Escolho um livro
ao calhas da estante. Sai-me na rifa o “A tirania da comunicação”, de Ignacio
Ramonet, escrito em 1999.
Também ao calhas o
abro e aponto com um dedo. Eis o parágrafo que a sorte me mostrou:
…
William Randolph
Hearst, o magnata da imprensa Americana que serviu de modelo ao Citizen Kane de
Orson Wells, costumava dizer aos seus jornalistas: “Nunca aceitem que a verdade
vos prive de uma boa história.” Em muitas redacções – até nas mais “honestas”
-, esta máxima parece voltar a estar na moda. Assim, em 7 de Junho de 1998, a
CNN não hesitou em apresentar, de uma forma espectacular, uma reportagem
realizada pelo seu jornalista mais famoso, Peter Harnett, em que se afirmava
que durante uma operação contra os desertores no Laos, no início dos anos 70, o
exército dos estados unidos tinha usado gás Sarin, um gás mortífero. Uma semana
mais tarde, o semanário Time (que pertencia ao mesmo grupo mediático, o
Time-Warner) retomava e desenvolvia a notícia. No entanto, esta viria a
revelar-se falsa. Um relatório provou que Arnett e a sua equipa, tinha empolado
todo o caso a partir de declarações ambíguas de dois veteranos parcialmente
amnésicos. Como se, à partida, os jornalistas tivessem decidido para qual das
versões ia a sua preferência, devido ao seu formato sensacional. Este
comportamento testemunha a tendência actual para “inventar um argumento” para a
realidade, para “encenar” a informação, e força-la a adaptar-se à encenação que
os jornalistas têm em mente. “O que importa neste novo jornalismo – denuncia
Juan Luís Cebrián, antigo director do El Pais -, é que a encenação funcione, e
não que ela esteja de acordo com a verdade”.
…
Dezasseis anos
depois, se excluirmos datas, nomes e locais, está tudo na mesma, ou pior ainda!
By me
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