Ceptro
ou faixa, coroa ou anel, todos são símbolos do poder.
Muito
se luta em torno deles, para os possuir, para os manipular, para lhes por as
mãos em cima e usar o poder que deles advém, nem que seja por uns momentos.
“Mais vale ser rei por um minuto que plebeu toda a vida!”
Alguns
destes símbolos, para além do poder da decisão e de influência que conferem,
obrigam os demais, os súbditos, a vergar a espinha e a beijar a mão de quem
possui o anel.
Mas
“O anel que me deste era de vidro e se quebrou”…
O
poder é efémero e dura tanto quanto o próprio anel. Já não pode timbrar
documentos, já não permite decidir da vida e da morte dos servos, já não
confere a autoridade de cobrar impostos e de cunhar moeda.
Quando
o anel se quebra e a mão se torce, o povo julga.
Não
numa sala e sem togas nem becas. Mas na rua e nos cafés, à hora do jantar ou na
fila da repartição. Julga-se e condena-se. Ao ostracismo, ao ridículo, à ira e
ao desprezo.
Por
vezes ao poste ou à guilhotina. Mas raramente!
Aqueles
que pelo poder passam, actuam a seu bel-prazer, decidindo e executando como
entendem. Mesmo numa democracia, em que supostamente representam o povo, agem e
decidem inconsequentemente. Na pior das hipóteses, é-lhes retirado o anel.
Excepção
feita à opinião e ao julgamento popular.
Mas
depois de o terem exercido, de terem o ego cheio (e algo mais eventualmente),
bem pode o povo julgar, condenar, ignorar, que as suas ilustres nádegas já
estiveram sentadas nas privilegiadas cadeiras, no dedo ficou a marca de tão
brilhante anel.
O
anel muda de mão, de cor ou de forma, mas a luz bruxuleante que atrai os
insectos continua acesa, alimentada pela ingenuidade do povo.
Que
pensa que ao votar está a decidir sobre quem o vai governar.
Alija
a responsabilidade do seu destino sobre uns poucos que se babam alarvemente com
a possibilidade de usar o anel.
E
o anel na mão de uns é uma grilheta no pescoço de muitos. De todos nós.
Que
achamos fácil o entregar as nossas próprias rédeas e nos sujeitamos ao
beija-mão ao poder.
Entre
os servos da gleba de então e a democracia de agora, a diferença está apenas na
ilusão.
E
no formato do anel.
By me
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