“Então qual é a sua opinião sobre a lista
de candidatos do partido PXTM aqui a Bragança?”, perguntou o repórter a um
habitante local.
“Não faço a mais pequena ideia!”, respondeu
ele. “Nem lhes conheço a cor dos olhos, já que nunca aqui puseram os pés. Isso
é gente lá de Lisboa.”
Este diálogo, inventado, é perfeitamente
plausível.
Começou a dança dos lugares elegíveis pelos
círculos eleitorais, colocando como cabeças de lista gente que se quer no
parlamento mas que os eleitores desconhecem. Indo mais longe, que desconhecem
os eleitores.
Esta é uma das falhas – graves – da actual
lei eleitoral que eu, podendo, alteraria:
Qualquer cidadão que se quisesse candidatar
a um lugar político e sujeito a eleição popular deveria estar inscrito como
residente e eleitor nesse círculo eleitoral no acto eleitoral equivalente
anterior: quatro anos antes.
Isto faria com que, em tese, os candidatos
fossem gente do conhecimento dos eleitores e que estes, ao votarem, não apenas
estariam a votar numa organização política com um respectivo programa mas, e
acima de tudo, nas pessoas que o fariam cumprir. Estariam a votar na sua
integridade moral, na sua honestidade, na capacidade de representarem
condignamente aqueles que neles confiaram os votos.
Por outro lado faria com que, e também em
tese, os eleitos se sentissem mais responsáveis perante os eleitores.
Claro que este sistema de responsabilização
recíproca é pouco convidativo num sistema político e governativo em que os
cidadãos pouco mais são que matéria-prima eleitoral, descartáveis depois do
acto, e contribuintes para o salário dos eleitos.
By me
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