quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Devaneios outonais



O Outono tem destas coisas!
É uma estação de transição, entre o estio (sim, eu disse estio!) e a época tempestuosa.
A maioria de nós entende-o como tal: transição. Ou, de outra forma, uma estação de início de coisas novas.
A sociedade em que vivemos, consumista porque nos imposto, entende esta época como a de renovar guarda-roupa. Afinal, vem aí o Inverno, com o seu frio e chuva, e o que se usava no ano passado ou já saiu de moda ou já está gasto ou, pior que tudo, já estamos fartos de as usar ou ver. E é ver o pessoal, nas suas rotinas matinais de casa para o trabalho, com casacos novos, sapatos novos, guarda-chuva novos… ou, em alternativa, a darem nas vistas por não serem novo: as botas já estão cambadas, as varetas desalinhadas, as mangas coçadas…
Interessante de ver como isto é verdade é com a gente nova, estudantes adolescentes, como exibem com orgulho as mochilas novas, as sapatilhas novas, até os “phones” novos, partilhando-os com os companheiros, entre o sair de casa e o chegar à escola.
Acima de tudo isto, a contagem de tempo mantém-se: nunca há minutos velhos, nem atrasos antigos. Os relógios continuam, inexoráveis, a mostrar que o que agora já foi futuro e será passado. Pior ainda, sempre exibidos nos locais certos para que, mesmo com a mudança de estação, mesmo com atavios e extras da moda, mesmo com novidades d’orgulho, se mantenha a velha rotina de manter o ritmo da carneirada, de irem todos, ao mesmo tempo p’ro trabalho ou escola, de serem sempre iguais na diferença individual e da moda.
Foram mais longe, os ideólogos da moderna sociedade de consumir e obedecer: espalharam, em tudo quanto é lado, as vigilâncias. Bem visíveis, as mais delas.
Dizem-nos, e acreditamos, que é para nossa segurança. Mas o verdadeiro objectivo destes olhos mecânicos, mais que verem, é serem vistos. Para que saibamos, a todo o momento, que há que seguir as regras e o pastor, não desalinhando do carreiro definido, nem cometendo o supremo pecado de não ser obediente, venerando e obrigado.


O problema das regras e das morais é que são sempre as morais e as regras dos outros!

By me

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