Regular mesmo é eu aqui falar de
fotografia. Diariamente ou quase.
Pois aqui fica um tema que é, talvez, o
mais fotografado: o pôr-do-sol.
Sejamos honestos: mais humidade, menos
poeiras, o pôr-do-sol por si mesmo é igual em qualquer lado. Poderá variar um
nico nas cores e saturações, mas é igual.
Aquilo que nos agrada é, sem sombra de dúvida,
aquilo que vemos em simultâneo com o sol a cruzar o horizonte. A linha d’água,
a cordilheira de montanhas, as nuvens, a paisagem urbana… Gostamos dessas
silhuetas e são elas que registamos junto com as cores e luz.
Mas os registos são, a esmagadora maioria
das vezes, daquilo que está lá longe: o horizonte. E mar é mar, ou montanha é
montanha, ou nuvem é nuvem, não importa onde nem quando (mais ou menos).
Raro é ver-se, nesses pôr-do-sol, algo que
fale de quem fotografe, que localize algures o local de onde o faz. O uso do
primeiro plano, tratado em silhueta tal como o horizonte, é coisa rara de ver
feito. E tanto pode ser vegetação como edifícios, objectos ou mesmo pessoas.
O recurso a um primeiro plano dá, entendo
eu, a noção de lugar, a sensação de profundidade e coloca o espectador no ponto
de vista do fotógrafo.
Costumo dizer, para alguns formandos: “Vamos
espreitar aquilo”. O uso do primeiro plano, mais discreto ou mais presente, põe
o espectador a espreitar o assunto. E coloca-o lá, no ponto espacio-temporal em
que a fotografia foi feita. Pôr-do-sol ou outro.
A diferença semântica entre só o pôr-do-sol
e este com um primeiro plano será, penso eu, qualquer coisa como a diferença
entre um “vejam isto” e um “vejam isto comigo”.
Dependerá de cada um aquilo que quer contar
e mostrar aos outros: se mostrar o prazer que teve em ver aquele pôr-do-sol se
partilhar o prazer que teve em ver aquele pôr-do-sol.
Os meus cinco cêntimos
By me
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