O relatado
aconteceu quando eu era fotógrafo de jardim.
E não sei de que
gostei mais: se de ser fotógrafo, se de ser o fotógrafo daquele jardim, se de
ser naquele jardim.
Em qualquer dos
casos, esta história bem que podia acontecer hoje, que quem assim age não escolhe
datas ou anos.
Era uma festinha!
Com bonecos feitos
com balões, castelo insuflável, prendas e lanche. Abrilhantado pelo “Sr. Lino”,
que cantou Kuduro e Kizomba com letra adequada aos presentes. Talvez deva
dizer, em rigor da palavra e do género, das presentes.
Que a festa era
promovida pela organização “Ajuda de mãe”, entidade particular de apoio a
jovens adolescentes, e adultas como me foi explicitado, mães solteiras. Com
fortes dificuldades económicas ou sociais.
E o público era em
consonância: mulheres de todas as idades e cores, algumas absurdamente novas,
todas com crianças de colo ou pela mão. Alguns dos pequenotes com pouco mais
que uns dias de vida. Aliás, e como comentou uma decana Caboverdiana com quem
conversei, tão pequenos e novinhos que havia que ter cuidado em não os pisar,
espalhados que estavam pelas poucas cadeiras de plástico e pelo relvado
contíguo.
Soube do que se
passava porque o perguntei, abelhudo que sou. E quando, um pouco depois, um dos
sócios do quiosque de gelados foi até lá, também movido pela curiosidade, lá
lhe expliquei, acrescentando que era uma causa meritória.
Passada que foi
uma meia hora, mais coisa, menos coisa, eis que vejo dirigir-se àquelas que
pareciam ser as organizadoras a sócia do quiosque. Com um caixote de tamanho
médio que segurava com ambas as mãos.
Falou o que tinha
a falar, deixou o caixote e afastou-se. Com um sorriso para mim e a afirmação,
a uns bons dez metros de distância: “A minha boa acção do dia!”
Não sei se tinha
gelados (talvez não que o calor era muito e pouco durariam), se qualquer outra
guloseima. Mas valeu a pena ver e saber que aconteceu. No Jardim da Estrela.
Viva quem faz e
que possui estes olhos!
By me
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