domingo, 19 de julho de 2015

O voto



“Então qual é a sua opinião sobre a lista de candidatos do partido PXTM aqui a Bragança?”, perguntou o repórter a um habitante local.
“Não faço a mais pequena ideia!”, respondeu ele. “Nem lhes conheço a cor dos olhos, já que nunca aqui puseram os pés. Isso é gente lá de Lisboa.”

Este diálogo, inventado, é perfeitamente plausível.
Começou a dança dos lugares elegíveis pelos círculos eleitorais, colocando como cabeças de lista gente que se quer no parlamento mas que os eleitores desconhecem. Indo mais longe, que desconhecem os eleitores.
Esta é uma das falhas – graves – da actual lei eleitoral que eu, podendo, alteraria:
Qualquer cidadão que se quisesse candidatar a um lugar político e sujeito a eleição popular deveria estar inscrito como residente e eleitor nesse círculo eleitoral no acto eleitoral equivalente anterior: quatro anos antes.
Isto faria com que, em tese, os candidatos fossem gente do conhecimento dos eleitores e que estes, ao votarem, não apenas estariam a votar numa organização política com um respectivo programa mas, e acima de tudo, nas pessoas que o fariam cumprir. Estariam a votar na sua integridade moral, na sua honestidade, na capacidade de representarem condignamente aqueles que neles confiaram os votos.
Por outro lado faria com que, e também em tese, os eleitos se sentissem mais responsáveis perante os eleitores.


Claro que este sistema de responsabilização recíproca é pouco convidativo num sistema político e governativo em que os cidadãos pouco mais são que matéria-prima eleitoral, descartáveis depois do acto, e contribuintes para o salário dos eleitos.

By me 

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