Um destes dias
necessitei de tomar uma refeição fora de casa. Infelizmente, a isso sou
obrigado com frequência.
Desta feita, e
sendo o tempo um factor decisivo, optei por uma loja fast-food num centro
comercial. Não ia eu na mira de uma refeição, com o prazer da comida incluído.
O meu objectivo era mesmo e só a questão do combustível energético que me
mantivesse activo até à refeição seguinte.
Nos centros
comerciais há muito disso por onde escolher, de acordo com gostos e preferências.
No caso e local específico escolhi um que, não sendo um local de gastronomia requintada,
consegue ser um degrauzito acima de muitos outros.
E, como se isso não
bastasse, tem um atractivo comercial interessante:
A cada refeição
fornecem (ou forneciam) um carimbo num cartão-cliente. A décima refeição é
oferta. Simpático e já tenho aproveitado a coisa.
Acontece que, com
a modernidade e com o intuito de atrair mais clientes, substituíram o cartão
por um sistema electrónico.
Uma “APP”. Em
tempos chamavam-lhe programa, depois executável, abreviaram a coisa e passou a
exe. Agora é aplicação. Que, neste caso, é grátis.
Basta descarregar
da “loja” e na loja, apontar o tetelé ao sensor. Tudo rápido. E o ambiente
agradece, sem papeis ou tintas. E o comerciante agradece, que se gasta menos
tempo. E o cliente fica convencido que está na linha da frente. E está!
Algures no folheto
(hoje chamam-lhe flyer), onde as vantagens do sistema são descritas,
contam-nos:
“Facturas
preenchidas automaticamente com o número de contribuinte que inseriu quando o
seu registo. Uma chatice a menos.”
Fixe! Baril! Do best!
Agora, a pretexto
de ofertas e promoções, ficam com o registo do cliente e transformam-se
automaticamente em bufos do regime. A denúncia passa a inconsciente, como se fosse
o mais natural deste e de todos os mundos o andar cada um a fazer de polícia de
costumes e economia de cada um e de todos os cidadãos.
Eu não o faço!
Em tempos andei a
fugir de bufos, denunciantes e agentes de uma polícia que tudo inspeccionava em
busca dos dissidentes da normalidade e do regime.
Não será agora,
depois de já velho, que irei colaborar. Não enquanto vivo!
Claro que a
alternativa seria fornecer dados falsos aquando do registo. Também esse
expediente me é interdito!
A minha consciência
proíbe-me de andar a mentir, mesmo que em casos destes.
Passei eu a perder
uma refeição grátis a cada dez que ali consumisse. Mas como passei, desde esse
dia, a evitar o local…
By me
1 comentário:
A chatice é que agora a "bufaria" passou a ser legal e obrigatória.
Sim, obrigatória!
Os documentos tem de ter nif e serem valiados no "portal da bufaria financas" para serem aceites na declaração do irs de 2015.
Ou és bufo ou pagas
"E esta heim...???"
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