Ainda
há jornalista e directores com honestidade no que fazem.
No
jornal I de hoje lê-se e é ilustrado desta forma:
O
“Que se lixe a troika” organizou, no último ano, duas das maiores manifestações
das últimas décadas em Portugal, a 15 de Setembro e a 2 de Março. A primeira
manifestação foi convocada e organizada por 28 pessoas, a segunda por 120. Para
o dia 26 de Outubro está a convocar uma nova manifestação, sob o lema “Que se
lixe a troika! Não há becos sem saída!”. Esta convocatória é subscrita por mais
de 650 pessoas, das mais diversas áreas profissionais e quadrantes políticos. O
apelo fala-nos de escolhas simples, “Educação para todos ou só para alguns?”,
“Saúde pública ou flagelo?”, “Transporte público ou gueto?”, “Constituição ou
memorando da troika?”, “Cultura ou ignorância?”, “Pensões e salários dignos ou
miséria permanente?”, concluindo com: “Nós ou a troika?”. Infelizmente, tenho
de ocupar quase metade do artigo de hoje com esta introdução informativa, pela
simples razão de que existe um silenciamento agressivo sobre esta manifestação.
Durante esta semana, alguns dos subscritores da manifestação deram uma conferência
de imprensa, num local em que Passos Coelho discursava, anunciando os mais de
650 subscritores. Os jornalistas estavam lá. Gravaram. Numa televisão passou
como mais um protesto à passagem do primeiro-ministro. Noutros telejornais, a
informação não passou.
Nos
círculos do poder é corrente justificar-se o azar do 15 de Setembro como uma
manifestação que foi levada ao colo pela comunicação social. Como se o facto de
as pessoas serem informadas de um protesto as obrigasse a participar. Isto
motivou que, antes de 2 de Março, Miguel Relvas tivesse uma agenda carregada de
almoços com quem decide para desmotivar veleidades de jornalistas. Mas as
grandoladas correram o mundo. Governo e Presidente da República nunca se
pronunciaram sobre o 2 de Março.
Agora,
o cerco do silenciamento está a apertar. Provavelmente, a esmagadora maioria
não poderá escolher entre manifestar-se ou ficar em casa no dia 26 pela simples
razão de que a informação não lhe chegará.
Tiago
Mota Saraiva
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