Esta “crise”
resulta de não haver riqueza no país!
Não há riqueza nos
bolsos dos cidadãos nem há riqueza nos cofres do estado. Sendo que esta segunda
só existe quando houver a primeira, quanto menos a primeira, menos a segunda.
É fácil fazer
estas contas.
Podemos então
perguntarmo-nos porque é que não há riqueza.
A riqueza advém da
existência de bens: de comer, de vestir, de habitar (os mais básicos), e da
capacidade de os transaccionar. A isto acrescente-se a possibilidade de fazer
chegar esses bens a quem deles precisa, a capacidade e os conhecimentos de bem
os produzir, o bom estado de saúde que quem os produz…
Claro que a
riqueza advém também da capacidade de se produzirem e comercializarem coisas e
serviços que, não sendo as mais básicas, proporcionam bem estar a quem as usa e
que, sendo produzidas para além do necessário aos produtor, permite
comercializar junto de quem não as tem: automóveis, electrónica de consumo,
turismo…
Nestes últimos
anos, talvez vinte, talvez trinta, temos vindo a descurar a produção dos bens
mais essenciais, os que produzem a riqueza básica: importamos mais que
produzimos em comida, em vestuário, em materiais de construção. Vergados ao
peso de acordos internacionais, temos vindo a incentivar o fecho de explorações
agropecuárias, a abater os navios de pesca, a reduzir a capacidade de produção
mineira… E a incentivar igualmente a aprendizagem de ofícios que, numa
sociedade rica seriam úteis, mas que numa pobre de pouco servem: profissões de
actividades não produtivas de bens (e de riqueza): advogados, historiadores,
politólogos…
Por outras
palavras: perdemos a capacidade de auto-suficiência e passámos a depender quase
que em exclusivo daquilo que outros países produzem e que nos vendem para
riqueza… deles.
Esta alteração da
sociedade e da capacidade de produzir riqueza tem vindo a acontecer aos poucos
desde há uma vintena de anos, mas a passos decididos. Conduzindo-nos ao ponto
em que nos encontramos: incapazes de produzir riqueza e dependentes das boas
vontades exteriores, governamentais ou privadas.
Será então
pertinente perguntarmo-nos quem nos tem levado a esta situação.
Os nomes são
muitos, uns mais públicos, outros mais privados, uns mais odiados, outros cujos
nomes chegamos mesmo a ignorar.
Mas o certo é que
os agrupamentos a que pertencem, pelo menos boa parte deles, são conhecidos.
Pelo menos aqueles cujas decisões ou acatamento de decisões acontecem
supostamente em nosso nome: são partidos políticos com assento na Assembleia da
República, que vão redigindo e aprovando leis que têm vindo a incentivar ou
aceitar a permanente redução da capacidade de produção de riqueza no país.
Na sua essência,
são três partidos políticos que isoladamente ou coligados o têm feito, passando
o tempo cada um deles a atribuir as responsabilidades dos acontecimentos aos
outros.
Mais interessante
ainda é que esses mesmos partidos políticos, e os membros que os constituem,
têm ocupado os diversos cargos porque nós, cidadãos, ao votarmos, é neles que
confiamos: nos agrupamentos e nas pessoas.
Por outras
palavras, fomos nós que os incumbimos de fazer o que fizeram, quer decidindo,
quer acatando as decisões de outros.
Está na altura,
provavelmente, de pormos a mão na consciência e de concluirmos que a situação
que atravessamos é culpa nossa. E que, quando ou se tivermos que tomar
novamente decisões, devemos aprender com o que estamos a viver e as suas
causas.
Chamando pelos
nomes, o exercício da governação tem sido, nos últimos vinte ou trinta anos,
executado pelo PS, PSD e CDS, sozinhos ou coligados. E, com maior ou menor
velocidade, foram estes agrupamentos partidários e os seus membros que nos
conduziram a este ponto. E fomos nós, os cidadãos, que exercendo a Democracia
os escolhemos para tal.
Se em breve
tivermos que escolher gente para remendar este buraco em que nos encontramos,
não nos esqueçamos de quem o criou e alimentou!
E sejamos capazes
de, 2.000 anos passados, demonstrar que já não é verdade o que afirmou um
general Romano ao seu imperador:
“Há, na parte mais
ocidental da Ibéria, um povo muito estranho: não se governa nem se deixa
governar!”
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário