terça-feira, 7 de julho de 2015

O olho de boi





Suponho que já não há quem vá àqueles divertimentos de feira intitulados “a casa dos espelhos”.
Aqueles espaços com tabiques de madeira, ou mesmo de pano, que faziam ecoar cá fora as gargalhadas largadas lá dentro, e em que nunca se sabia bem se o motivo delas seria o próprio se o ou a companheira de diversão perante as deformidades constatadas.
Os gordos feitos magros, os magros feitos gordos, os nem uma coisa nem outra feitos já nem sei em quê… Era o pagode geral e as gargalhadas bem valiam o preço do ingresso.
Hoje…
Hoje qualquer programa de imagem, qualquer app de telemóvel, faz o mesmo. Com a eventual vantagem de ficar o respectivo registo, divulgado via uma qualquer rede social. As risadas da comicidade mantêm-se perante as deformações electrónicas.
Faltam, no entanto, as lágrimas da hilaridade limpas em conjunto à saída, numa salutar convivência, seguidas de um refresco ou de uma ginjinha.

Por vezes, e em memória de outros tempos, recorro aos “olho de boi” ou ao côncavo de uma colher. 

By me

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