sexta-feira, 13 de abril de 2012

Arqueologias




Desta imagem restam ainda na minha posse:
O chapéu, junto com todos os outros. Por uma questão de hábito, nunca os deito fora quando os reformo. Idem quanto ao colete.
O punho anatómico da mão esquerda e o respectivo cabo disparador. Não lhes dou uso, que são específicos da câmara Linhoff, mas estão ali guardadinhos numa gaveta.
A unidade de flash. Sempre pronto a disparar, o seu número guia de 45 era, e ainda hoje é, um bom recurso para espaços grandes ou controlo de contraste diurnos.
O fotómetro, que me está pendurado do pescoço, sempre fiel e rigoroso, cujo contacto na mão é instintivo e reconfortante nas certezas do que fiz e faço.

Um pouco mais recente mas impoluta, a saudade de ter nas mãos esta câmara ou equivalente.
Dir-me-ão que a pouca practicabilidade de todo o conjunto, aliado ao facto de, caso usasse o chassis de 120, ter apenas 8 imagens para fazer antes de mudar de rolo (se fosse em película rígida 6,5x9 seria apenas uma por chassis), tornavam todo o processo de fazer uma fotografia moroso, pesado e complexo. Certo!
Mas é também daí que advém a prática das certezas, da composição, exposição, momento. Cada imagem, assim feita, é realmente única e irrepetível.
A disciplina interior que daí resulta é bem mais difícil de obter com o hiper facilitismo do digital. Não digo, bem longe disso, que a facilidade de manuseio dos actuais sistemas de captura de imagem sejam piores que então. Nem pouco mais ou menos. Aquilo que hoje se poupa em esforço físico, tempo e custos pode ser (e é-o tantas vezes) canalizado para a criatividade. Mas parece-me ser mais difícil chegar à disciplina interior e às certezas a que estes métodos e equipamentos antigos obrigavam.

Ainda tenho a esperança de um dia perder o amor as umas lecas valentes e voltar a fotografar desta forma. Se outros motivos não houver, só para me certificar que ainda sei e sou capaz.

By me 

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