Num jornal, o
titulo de uma opinião de um qualquer opinador político é: “O pós-troika exige
consenso entre os partidos”.
Vou deixar de
parte o meu desejo que o “pós-troika” tivesse sido há dois anos e tal. E, da
mesma forma, vou ignorar a minha vontade que ele aconteça hoje. Sabemos que o
passado é imutável e que o presente só se o abanarmos muito.
Mas vou pensar no
implícito deste título: “consenso entre os partidos”.
Sabemos que a
actual situação em que vivemos foi resultado da actuação de partidos políticos:
os que agora estão no poder, que sucederam a outro, que, por sua vez, sucedeu a
este… tem sido uma alternância perfeita.
Sabemos,
igualmente, o descontentamento dos cidadãos com os partidos no poder, seja ele
o executivo, seja ele o legislativo. A grande maioria dos cidadãos alheia-se
deles, alguns votando porque é uma rotina, outros porque é o mal menor face à
lei vigente, muitos nem sequer votando.
A abstenção (e
fazendo um chiste) é o partido mais votado em Portugal, quer seja para o
parlamento, quer seja para a presidência, quer seja para as autarquias. Porque
os portugueses não se revêem no sistema, porque os portugueses não se revêem
nos partidos.
O “pós-troika”
(que por mim teria sido anteontem) exige que o sistema seja revisto, que as
decisões deixem de ser exclusivas de uns quantos membros de organizações
privadas (partidos), onde só acede quem é aceite e onde o líder, enquanto lá, é
dono das decisões e votações parlamentares.
O “pós-troika”
exige que na casa da democracia – o parlamento – estejam presentes todas as
tendências maioritárias. Incluindo os que não se revêem nos sistema partidário.
O “pós-troika”
exige que o parlamentarismo representativo, em que as decisões importantes
ficam exclusivas de uns poucos disciplinados aos partidos, se transforme em
parlamentarismo participativo, onde TODOS os cidadãos possam ter realmente uma
palavra a dizer.
Deixar que seja
uma elite iluminada a decidir sobre a vida e o futuro de nós e dos vindouros é,
além disparate, um crime a longo prazo. Que decidir hoje de que forma os nossos
filhos e netos irão passar fome e trabalhar para satisfação de uns muito poucos
não tem outro nome.
O “pós-toika” tem
que ser ontem. E são os Portugueses que têm que decidir do seu futuro e não uma
mão-cheia de privilegiados às ordens de líderes não eleitos. Nacionais ou não.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário