Nesta minha actividade de photocronista ou
cronophotógrafo acontece recorrer a material de arquivo.
Quer seja porque não tenho a inspiração
suficiente para manter o fluxo que quero, quer seja porque perante um dado
assunto não tenho oportunidade de fotografar o que, o como ou o quando quero,
quer seja porque já tenho de arquivo texto e imagem certas para uma dada situação
da actualidade… certo é que recorro ao arquivo.
O que acaba por ter alguma graça é que são
raras as ocasiões em que a imagem que recupero, feita um ano ou dez anos antes,
não importa, acaba sempre por ser de algum modo alterada.
Um reajuste de enquadramento, uma pequena alteração
de contraste ou de saturação de cor, uma ligeira mudança nas proporções… acabo
quase sempre por usar uma imagem alterada.
Não tenho por demais problemas em o fazer.
No fim de contas a autoria é minha e não estarei a subverter o trabalho de mais
ninguém que não o meu. E o meu trabalho, escrito ou fotográfico, altero-o e
apresento-o como quero e sem ter que prestar contas a ninguém. Excepto a mim
mesmo.
E é frequente, quando o faço, ficar na dúvida
se a alteração acrescenta, diminui, subverte, piora ou melhora o que já está
feito. Chego mesmo ao ponto de ir rebuscar os originais, em busca da que deu
origem àquela que fora trabalhada e usada, para que a alteração surja a partir
da matéria-prima e sem influências do que já fiz.
Há, no entanto, uma circunstância em que não
altero o que já fiz. Será estranho, mas se aquilo que vou usar tiver sido
impresso, a partir de negativo ou de suporte digital, mantenho impoluta e
inalterada a imagem que uso.
Fica agora a pergunta a quem se dê ao
trabalho de ler tudo isto:
Em recorrendo a arquivos, quer seja para
uso na net, quer seja para exposição, quer seja para imprensa, mantêm o que
fizeram, sem ajustes novos ou alterações de fundo, ou assumem que hoje têm
outra visão do vosso trabalho e assumem, como eu, que o que foi feito pode e
deve ser melhorado, considerando que o autor, com o tempo, mudou de estética e
de técnica?
Aceito respostas, se possível justificadas
e honestas.
Nota fotográfica adicional: esta imagem
data dos finais do séc. passado e foi feita com a hoje mais que modesta Olympus
Z3030. E é daquelas que, sendo o seu original digital, me recuso a alterar.
Talvez porque ainda hoje, ao vê-la, tenho exactamente os mesmos sentimentos que
tive então, quando a fiz e usei.
By me
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