Com tantos anos a
trabalhar em ambientes com ar condicionado, uma certeza eu tenho: há sempre
gente que não está satisfeita!
Ou porque está
calor, ou porque está frio, ou porque é alérgica, ou porque está vento, ou
porque não está a ventilar… há sempre gente descontente e é raro encontrar um
grupo de meia dúzia no mesmo espaço e de acordo.
Confesso que não
sou muito exigente. Talvez que a camada adiposa me proteja e regule. Mas os
demais queixam-se e estão sempre a ir ajustar o respectivo comando: temperatura
ou ventilação.
Aquela sala e
naquele tempo não era diferente.
O comando era
diferente dos de hoje: uma caixinha na parede, dourada se a memória me não
falha, com um botão redondo de uns quatro centímetros de diâmetro. Rodava-se
para um lado ou para o outro, apontando a marca para a temperatura desejada. E
nunca havia consenso sobre o resultado!
Um dia, um de nós
mais expedito e bem revoltado com os protestos e ineficácia do sistema, jogou a
manápula ao comando e arrancou-o da parede. Assim mesmo: arrancado.
Ficámos todos a
saber o porquê do permanente descontentamento.
Tal como os testes
clínicos a novos medicamentos, também ali havia um placebo: aquela caixa não
estava ligada a coisa alguma, não possuindo fios. Apenas a caixa, comunicando
com coisa alguma.
Não me recordo da
evolução da história. Mas não tenho memória de aquele buraco ter assim ficado
por muito tempo.
As queixas, essas,
continuam hoje como então: muitas e sempre em desacordo.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário