Iam à minha frente
no centro comercial e não pude deixar de reparar neles.
Talvez que ainda não
tivessem atingido os vinte anos, de mão dada e bem entrelaçada que dava gosto
ver, roupas não dispendiosas mas escolhidas. Quiçá para o encontro.
Levava ela uma
bolsinha pendurada do ombro esquerdo, o livre. Pequenina, a ponto de nela não
caber a minha câmara de bolso. E levava-a aberta. Escancarada mesmo.
Ainda quis eu
acelerar o passo e avisa-la disso e do risco. Mas não tive coragem para tal. Ir
interromper, com assuntos tão terrenos, aqueles cujos ânimos iam lá tão no alto…
não tive coragem.
Aliás, não tive eu
coragem nem o funcionário de segurança porque quem passaram, que os varreu de
alto a baixo com o olhar. Tenho que partir do princípio que, sendo agente
treinado, terá dado pela bolsa aberta. Mas nada fez ou disse.
Tal como nada
fizeram ou disseram os dois agentes da PSP, apeados, que cá fora garantiam a
segurança dos cidadãos. Também eles, treinados, observaram o casal (que dava gosto
ver) e mantiveram-se no papel de serem vistos e não intervirem.
De igual forma, o
funcionário de segurança, desta feita já na estação, que os observou com a
atenção esperada para um agente de segurança, “se manteve mudo e quedo que nem
um penedo”.
Quando os vi
dirigirem-se para as escadas de acesso aos cais, achei que bastava. Acelerei
mesmo o passo e dei o recado à mocinha, perante o olhar desconfiado dele e o
sorriso de agradecimento dela. Eram, de facto, muito jovens, agora que os via
de frente.
Não partilhámos
cais ou comboio, que os nossos destinos seriam diferentes.
Mas também não
partilhámos da segurança que agentes da ordem pública e privada deveriam
garantir aos transeuntes e utentes das instalações a seu cargo.
By me
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