quinta-feira, 16 de julho de 2015

Pequenas histórias na noite



É já tarde e faço-me transportar de táxi. Conversa vai conversa vem, que com os taxistas muito se aprende, acabo por saber que me conduz um personagem peculiar.
Nascido no Tajiquistão – sua terra-natal como me fez questão de salientar – possui a nacionalidade Ucraniana. Mas que desde segunda-feira, e apesar de ser de noite, estar de costas e do sotaque senti-lhe o sorriso orgulhoso quando mo afirmou, já é cidadão português.
E se levou tantos anos a consegui-lo foi porque, e para além do tempo legal de residência por cá, esteve à espera que os preços dos documentos no seu país baixassem, porque eram particularmente caros.
Mais conversa disto e conversa daquilo, e perguntei-lhe porque motivo preferira ficar com a nossa nacionalidade, já que o seu país não aceita a dupla nacionalidade e terá que renunciar a ela.
A resposta foi dupla e rápida:
Com a nacionalidade portuguesa a Europa está ao seu alcance, sem fronteiras ou entraves;
Que por já não ter a nacionalidade Ucraniana poderá ir visitar a sua família, mãe incluída.
É que, acrescentou, tendo feito o serviço militar e passado à reserva, pelo facto de o país estar em guerra poderia ser chamado a qualquer momento de novo para as fileiras. E não lhe apetece morrer com uma kalashnikov nas mãos, tendo cá mulher e filhos. Com o passaporte português não o poderão fazer.


Nós por cá queixamo-nos de quê?

By me

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