Este é um texto
retirado do Diário de Notícias em 2004 e assinado por Sérgio Barreto Motta.
E a questão que
coloco, e antes ainda que o leiam, é simples: como teremos alguma vez a certeza
de esta estória não continua a repetir-se, com outros protagonistas, no Brasil
ou em Portugal?
Em 1993, a
principal revista semanal brasileira, Veja, publicou uma reportagem que
desmoralizou o então Presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro. Com o
título “Até tu, Ibsen”, a reportagem acusava o deputado de haver movimentado,
ilicitamente, um milhão de dólares no exterior. À época, o nome de Ibsen era
citado como possível candidato à presidência da República.
No entanto,
segundo uma carta do jornalista responsável pela denúncia, Luís Costa Pinto,
pouco antes do fecho da edição o próprio jornalista descobriu o erro que
cometera: a quantia movimentada não era um milhão de dólares mas os
inexpressivos mil dólares. Segundo o depoimento de Costa Pinto, agora publicado
pela concorrente “Isto é”, a “Veja” decidiu não mudar a reportagem e, em vez
disso, foi buscar depoimentos que corroborassem a denúncia. A “Veja” desvalorizou
o facto de poder prejudicar a imagem da vítima, concentrando as suas preocupações
em não ter prejuízo com a suspensão da distribuição, pois a revista já estava
impressa.
De acordo com
Costa Pinto, o então director executivo da empresa, Paulo Moreira Leite, alegou
que alterar a capa já impressa teria um grande custo e, assim, o melhor seria
seguir em frente. A “Veja” publicou então a matéria desajustada da realidade,
que fulminou a carreira de um expressivo deputado. A revista tinha uma tiragem
de 1,2 milhões de exemplares.
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