domingo, 19 de julho de 2015

Outra abordagem



Regular mesmo é eu aqui falar de fotografia. Diariamente ou quase.
Pois aqui fica um tema que é, talvez, o mais fotografado: o pôr-do-sol.

Sejamos honestos: mais humidade, menos poeiras, o pôr-do-sol por si mesmo é igual em qualquer lado. Poderá variar um nico nas cores e saturações, mas é igual.
Aquilo que nos agrada é, sem sombra de dúvida, aquilo que vemos em simultâneo com o sol a cruzar o horizonte. A linha d’água, a cordilheira de montanhas, as nuvens, a paisagem urbana… Gostamos dessas silhuetas e são elas que registamos junto com as cores e luz.
Mas os registos são, a esmagadora maioria das vezes, daquilo que está lá longe: o horizonte. E mar é mar, ou montanha é montanha, ou nuvem é nuvem, não importa onde nem quando (mais ou menos).
Raro é ver-se, nesses pôr-do-sol, algo que fale de quem fotografe, que localize algures o local de onde o faz. O uso do primeiro plano, tratado em silhueta tal como o horizonte, é coisa rara de ver feito. E tanto pode ser vegetação como edifícios, objectos ou mesmo pessoas.
O recurso a um primeiro plano dá, entendo eu, a noção de lugar, a sensação de profundidade e coloca o espectador no ponto de vista do fotógrafo.
Costumo dizer, para alguns formandos: “Vamos espreitar aquilo”. O uso do primeiro plano, mais discreto ou mais presente, põe o espectador a espreitar o assunto. E coloca-o lá, no ponto espacio-temporal em que a fotografia foi feita. Pôr-do-sol ou outro.
A diferença semântica entre só o pôr-do-sol e este com um primeiro plano será, penso eu, qualquer coisa como a diferença entre um “vejam isto” e um “vejam isto comigo”.
Dependerá de cada um aquilo que quer contar e mostrar aos outros: se mostrar o prazer que teve em ver aquele pôr-do-sol se partilhar o prazer que teve em ver aquele pôr-do-sol.


Os meus cinco cêntimos

By me

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