sexta-feira, 24 de julho de 2015

Livre e íntimo



É uma daquelas coisas que está mais ou menos na moda: os eventos fotográficos.
Quer seja em espaços confinados, com figurantes, luz e decor pré definidos, quer seja em passeios urbanos ou campestres, juntam-se uns quantos e em grupo vão fazer fotografia.
Claro está que o que trazem é igual entre todos, ou muito igual. Porque as condições são as mesmas (assunto, luz, momento), as perspectivas são copiadas (“Ai tão giro! Também vou fotografar!”), e, na prática, o que aconteceu foi um convívio, eventualmente útil no que toca a aprender coisas e abordagens desconhecidas, mas pouco ou nada criativo.
Nesses eventos, fotografar “é obrigatório”, ficando de parte a questão do “descobrir” o assunto, a empatia com o assunto e modo de abordagem, a criatividade.
Indo mais longe, e como os eventos fotográficos estão na moda, tal como a fotografia está na moda face ao fácil acesso ao equipamento e reprodução, há quem se aproveite das modas para ganhar dinheiro. Criam condições incomuns, pagas, para que se fotografe e quem participe regresse com imagens que, de outro modo, não teria acesso. Mas sem empatia, sem criatividade: todas fotocópias umas das outras, numa sequência fotográfica tão em série como o fazer pasteis de nata.

Essa não é a minha abordagem!
Não quero competir com ninguém nem me preocupo em fazer igual ou diferente de quem quer que seja.
Aquilo que me preocupa, isso sim, é que aquilo que faço reflicta de algum modo aquilo que sinto, o meu estado de espírito, que materialize aquilo que vejo e que a alma me mostra.
Quer seja porque o assunto me surgiu à frente, quer seja porque o imaginei e tratei de organizar coisas e luz para o fotografar.
Exactamente por isso, o acto de fotografar, para mim, é um acto solitário: eu, a câmara, a luz e o assunto. Intimo, numa comunhão real entre mim e o que fotografo e como.
Daqui acontece aquilo que, talvez, tenha acontecido com tantos: passar repetidamente num local e só num dia apetecer fotografá-lo. Ou olhar amiúde para um objecto em casa ou no trabalho e só naquele dia o achar interessante para para ele apontar a objectiva.

Acredito – sei – que há quem se sinta satisfeito com os eventos fotográficos.

Não sei é se preferem a parte do evento se a parte da fotografia.

By me 

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