Há sensações que
nada têm de novo, mas que são sempre divertidíssimas:
Estar num local
mais ou menos concorrido, sem mais que fazer que não o esperar e deixar que os
olhos se prendam em algo fotografavel. E ir registando sem outro objectivo que
não o capturar alguma luz diferente ou alguma perspectiva desconhecida. Mesmo
que seja o chão da plataforma.
O constatar os
olhares franzidos de quem passa ou está é sempre uma diversão acrescida. Que não
entendem que o prazer pode estar mesmo ali, a nossos pés, e não forçosamente lá
longe, onde os olhos mal alcançam.
A vitória final
acontece quando, um pouco mais tarde, um dos sobrolhos franzidos acaba por
ficar sentando a nosso lado, na lombriga de ferro que nos transporta aos nossos
destinos. Numa vã tentativa de usar de discrição, fica a espreitar por cima do
nosso ombro o rever das imagens no pequeníssimo ecrã da câmara. O franzido da
testa mantêm-se, mas o descido das sobrancelhas transforma-se em arqueado.
P’la minha parte,
o que era um sorriso interior exibe-se agora, ainda que discreto. E, de
vingança, rodo ligeiramente a câmara, para que possa ver melhor.
Fico com a esperança
de ver um dia aquela mesma mocinha numa estação de caminho de ferro a apontar a
sua objectiva para onde não parece haver nada de interessante.
By me
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