Talvez que seja
por ter vivido em plena adolescência a revolução da Abril e ter aprendido,
acreditado e praticado que o futuro está nas nossas mãos.
Talvez que seja
por ter crescido na fotografia a ver os trabalhos dos Mestres e a tentar saber
como e porquê faziam eles o que fizeram.
Talvez porque um
dos meus próprios Mestres fosse um sério defensor que os automatismos são
feitos pelo Homem e que temos que ser nós mesmos a interpretar aquilo que
outros programaram.
Ou talvez tenha a
ver apenas com o meu mau feitio e não gostar que me imponham metodologias e
formas de pensar.
Em qualquer dos
casos, em fotografia (tal como em tudo o resto na vida) desde que me conheço
que sou apologista que devemos pensar antes de fazer, mesmo que não saibamos
que estamos a pensar.
E sendo que a
fotografia é a escrita com a luz, há que saber interpretar a luz que usamos
para escrever ou, por outras palavras, há que saber medir e ajustar a luz em
função do que queremos registar.
Os fabricantes de
câmaras, desde que o puderam fazer, incorporam medidores de luz e automatismos
para regular a exposição fotográfica. São óptimos sistemas para as fotografias
banais e óptimos auxiliares para quem queira ir um pouco mais longe. Mas há que
saber interpretar as informações e indicações que nos dão esses automatismos.
Por mim, e desde
que possa e tenha oportunidade para tal, gosto de fazer medições específicas,
tanto incidente quanto reflectida, de modo a poder antecipar na medida do possível
o resultado final.
Para tal tenho a
panóplia completa dos diversos sistemas de medição de luz: contínua ou instantânea,
reflectida de grande grau ou pontual, incidente, cor da luz… Aos bocadinhos,
que o dinheiro nunca abundou, tenho vindo a adquirir os diversos aparelhos
medidores. Sempre em situações de negócio de ocasião.
Ontem acrescentei
um que me faz dar um salto qualitativo em diversos aspectos.
Num só aparelho,
junto três funções: luz incidente, luz reflectida pontual e medidor de luz de
flash. Com o acréscimo de algo que não tinha: luz reflectida pontual para
flash.
Ganho no peso, no
espaço e na operacionalidade. E numa função extra que me fez falta por diversas
vezes. E comprado quase que ao preço da chuva, numa loja de artigos usados. Aliás,
mais em conta que a chuva, quer rara que ela agora está, tem um valor
particularmente alto.
Põe-se agora
aquela pergunta vital: passo eu a fazer melhores fotografias com este aparelho?
Claro que não!
A qualidade do que
fazemos depende muito mais das capacidades que temos que do material que
usamos. Estes apenas ajudam, simplificam as tarefas e permitem aumentar o rigor.
Mas se não
soubermos tirar partido das ferramentas, se não soubermos interpretar os
resultados das medições, se não soubermos imaginar a imagem final ainda antes
de premir o botão, tanto faz ter um aparelho destes como restringirmo-nos ao “japonês
inteligente” que reside nas nossas câmaras.
Em qualquer dos
casos, mesmo que não faça melhores fotografias, terei um pouco mais de prazer
no fazê-las, coisa que é parte integrante e vital em todo o processo fotográfico.
Como em tudo o
mais na vida.
Texto e imagem: by me
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