Boa parte da
população portuguesa pouco sabe sobre o que se comemora na próxima quarta-feira.
Sabe que se trata
da revolução de Abril, que foi em 1974, que terminou com o regime ditatorial e
com a guerra e com a censura e com a polícia política e que permitiu pensar e
dizer… Mas sabe-o por ouvir contar a quem o viveu. Não tem culpa de tal, já que
seriam muito novos, se acaso fossem nascidos. Porque, afinal, 38 anos é uma
vida, mais que uma vida para muitos.
Mas aquilo que as
artes e as letras, bem como os historiadores e demais investigadores, não têm
contado é o espírito dos tempos que se lhe seguiram!
Com muitas
asneiras e erros pelo caminho, com faltas de alguns bens essenciais, com
aproveitamentos de toda a ordem e pressões não muito claras ainda hoje, a
verdade é que os cidadãos queriam construir o seu futuro. Com as suas mãos!
E no meio das
vicissitudes de então, havia uma alegria no ar, uma vontade de fazer, um
constante ouvir “Então e se fizéssemos isto? Bora lá!” e as mangas
arregaçavam-se e algo acontecia. E, apesar das dificuldades endócrinas e
exógenas, encontravam-se sorrisos e alegria a cada esquina. O entusiasmo era a
tónica dominante!
Hoje, quem quer
que se passeie em Portugal, vê semblantes carregados, olhares postos no chão,
cores escuras e uniformes. E os comportamentos centrados nas actividades e
vidas de cada um, ignorando ou fazendo por ignorar o que acontece fora do
circulo mais fechado das suas vivências. Poucos são os que dão de si e do seu
tempo para construir o amanhã da sociedade e, no lugar de se ouvir “Vamos
fazer!” ouvimos tão só “Eles têm que fazer!”
É um muro de
indiferença, é um alijar de responsabilidades, é um comprar resultados feitos.
E as culpas caiem sempre em cima dos outros, esquecendo-se cada um de cumprir a
parte que lhes cabe no colectivo que somos.
Porque se “O povo
é quem mais ordena!”, é também ele quem constrói! Quando não, continuaremos num
cinzentismo emparedado, numa mera antecipação da tumba que nos espera!
By me
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