domingo, 12 de julho de 2015

Dez da manhã



Dez da manhã de um domingo que se esperava ser de verão e que está a deixar toda a gente decepcionada.
A estação de caminho de ferro suburbana está quase deserta, talvez por ser domingo, talvez por ser a hora que é: dez pessoas, para além de mim, tentam fazer passar da forma que mais lhes agrada, os quase quinze minutos que faltam para o próximo comboio.
Olhando com atenção, reparo que todos têm a mesma preferência: quer seja lendo, escrevendo ou ouvindo, todos estão a usar um aparelho de bolso que lhe mata o tempo, com ou sem ligação ao resto do mundo.
Há duas excepções: uma senhora que se entretém com uma folha de papel impressa, o que parece ser um horário mensal. Eu sei, eu sou cusco!
O outro sou eu, que vou olhando e fotografando.
Estou mesmo em crer que serei o único que transporta consigo livros.


Pergunto-me se daqui por cem anos os livros ainda farão parte do quotidiano de alguém que não os que cuidam de museus e que, com entusiasmo, explicam às crianças visitantes o como “antigamente” as histórias eram contadas e guardadas.

By me 

Sem comentários: