Desta imagem
restam ainda na minha posse:
O chapéu, junto
com todos os outros. Por uma questão de hábito, nunca os deito fora quando os
reformo. Idem quanto ao colete.
O punho anatómico
da mão esquerda e o respectivo cabo disparador. Não lhes dou uso, que são específicos
da câmara Linhoff, mas estão ali guardadinhos numa gaveta.
A unidade de
flash. Sempre pronto a disparar, o seu número guia de 45 era, e ainda hoje é,
um bom recurso para espaços grandes ou controlo de contraste diurnos.
O fotómetro, que
me está pendurado do pescoço, sempre fiel e rigoroso, cujo contacto na mão é
instintivo e reconfortante nas certezas do que fiz e faço.
Um pouco mais
recente mas impoluta, a saudade de ter nas mãos esta câmara ou equivalente.
Dir-me-ão que a
pouca practicabilidade de todo o conjunto, aliado ao facto de, caso usasse o
chassis de 120, ter apenas 8 imagens para fazer antes de mudar de rolo (se fosse
em película rígida 6,5x9 seria apenas uma por chassis), tornavam todo o
processo de fazer uma fotografia moroso, pesado e complexo. Certo!
Mas é também daí
que advém a prática das certezas, da composição, exposição, momento. Cada
imagem, assim feita, é realmente única e irrepetível.
A disciplina
interior que daí resulta é bem mais difícil de obter com o hiper facilitismo do
digital. Não digo, bem longe disso, que a facilidade de manuseio dos actuais
sistemas de captura de imagem sejam piores que então. Nem pouco mais ou menos. Aquilo
que hoje se poupa em esforço físico, tempo e custos pode ser (e é-o tantas
vezes) canalizado para a criatividade. Mas parece-me ser mais difícil chegar à
disciplina interior e às certezas a que estes métodos e equipamentos antigos obrigavam.
Ainda tenho a
esperança de um dia perder o amor as umas lecas valentes e voltar a fotografar
desta forma. Se outros motivos não houver, só para me certificar que ainda sei
e sou capaz.
By me
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