quinta-feira, 7 de maio de 2015

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Na mesa atrás de mim, ao jantar, um casal que não vi chegar esteve o tempo todo com uma conversa que raiava o racismo e a xenfobia. Já me estava a incomodar, o ter que ouvir tudo aquilo, mas sendo certo que não estavam de facto a agir sobre ninguém, fui tentando fazer de conta que não os estava a ouvir e fui-me concentrando (ou tentando) na escrita de um texto que me estava atravessado desde o fim da tarde.
Quando a empregada, face ao meu pedir de conta, me fez a sacramental pergunta “E quer o número de contribuinte na factura”, respondi-lhe como é meu costume:
“Nãããão!”, acrescentando: “Sabe, a senhora não tem idade para isso. Mas se tivesse andado a fugir à PIDE também não quereria fazer tal coisa: por o NIF numa factura e colaborar com tamanha chibaria.”
Atrás de mim fez-se um silêncio sepulcral, quase que dando para ouvir os relógios, se os tivessem.
Silêncio esse que se manteve, até porque, e além da minha, era a única mesa ocupada, até eu ter cruzado a porta para o exterior.
Não lhes vi a cara de propósito.
É que não me apetece poder entrar em qualquer outro estabelecimento comercial – de restauração ou outro – e recusar a sua proximidade. 

By me

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