Pouco faltava para
as 7.30 da manhã quando entrei num café do bairro, a meio caminho entre casa e
a estação de comboios. Um dos poucos cafés abertos a esta hora neste dia
feriado. Que a maioria dos clientes, ao contrário de mim e de mais uns quantos,
hoje não têm que se levantar cedo.
E isto é tão verdade
que, com a minha entrada, ficou equilibrado o número de pessoas dos dois lados
do balcão: três.
Achei graça a esta
singularidade e comecei a prestar atenção ao que ali acontecia e não acontecia:
que faziam aquelas duas senhoras e um homem, ali, sem clientes; o pouco que
havia no expositor do balcão no tocante a produtos frescos, quem eram os outros
dois clientes; que consumiam…
Estes pertenciam àquela
classe profissional para quem, como eu, não sabem o que são feriados ou a
garantia de dormir de noite todas as noites do ano: polícias.
Fardados e
equipados, perguntei-me se estariam em patrulha, já que não vira a respectiva
viatura parada por perto. Apesar de isso pouco significar, que sei haver inúmeros
carros da PSP parados por falta e verba para manutenção ou consumíveis.
Pagaram dez euros
e pouco pela despesa dos dois e saíram. O valor fez-me olhar com mais atenção
para a mesa de onde se levantaram: duas chávenas de café, dois pires que pareciam
ter contido sandes, um copo de galão e uma garrafa de cerveja. Sem copo.
E fiquei a pensar
que não me agrada que, pelas 7.30 da manhã, um agente da polícia de segurança pública
emborque uma cerveja. Estando de serviço, entenda-se. E, estando de serviço, não
me agrada que emborque uma cerveja, seja a que horas for.
Tornei a cruzar-me
com eles minutos depois. No atravessar a avenida, cedi a passagem a um carro
que a desci, e eles estavam lá dentro. O consumidor de cerveja ao volante.
Talvez que fosse o
fim do turno e que aquilo tivesse sido uma ceia tardia e merecida. Por uma
noite de trabalho, dentro de um carro patrulha ou fechados dentro de uma
esquadra, esperemos que sem nada que fazer. Mas a esquadra fica a mais de um
quilómetro e o carro era particular, o que me leva a deduzir que se tratava de
uma patrulha discreta ou uma rápida escapadela ao serviço. Até porque levavam
consigo o rádio da corporação.
Mas não me agrada
nem um nico que um agente das forças de segurança, fardado e armado, consuma álcool.
Não me sinto em segurança, tão pouco seguro quanto junto de qualquer outro
cidadão consumidor de álcool e armado.
Manias minhas, que
querem!
By me
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