sábado, 26 de outubro de 2013

Democracia??



Defendo desde há muito que o acesso à Assembleia da República ser exclusivo de partidos políticos é, de alguma forma, a negação da Democracia.
Mesmo que tenha esse nome. Mesmo que se tenha justificado no tempo o assim ter sido legislado.
Os partidos políticos são entidades privadas, ao interior dos quais só se acede se for aceite. E só é passível de ser eleito quem cada um dos partidos assim o entender.
Os deputados têm maior vínculo disciplinar ao partido a que pertencem que ao Povo que os elegeu.
Para quem tenha dúvidas de que assim é, veja-se este caso recente, publicado no jornal I. E acontecendo numa organização partidária com a qual não simpatizo, entenda-se.



O voto contra de Rui Barreto foi uma quebra da disciplina de voto do grupo parlamentar e violou o acordo de Governo estabelecido entre PSD e CDS-PP
O Conselho Nacional de Jurisdição do CDS-PP aplicou hoje ao deputado eleito pela Madeira Rui Barreto a pena de cinco meses de suspensão do partido por ter votado contra o Orçamento do Estado para 2013.
“O Conselho de Jurisdição do CDS aplicou ao militante Rui Barreto a pena de suspensão do partido de cinco meses”, disse fonte do partido à agência Lusa.
Segundo o acórdão, “dúvidas não subsistem de que o militante infringiu a disciplina partidária de forma consciente e deliberada, violando as normas dos estatutos a que estava obrigado, numa matéria de especial relevância política, com graves consequências para a imagem do partido”.
O documento reconhece, contudo, que “em defesa do participado [Rui Barreto] não pode deixar de se valorar as circunstâncias de caráter político da região de onde provém, designadamente, a deliberação da comissão política regional da Madeira”.
No dia da aprovação final global do Orçamento do Estado para 2013, Rui Barreto invocou o mandato que a estrutura regional do partido lhe deu e a "enorme desilusão" da discussão na especialidade para justificar o seu voto contra.
"Eu tenho consciência e também tenho um mandato da comissão política regional do CDS-PP. Portanto, essa é uma matéria do foro interno do partido e que eu devo respeitar e aguardar serenamente", afirmou na altura aos jornalistas, na Assembleia da República.
O parlamentar referiu a "enorme desilusão do processo orçamental", apesar de os deputados do CDS se terem "empenhado fortemente", considerando que "o que se conseguiu foi manifestamente pouco".
Rui Barreto sublinhou ainda que o seu voto contra o Orçamento não era contra o grupo parlamentar do CDS nem do PSD, nem contra o Governo.
O voto contra de Rui Barreto foi uma quebra da disciplina de voto do grupo parlamentar e violou o acordo de Governo estabelecido entre PSD e CDS-PP.
No passado sábado, o líder do CDS-PP/Madeira, José Manuel Rodrigues, declarou que os centristas da região não podem dar o seu aval à proposta de Orçamento do Estado para 2014, que classificou como restritiva, inconsequente e injusta.
“O CDS da Madeira, que esteve contra o Orçamento para 2013 por não concordar com o brutal aumento de impostos, não pode agora dar o seu aval a um Orçamento para 2014 que não só mantém o nível de impostos, nomeadamente o IVA do turismo e da restauração, como ainda procede a cortes injustos nos salários dos funcionários públicos a partir dos 600 euros”, disse José Manuel Rodrigues.
O dirigente partidário adiantou que, como fez com o Orçamento de 2013, o deputado do CDS eleito pela Madeira votará “pondo os interesses da Madeira e de Portugal acima de qualquer interesse partidário ou governamental”.
Face à possibilidade de Rui Barreto arriscar mais um processo disciplinar, José Manuel Rodrigues, que presidiu à reunião da comissão política regional, respondeu na ocasião: “Estamos aqui para assumir as responsabilidades dos nossos atos.”

Artigo e imagem: Jornal I


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