Entro
numa tabacaria.
Eu
sei! Eu sei que era uma tabacaria de um centro comercial. Mas, na zona em que
me encontrava, não havia outro local que vendesse o que procurava. E pedi-o:
“Uma
lata de tabaco e uma caixa de tubos, por favor”
Habituei-me,
pela satisfação de usar o que me sai das mãos e pelo preço (muito mais em
conta) a comprar assim e enchê-los em casa.
Escolhidas
marcas e quantidades e pago o que me foi pedido, uma vez mais tive que afirmar
aquilo que já me cansa dizer:
“Não
quero o saco de plástico, obrigado.”
Ficam
em regra, a olhar para mim, como se tivesse acabado de dizer uma enormidade,
mas eu explico direitinho:
“Se
me der um saco, em chegando a casa vou deitá-lo fora. Para quê, então, fazer
lixo? O problema dos resíduos não é o que fazer com eles mas antes começar por
não os produzir desnecessariamente.”
E
completo o discurso, que é sério sobre um assunto sério, com uma brincadeira.
Metendo
a mão no bolso de trás do colete, retiro e exibo o que aqui se vê, declarando:
“Não
são só os políticos. Também eu tenho um saco azul!”
As
caras passam de sérias a sorrisos, por vezes a gargalhadas. E há sempre, de um
lado ou do outro do balcão alguém que acrescenta algo, ou p’la piada ou sobre o
tema, que sério é.
A
minha vitória diária é, para além dos sorrisos grátis, ter oportunidade ver
alguém do lado de cá a recusar o saco, mesmo que já com compras no interior.
Este
é o meu terceiro saco azul. Os outros dois, de tanto transportarem (de artigos
de supermercado a livros, passando p’lo tabaco, casaco p’ra chuva e o que mais
me apeteceu e deu jeito) gastaram-se.
O
certo é que, não sendo eu político eleito ou candidato a tal, também tenho um
saco azul.
By me
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