É frequente
cometermos gafes ou erros sérios por ignorância de parte ou da totalidade dos
factos em causa. Mas também por ignorância da língua que usamos e do que
significa cada uma das palavras que dizemos ou grafamos.
Um bom exemplo é a
confusão existente entre “médio” e “meio”. Demasiadas vezes as tenho ouvido ou
lido, por vezes por gente que não deveria cometer certo tipo de erros, e que,
por as trocar ou usar incorrectamente, conduz a confusões lastimáveis.
Enquanto que “médio”
se refere a quantidades mas com valor aproximado, “meio”, também referindo
quantidades, é bem exacto. Dizer que uma caixa tem “tamanho médio” é dizer que
não é nem grande nem pequena, que fica entre uma coisa e outra. Mas dizer que
essa mesma caixa está “meio cheia” é dizer que está ocupada até metade. Rigor
na avaliação.
Em fotografia
acontece o mesmo: confusão nos termos e nos resultados.
Diz-se, sobre câmaras
de película, que são de “meio formato” ou que são de “meio formato”
indiscriminadamente, pese embora signifiquem coisas bem diferentes.
Quando usamos a
expressão “medio formato” estamos a dizer que não é nem grande nem pequeno o seu
negativo. Referimos câmaras cujo negativo pode ir desde o 6x4,5 e o 6,5x9, com
os clássicos 6x6 e 6x7 pelo caminho.
Bons exemplos
disto são as marcas Mamiya, Hasselblad, Rolei, Pentax, Bronica, Yashica e muitas outras. Diz-se que são
de “meio formato” por o seu negativo ser bem maior que o de 35mm (24x36) e bem
menor que as de grande formato (9x12 e maiores).
Já o “meio formato”,
com o rigor da expressão, indica que é “metade de”. No caso específico, metade
do negativo normal em película de 35mm. O negativo produzido tem 24mm por 16mm,
metade de 24mm por 36mm.
Na imagem junta, o
interior de uma câmara de meio formato. No caso, uma Olympus Pen EED, com uma
objectiva “normal” de 32mm f/1,7. Veio parar-me às mãos em condições invulgares
e nunca tinha usado este modelo. Por aquilo que pude apurar, foi fabricada
entre 1967 e meados dos anos ’80.
Repare-se como a “janela”
do negativo está “estranhamente” tapada por metade, quando comparada com “janelas”
habituais em câmaras de película de 35mm.
A vantagem deste
formato de negativo é o permitir fazer o dobro das imagens num mesmo rolo: 72 exposições,
no lugar de 36. Tratando-se de uma câmara de bolso ou pouco maior, era o ideal
para muitos amadores que a usavam para férias, festas e afins sem se
preocuparem em ter película de reserva. 72 fotografias para duas semanas de férias
eram mais que suficientes.
Tem a desvantagem,
para além do menor tamanho de negativo e consequente menor qualidade para uma
mesma ampliação final, de fazer imagens na vertical, ao invés do habitual. E
isso é coisa de que não gosto muito.
Tal como tem a
desvantagem de implicar, caso se use diapositivos (slides) de haver que usar de
caixilhos com janela menor, o que não era fácil de encontrar. Nem sei se ainda
se encontram no mercado. Já o porta-negativos do ampliador é o habitual.
Porque é que acaba
por ser importante o distinguir bem o “meio formato” do “médio formato”? Bem! A
troca de um termo pelo outro ao pedir um rolo na loja implica forçosamente a
impossibilidade de fotografar na câmara que possuímos.
By me
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