E
porque me provocaram, afirmando que é fácil contestar mas que não há ideias
concretas para mudança, eis algumas - em bruto - para que a democracia e o
parlamentarismo se tornassem mais transparentes e participativos.
Faltará,
naturalmente, a vontade dos partidos políticos em as passar para a lei, mas é fácil
o perceber porquê.
Tal
como disse, os partidos, só por si e em exclusivo no acesso ao fazer de leis e
governação, são uma aberração.
Donde,
uma das minhas propostas é que o acesso ao parlamento seja também possível a
cidadãos não alinhados.
Como?
Para além das candidaturas partidárias, a existência de círculos uninominais,
abertos a qualquer um.
Mais
ainda, ninguém se poderia candidatar (autárquicas ou legislativas) por um
círculo (uninominal ou em lista) que não estivesse inscrito nele nas eleições
anteriores. Isto vincularia os eleitos aos eleitores, conhecendo-os e
representando-os.
Indo
mais longe, mensalmente os eleitos teriam que ter debates abertos nos círculos
por onde foram eleitos, frente aos eleitores locais. Aqui poderiam ser questionados
sobre o seu trabalho enquanto gestores da coisa pública e legisladores,
confrontando-os, se fosse esse o caso, com as promessas feitas aquando das
eleições.
Mais
ainda, nenhum eleito poderia ser substituído no cargo sem que no círculo que o
elegeu fosse feita uma efectiva divulgação (imprensa local e edital) do motivo
e de quem o substitui no cargo.
Ainda
dentro da participação dos cidadãos, todas as petições que respeitem a lei para
serem aceites (no parlamento ou nas assembleia municipais) teriam que ser
debatidas em plenário, com a presença de um ou dois dos proponentes para as
defender.
Tal
como nas autarquias e na presidência da República, também no parlamento teria
que haver limite de mandatos, obrigando isto à renovação de idades e pensamento
e fugindo-se a um conservadorismo legislativo, nalguns casos meramente de
presença.
A
aprovação de leis (estruturais ou conjunturais) deveria sempre ser por maioria
qualificada: dois terços dos deputados eleitos e não dos presentes. Levaria
isto as que as diversas sensibilidades presentes no hemiciclo fossem
respeitadas, fugindo-se de uma “ditadura da maioria sobre a minoria”, bem como
ao delegar os actos decisórios.
Tal
como em qualquer empresa, o excesso de faltas não seria “punido” apenas
monetariamente mas ser motivo de despedimento com justa causa. Os eleitos para
gerir a coisa pública não são donos do país mas empregados dele, com direitos e
deveres como qualquer um. Não faz sentido, por exemplo, que baste a palavra de
um deputado ao afirmar que está doente para faltas inferiores a sete dias,
eximindo-se a qualquer atestado médico, quando isso mesmo é exigível a qualquer
cidadão que trabalhe para outrem.
Estas
são algumas das ideias possíveis para que os cidadãos se revejam no sistema que
gere os dinheiros públicos (nossos) e que define preto no branco as regras
pelas quais a sociedade se rege (as leis).
By me
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