quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A crise e a sociedade de consumo



Apeteceu-me, prontos. Não é frequente mas hoje apeteceu-me.
Depois de sair do trabalho, e já na zona onde haveria de embarcar para casa, apeteceu-me algo de doce. Poderia ser um bolo ou algo de equivalente, mas apeteceu-me. E não havendo nenhum motivo para não satisfazer tal vontade, fui ver onde a poderia acalmar.
O único local que vendia algo que servisse o meu apetite era um supermercado de conveniência. Não é, certamente dos locais mais baratos, mas era o disponível.
Não tinha bolos. Pelo menos nenhum apelativo. Mas tinha um expositor com chocolates e fui olhar.
Olhei, olhei, olhei, e acabei por escolher este. Pequei nele e dirigi-me ao balcão para pagar. Diz a vendedora:
“Não quer levar antes este? De brinde ainda leva este outro e um bilhete grátis para o cinema.” E estendeu-me um conjunto que tinha no expositor do balcão.
Olhei para o que me propunha.
Não era a mesma marca, não continha o mesmo tipo de chocolate, o de brinde nada em nada se parecia com os dois…
“Mas não é a mesma coisa, pois não?” perguntei com ar inocente.
“Não, mas é mais barato e tem brindes.”
“Ah! Mas não é fabricado no mesmo sítio, pois não?”
“Não, mas…”
“Nem tem avelãs, como este, pois não?”
“Pois não tem, mas…”
“Então muito obrigado, mas levo este que escolhi.” E estendi-lho.
Ao lado, a coisa de um metro, um velhote com ar de quem está a dar uso ao tempo livre da reforma, magra, comentou em tom lamurioso: “E ainda levava um bilhete de cinema…”
Paguei e saí, sem muita vontade de ali voltar, por muito conveniente que seja uma loja de conveniência.


Pergunto-me que negócio me proporia ela se aquilo fosse uma agência de viagens e eu tivesse pedido um bilhete de avião para São Francisco. Talvez que uma primeira classe no Sud Express para Paris, quem sabe? Com direito a couchette e refeição completa a bordo. 

By me

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