Por motivos de
ordem vária, emotivos e de longa dada, não consigo ver ou fazer uma fotografia
destas que não me recorde deste poema. Agora, emotiva e saudosamente.
“Teatro da boneca”,
de Carlos Queirós
A menina tinha os
cabelos louros.
A boneca também.
A menina tinha os
olhos castanhos.
Os da boneca eram
azuis.
A menina gostava
loucamente da boneca.
A boneca ninguém
sabe se gostava da menina.
Mas a menina
morreu.
A boneca ficou.
Agora também já ninguém
sabe se a menina gosta da boneca.
E a boneca não
cabe em nenhuma gaveta.
A boneca abre as
tampas de todas as malas.
A boneca arromba
as portas de todos os armários.
A boneca é maior
que a presença de todas as coisas.
A boneca está em
toda parte.
A boneca encha a
casa toda.
É preciso esconder
a boneca.
É preciso que a
boneca desapareça para sempre.
É preciso matar, é
preciso enterrar a boneca.
A boneca.
A boneca.
By me
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