Há uma valente quantidade de anos tive um
desaguisado profissional. Um dos sérios.
No decurso de uma gravação de uma peça de
teatro, a realizadora pediu-me que fizesse um conjunto de imagens truncando
todas elas uma fotografia. Não me recordo já que imagem seria nem de que autor,
mas sei que era conhecida e de um conceituado.
Perguntei se havia permissão para usar a
fotografia e se ela, a permissão, incluía aquelas alterações ao trabalho
original. A resposta foi que não, que não havia.
Tal como a minha resposta foi não: “Não vou
truncar a obra de um fotógrafo, sem que ele saiba que está ser usada e como.”
A discussão foi séria, interrompendo os
trabalhos e fazendo subir o tom de voz. A tal ponto que, ao fim de um pedaço,
veio um companheiro de trabalho substituir-me naquele onde eu estava. E fez o
que a minha consciência me impedia.
Não me foi aplicada nenhuma sanção formal, até
porque não teriam bases legais para tal, mas durante mais de um ano estive
afastado daquele local, que era onde se faziam os trabalhos mais satisfatórios
e de responsabilidade.
Faz muito que a ética rege o meu
comportamento no que concerne à captação de imagem. Seja qual for o suporte e a
forma de divulgação.
E o respeitar a imagem de terceiros, seja a
imagem do seu corpo, seja imagens que produziram, implicando sempre a autorização
para a fazer ou usar, faz parte dos conceitos éticos de que não abdico por
preço algum.
E não me considero colega de ofício ou
companheiro de quem o não respeitar também.
Tal como, sendo certo que nunca entendi a
antiguidade como posto, não aceito que um fedelho, que ainda nem descobriu a
diferença entre profundidade de campo e profundidade de foco, me venha tentar
dar lições de moral e de ética, quando ele mesmo está a captar imagens bem
individualizadas de desconhecidos para uma campanha publicitária e sem
autorização dos próprios.
Chamar-me ele “colega de ofício” foi dos
piores insultos que me fizeram nos últimos anos.
Quanto à fotografia, não corresponde aos
facto relatados, mas é contemporânea dos primeiros.
By me
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