Dez da manhã de um
domingo que se esperava ser de verão e que está a deixar toda a gente
decepcionada.
A estação de
caminho de ferro suburbana está quase deserta, talvez por ser domingo, talvez
por ser a hora que é: dez pessoas, para além de mim, tentam fazer passar da
forma que mais lhes agrada, os quase quinze minutos que faltam para o próximo
comboio.
Olhando com atenção,
reparo que todos têm a mesma preferência: quer seja lendo, escrevendo ou
ouvindo, todos estão a usar um aparelho de bolso que lhe mata o tempo, com ou
sem ligação ao resto do mundo.
Há duas excepções:
uma senhora que se entretém com uma folha de papel impressa, o que parece ser
um horário mensal. Eu sei, eu sou cusco!
O outro sou eu,
que vou olhando e fotografando.
Estou mesmo em
crer que serei o único que transporta consigo livros.
Pergunto-me se
daqui por cem anos os livros ainda farão parte do quotidiano de alguém que não
os que cuidam de museus e que, com entusiasmo, explicam às crianças visitantes
o como “antigamente” as histórias eram contadas e guardadas.
By me
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