Recordo uma
historinha de banda desenhada onde, numa cidade do Oeste, acontecem eleições.
O chefe dos “maus”
começa a usar na sua campanha a palavra “ iniquidade”, que rapidamente se
espalha, ficando todos a usá-la a torto e a direito.
Pergunta um dos do
bando ao chefe:
“Mas, afinal, o
que quer dizer iníquo?”
“Não sei.
Encontrei-a no dicionário, é forte e toda a gente gosta. Vê o resultado.”
O mesmo acontece
por cá!
Toda a gente hoje
fala em “corrupção”, tal como ainda não há muito se falava em “estado social”,
e antes disso em “paixão pela educação”, e antes disso…
As palavras são
bonitas, fortes, algumas denunciadoras de escândalos e desvios. Mas de pouco
servem!
São a demagogia
alimentada por quem quer, efectivamente, o poder, mantendo-o ou assaltando-o.
São usadas como arma de arremesso contra os adversários, ditas, escritas e intuídas
quase até à exaustão.
Mas isso de pouco
me importa. Que não são as palavras (que o vento leva) que realmente resolvem
os problemas.
Até porque, e como
terá dito há muito tempo alguém famoso então e hoje, “Que atire a primeira
pedra quem nunca pecou.”
Aquilo que me
deixa mesmo preocupado, e que é a base do que faço e digo, é que não é correcto
entender-se que algumas barrigas são maiores que outras. Nem a minha, passe-se
a comparação.
Não faz sentido
que alguns comam e outros passem fome, não faz sentido que uns riam enquanto
outros choram, não faz sentido morrer-se à porta do hospital, não faz sentido
crianças adormecerem nas salas de aula porque sem pequeno-almoço, não faz
sentido…
Enquanto se não
cumprirem as palavras que estiveram na génese da actual sociedade ocidental –
Liberdade, Igualdade, Fraternidade – todas as palavras serão ocas e inúteis.
Excepto para os
que ambicionam o poder!
By me
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