É já tarde e
faço-me transportar de táxi. Conversa vai conversa vem, que com os taxistas
muito se aprende, acabo por saber que me conduz um personagem peculiar.
Nascido no
Tajiquistão – sua terra-natal como me fez questão de salientar – possui a
nacionalidade Ucraniana. Mas que desde segunda-feira, e apesar de ser de noite,
estar de costas e do sotaque senti-lhe o sorriso orgulhoso quando mo afirmou,
já é cidadão português.
E se levou tantos
anos a consegui-lo foi porque, e para além do tempo legal de residência por cá,
esteve à espera que os preços dos documentos no seu país baixassem, porque eram
particularmente caros.
Mais conversa
disto e conversa daquilo, e perguntei-lhe porque motivo preferira ficar com a nossa
nacionalidade, já que o seu país não aceita a dupla nacionalidade e terá que
renunciar a ela.
A resposta foi
dupla e rápida:
Com a
nacionalidade portuguesa a Europa está ao seu alcance, sem fronteiras ou
entraves;
Que por já não ter
a nacionalidade Ucraniana poderá ir visitar a sua família, mãe incluída.
É que,
acrescentou, tendo feito o serviço militar e passado à reserva, pelo facto de o
país estar em guerra poderia ser chamado a qualquer momento de novo para as
fileiras. E não lhe apetece morrer com uma kalashnikov nas mãos, tendo cá
mulher e filhos. Com o passaporte português não o poderão fazer.
Nós por cá
queixamo-nos de quê?
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário