A estória é velha
e já não sei quem ma contou:
Nos tempos em que
nenhuma senhora se atrevia a ir onde quer que fosse sem um chapelinho na
cabeça, esta recebeu um convite-surpresa para uma festa nessa mesma noite.
Aflita por não ter
nada de novo para exibir, foi numa corrida ao que então existia, uma modista de
chapéus, para que lhe fosse feito um, original.
Sentou-a a
especialista numa cadeira e, tirando de um armário um rolo de fita de cetim
colorido, começou a enrolá-lo na cabeça da cliente. Voltas e mais voltas até
que, em acabando, rematou com um alfinete comprido e decorado. E deu o trabalho
por concluído.
A dita senhora,
encantada com a perícia e imaginação, teceu-lhe rasgados elogios e
perguntou-lhe pelo preço. Mas, perante a enorme quantia que ouviu, indignou-se
por ser tanto apenas por um rolo de fita e um alfinete de pechibeque.
A costureira não
se atrapalhou: tirou o alfinete, refez o rolo de fita de cetim colorido e,
prendendo-o com o tal alfinete, entregou-os à cliente, afirmando:
“Minha senhora: a
fita e o alfinete são oferta da casa!”
Vem esta estória a
propósito de um episódio recente:
Num fórum a que
pertenço, veio alguém pedir ajuda sobre um tema premente e que atrapalhava. A
terreiro vieram duas pessoas, eu mesmo e outrem, oferecendo ajuda à medida de
cada um. De graça, de borla, a troco de nada. Apenas porque a vontade de ajudar
existe e porque cada um de nós também sabe o que é estar-se atrapalhado e ter
que pedir ajuda. Que a vida é assim e no âmbito profissional também.
O que me incomoda,
no meio de tudo isto, é a ingratidão de quem pediu ajuda. Passados que são
quinze dias, e sendo que sei que as ajudas disponibilizadas já foram usadas,
não veio a terreiro dar um obrigado.
Não é importante
nem é este e outros casos semelhantes que me, melhor, nos impedirão de
continuar a ajudar quem nos pede e caso possamos ou saibamos como.
Mas é uma boa
forma de definir o que se passa na web: a esmagadora maioria dos seus
utilizadores parte do princípio que esta serve apenas para seu próprio
benefício, sem se preocupar em, para além de consumir os conteúdos
disponibilizados, contribuir com algum tipo de conteúdo ou mesmo retribuir o
que recebe.
Ficam os actos
para quem os pratica!
By me
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