O Outono tem
destas coisas!
É uma estação de
transição, entre o estio (sim, eu disse estio!) e a época tempestuosa.
A maioria de nós
entende-o como tal: transição. Ou, de outra forma, uma estação de início de
coisas novas.
A sociedade em que
vivemos, consumista porque nos imposto, entende esta época como a de renovar
guarda-roupa. Afinal, vem aí o Inverno, com o seu frio e chuva, e o que se
usava no ano passado ou já saiu de moda ou já está gasto ou, pior que tudo, já
estamos fartos de as usar ou ver. E é ver o pessoal, nas suas rotinas matinais de
casa para o trabalho, com casacos novos, sapatos novos, guarda-chuva novos… ou,
em alternativa, a darem nas vistas por não serem novo: as botas já estão
cambadas, as varetas desalinhadas, as mangas coçadas…
Interessante de ver
como isto é verdade é com a gente nova, estudantes adolescentes, como exibem
com orgulho as mochilas novas, as sapatilhas novas, até os “phones” novos,
partilhando-os com os companheiros, entre o sair de casa e o chegar à escola.
Acima de tudo
isto, a contagem de tempo mantém-se: nunca há minutos velhos, nem atrasos
antigos. Os relógios continuam, inexoráveis, a mostrar que o que agora já foi
futuro e será passado. Pior ainda, sempre exibidos nos locais certos para que, mesmo
com a mudança de estação, mesmo com atavios e extras da moda, mesmo com
novidades d’orgulho, se mantenha a velha rotina de manter o ritmo da
carneirada, de irem todos, ao mesmo tempo p’ro trabalho ou escola, de serem
sempre iguais na diferença individual e da moda.
Foram mais longe,
os ideólogos da moderna sociedade de consumir e obedecer: espalharam, em tudo
quanto é lado, as vigilâncias. Bem visíveis, as mais delas.
Dizem-nos, e
acreditamos, que é para nossa segurança. Mas o verdadeiro objectivo destes
olhos mecânicos, mais que verem, é serem vistos. Para que saibamos, a todo o
momento, que há que seguir as regras e o pastor, não desalinhando do carreiro
definido, nem cometendo o supremo pecado de não ser obediente, venerando e
obrigado.
O problema das
regras e das morais é que são sempre as morais e as regras dos outros!
By me
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