É
sabido que as ideias são como as cerejas: vêm umas atrás das outras.
Salto
da cama na hora prevista, vejo e faço este registo.
E
a primeira coisa que me veio à cabeça, ainda antes de ir buscar a câmara foi
uma velha expressão: “Saiu-me tudo branco!”
Acredito
que muitos não saibam o seu significado. Refere-se ela a cautelas de lotaria. E
uma cautela, ou bilhete, “em branco” é uma cautela sem prémio. Gastou-se o dinheiro
e recebeu-se nada em troca.
Mas
a cabeça foi um nico mais longe e veio uma outra expressão mais violenta: “Cheque
em branco”. Logo de seguida de uma outra ainda pior: “Passar um cheque em
branco”:
E
é isso que tem vindo a acontecer nos últimos vinte e muitos anos: passar
cheques em branco a negociantes da banha da cobra, que tudo prometem mas que
pouco, se algo, cumprem. Ficando, muito naturalmente, com o cheque que ia em
branco preenchido com os valores que eles entendem lá escrever.
E
esse cheque, que foi entregue em branco e de boa fé, é-nos sacado daquela conta
a que chamamos vida. Conta que não podemos fechar e cheques que não podemos
cancelar.
Está
mais que na altura de dizer basta aos trapaceiros que tudo atropelam por um
lugar no poleiro!
E,
sendo certo que não é viável recuperar o que nos tem sido roubado, garantir que
não há mais cheques em branco e repor o saldo positivo na conta.
By me
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