Apeteceu-me, prontos.
Não é frequente mas hoje apeteceu-me.
Depois de sair do
trabalho, e já na zona onde haveria de embarcar para casa, apeteceu-me algo de
doce. Poderia ser um bolo ou algo de equivalente, mas apeteceu-me. E não
havendo nenhum motivo para não satisfazer tal vontade, fui ver onde a poderia
acalmar.
O único local que
vendia algo que servisse o meu apetite era um supermercado de conveniência. Não
é, certamente dos locais mais baratos, mas era o disponível.
Não tinha bolos.
Pelo menos nenhum apelativo. Mas tinha um expositor com chocolates e fui olhar.
Olhei, olhei,
olhei, e acabei por escolher este. Pequei nele e dirigi-me ao balcão para
pagar. Diz a vendedora:
“Não quer levar
antes este? De brinde ainda leva este outro e um bilhete grátis para o cinema.”
E estendeu-me um conjunto que tinha no expositor do balcão.
Olhei para o que
me propunha.
Não era a mesma
marca, não continha o mesmo tipo de chocolate, o de brinde nada em nada se
parecia com os dois…
“Mas não é a mesma
coisa, pois não?” perguntei com ar inocente.
“Não, mas é mais
barato e tem brindes.”
“Ah! Mas não é
fabricado no mesmo sítio, pois não?”
“Não, mas…”
“Nem tem avelãs,
como este, pois não?”
“Pois não tem, mas…”
“Então muito
obrigado, mas levo este que escolhi.” E estendi-lho.
Ao lado, a coisa
de um metro, um velhote com ar de quem está a dar uso ao tempo livre da
reforma, magra, comentou em tom lamurioso: “E ainda levava um bilhete de cinema…”
Paguei e saí, sem
muita vontade de ali voltar, por muito conveniente que seja uma loja de conveniência.
Pergunto-me que
negócio me proporia ela se aquilo fosse uma agência de viagens e eu tivesse
pedido um bilhete de avião para São Francisco. Talvez que uma primeira classe
no Sud Express para Paris, quem sabe? Com direito a couchette e refeição
completa a bordo.
By me
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