segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O copo vazio





Tenho para mim que é da maior importância pedagógica a credibilidade do professor ou formador.
Aqueles que estão com ele a aprender têm que acreditar nos que lhes é dito/explicado/demonstrado ou não aprenderão nem metade: apenas decorarão o necessário para obterem boa nota na avaliação.
Esta credibilidade é natural no início dos trabalhos, mas não de grande monta. A menos que o professor/formador seja de já de si de boa reputação.
É seu papel fazer com que ela, a credibilidade, nunca decresça e, pelo contrário, aumente de dia para dia.
Um dos métodos possíveis e que usei para com os alunos ou formandos foi o assumir que não sei tudo.
Na verdade não sei e não vale a pena enganar-me. Mas muito pior que isso é enganar aqueles que confiam em nós para aprender.
Quando acontecia – e muitas foram as vezes que aconteceu – ser confrontado com perguntas ou dúvidas cuja resposta eu não tinha por certa, era garantido que o dizia. “Parece-me ser isto” ou “Tenho a impressão de ser aquilo”, foi a resposta que muitas vezes dei, logo seguido de “Mas vou saber e cedo te responderei”.
E no dia seguinte, ou semana seguinte, tinha a resposta para dar, com a certeza de estar correcta.
A enorme vantagem disto (e para além de eu mesmo aprender aquilo que não sabia ao certo) é que quando eu afirmava inequivocamente algo, isso era aceite por certo, pois eles sabiam que se não fosse eu o diria.
Os alunos ou formandos acreditavam em mim e, com isso, aprendiam mais facilmente e com certezas no seu próprio saber.
Desde muito cedo usei este método e nunca o dei por errado ou falível.

É talvez por isso que tenho em pouca conta aqueles que asseguram tudo saber, sem nunca porem em causa a eventualidade do erro. Mesmo quando confrontados com opiniões contrárias.
Estes, que bem se sabem vender, fazem-no fazendo gato por lebre. E chamo-lhes “Bluf com pernas”.
Conheço alguns, infelizmente. 

By me

Sem comentários: