domingo, 20 de outubro de 2013

De novo o punho



Num jornal, o titulo de uma opinião de um qualquer opinador político é: “O pós-troika exige consenso entre os partidos”.
Vou deixar de parte o meu desejo que o “pós-troika” tivesse sido há dois anos e tal. E, da mesma forma, vou ignorar a minha vontade que ele aconteça hoje. Sabemos que o passado é imutável e que o presente só se o abanarmos muito.
Mas vou pensar no implícito deste título: “consenso entre os partidos”.
Sabemos que a actual situação em que vivemos foi resultado da actuação de partidos políticos: os que agora estão no poder, que sucederam a outro, que, por sua vez, sucedeu a este… tem sido uma alternância perfeita.
Sabemos, igualmente, o descontentamento dos cidadãos com os partidos no poder, seja ele o executivo, seja ele o legislativo. A grande maioria dos cidadãos alheia-se deles, alguns votando porque é uma rotina, outros porque é o mal menor face à lei vigente, muitos nem sequer votando.
A abstenção (e fazendo um chiste) é o partido mais votado em Portugal, quer seja para o parlamento, quer seja para a presidência, quer seja para as autarquias. Porque os portugueses não se revêem no sistema, porque os portugueses não se revêem nos partidos.
O “pós-troika” (que por mim teria sido anteontem) exige que o sistema seja revisto, que as decisões deixem de ser exclusivas de uns quantos membros de organizações privadas (partidos), onde só acede quem é aceite e onde o líder, enquanto lá, é dono das decisões e votações parlamentares.
O “pós-troika” exige que na casa da democracia – o parlamento – estejam presentes todas as tendências maioritárias. Incluindo os que não se revêem nos sistema partidário.
O “pós-troika” exige que o parlamentarismo representativo, em que as decisões importantes ficam exclusivas de uns poucos disciplinados aos partidos, se transforme em parlamentarismo participativo, onde TODOS os cidadãos possam ter realmente uma palavra a dizer.
Deixar que seja uma elite iluminada a decidir sobre a vida e o futuro de nós e dos vindouros é, além disparate, um crime a longo prazo. Que decidir hoje de que forma os nossos filhos e netos irão passar fome e trabalhar para satisfação de uns muito poucos não tem outro nome.
O “pós-toika” tem que ser ontem. E são os Portugueses que têm que decidir do seu futuro e não uma mão-cheia de privilegiados às ordens de líderes não eleitos. Nacionais ou não.


By me

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