O cenário é um clássico
em Lisboa, tal como a pose.
E sendo certo que
não poderia registar os intervenientes ou mesmo o local do episódio, como se
verá, optei por isto.
Foi na entrada
lateral do jardim da Gulbenkian.
Vinha eu com calma
pelo passeio estreito e veja um agente da PSP dirigir-se a um carro, pequenito,
e dizer pela janela:
“Olhe que tem que
ter cuidado! Já é a terceira vez que bate nesse carro. Devagar, mas bate. Tem
que prestar atenção aos sensores!”
Achei graça à
chamada de atenção e deixei-me ficar.
A conduzir o carro
uma senhora, trintona, com “phones” nos ouvidos, tentava estacionar num lugar,
longitudinal, onde caberiam dois Smarts como o dela. E que ela não estava a
conseguir.
E ainda
acrescentou o guarda:
“Dos auscultadores
já falamos!”
Saiu ela do carro,
fechando-o, e foi falar com ele, já do outro lado da estreita rua. Não sei que
falaram, mas ela afastou-se em passo rápido, como quem vai atrasado para alguma
coisa.
Um homem, que ficara
a ver e ouvir, meteu conversa com o agente. Parte da qual ouvi. E a parte que
ouvi levou-me a lançar umas valentes e sonoras gargalhadas. Seria impossível não
o fazer. Dizia ele:
“Pode ter pouca
experiência, sim senhor, mas o carro onde ela batia é o meu!”
Perguntei-me, em
surdina, muito em surdina, se ele se afastaria do seu posto para assim proteger
qualquer outra viatura que, bem estacionada, fosse assim agredida.
Quando entrei no
jardim, em busca de uma sombra onde digerisse o almoço na companhia de um
livro, ainda me estava a rir.
By me
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