Há
uns anos, não muitos, aconteceu-me algo que quase me conseguiu tirar o sono por
antecipação. Quase.
Fui
abordado por uma colega que queria fazer comigo um programa de rádio. Bolas! A
minha vida é a imagem, de todas as formas e feitios. Agora rádio?!
Pior
ainda: queria ela fazer-me uma entrevista (uma hora) sobre fotografia: o meu
percurso, a actividade lectiva, o projecto “Old Fashion” e a sua gratuitidade,
as minhas preferências…
Fiquei
siderado! Como raio se fala de fotografia, imagem por excelência, num meio que
prima p’la ausência de imagem? Fiquei “abananado”!
Acabou
por ser particularmente fácil. Não apenas é um campo que me apaixona e sobre o
qual, se me não calarem, fico a falar horas a fio, como ela sabia bem do ofício
e conduziu a entrevista magnificamente. Perdi todo o acanhamento ao fim de dez
segundos.
A
última pergunta, no entanto, deixou-me quase sem saber que responder: preferências
musicais. Afinal, era um programa de rádio.
Ainda
que goste de música, não é normal procurá-la. Falha minha, eu sei.
Mas
lá falei deste ou daquele autor ou intérprete de que gosto e cujos discos vou
buscar quando deles sinto falta.
Um
deles, infelizmente, é pouco conhecido: Bau. Quando encontro à venda algo dele
trato de trazer sem questionar.
Foi
com prazer que, quando ouvi a emissão, lá estava a fechar uma das minhas
preferidas.
É
a ele que recorro, sonoramente, quando estou numa encruzilhada criativa (imagem
ou palavras); é a ele que vou pedir um pouco de tranquilidade sonora, quando
chego a casa com a cabeça mais que cheia e eruptiva; são dele as únicas três músicas
que alguma vez quis mesmo ilustrar visualmente. Ainda não tive a oportunidade.
São
dele os acordes e dedilhar que agora mesmo oiço.
Sugiro
que procureis o seu trabalho.
Esqueçam
lá as nets e os downloads: passem por uma loja e tragam todo um álbum, qualquer
um. E, em chegando a casa, ponham-no a tocar, com toda a amplitude tonal, dos
estridentes aos baixos profundos. Com qualidade auditiva.
Encostem-se
e deixem-se levar na viagem que ele vos proporcionará.
Na
imagem, a capa do álbum que agora oiço.
By me
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