para que se fotografe e quem participe regresse com imagens que, de outro modo, não teria acesso. Mas sem empatia, sem criatividade: todas fotocópias umas das outras, numa sequência fotográfica tão em série como o fazer pasteis de nata.

Essa não é a minha abordagem!
Não quero competir com ninguém nem me preocupo em fazer igual ou diferente de quem quer que seja.
Aquilo que me preocupa, isso sim, é que aquilo que faço reflicta de algum modo aquilo que sinto, o meu estado de espírito, que materialize aquilo que vejo e que a alma me mostra.
Quer seja porque o assunto me surgiu à frente, quer seja porque o imaginei e tratei de organizar coisas e luz para o fotografar.
Exactamente por isso, o acto de fotografar, para mim, é um acto solitário: eu, a câmara, a luz e o assunto. Intimo, numa comunhão real entre mim e o que fotografo e como.
Daqui acontece aquilo que, talvez, tenha acontecido com tantos: passar repetidamente num local e só num dia apetecer fotografá-lo. Ou olhar amiúde para um objecto em casa ou no trabalho e só naquele dia o achar interessante para para ele apontar a objectiva.

Acredito – sei – que há quem se sinta satisfeito com os eventos fotográficos.

Não sei é se preferem a parte do evento se a parte da fotografia.

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