domingo, 31 de julho de 2016

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Será assim tão difícil discernir a diferença entre o fazer uma fotografia e o fazer um retrato?
Que se na primeira fica o registo da luz reflectida na pele e pelo do fotografado, no segundo fica muito mais que isso, fica ou tenta-se que fique o que está para além da pele: a alma.
O que é realmente estranho é a dificuldade de explicar isto a adultos, enquanto que com alunos adolescentes foi sempre tão fácil que o entendessem e pusessem em prática.

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Quase



Quase monocromático.
Sem edições ou subversões ao que vi.

Que se eu procuro com afinco não mentir na vida em geral, procuro fazer o mesmo na fotografia.

By me 

sábado, 30 de julho de 2016

Viva quem faz!



Nome próprio: Vânia
Idade: 23 anos
Sinais exteriores: Mulata, magra, cabelo curto
Sinais interiores: honesta

Como sei eu isto tudo? Porque vi, ouvi e perguntei.
Estava a trocar dois dedos de conversa com uma mocinha amiga, numa lojinha de crepes ali para os lados da gare do oriente, quando ela surge.
Interrompendo a conversa, porque cheia de pressa, vinha devolver cinco euros que tinha recebido em excesso no troco de uma compra, uns vinte minutos antes.
Metediço como sou, meti conversa e soube o que queria saber. Mais não necessitava. Nem mesmo o retrato.
É que, nesta sociedade ego-centrista, exemplares destes são raros. E a melhor, a única, recompensa que ela quis e teve, foi o ver a satisfação da minha amiguinha com o erro corrigido.

By me

sexta-feira, 29 de julho de 2016

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Enquanto a horizontalidade se mede com um nível de bolha e serve para, por exemplo, nivelar o chão ou a linha do horizonte numa câmara fotográfica, já a verticalidade se mede com um fio de prumo e serve para, por exemplo, garantir o posicionamento de postes ou o alinhamento de paredes.

Infelizmente não há fios de prumo que assegurem a verticalidade de seres humanos.
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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Teatro



O meu primeiro trabalho fotográfico profissional ou, se preferirem, a troco de dinheiro, aconteceu por acaso.
Telefonou-me uma amiga perguntando-me se eu estaria na disposição de ir fotografar a peça de teatro onde o marido trabalhava. Ela sairia de cena nesse domingo e não havia imagens recolhidas.
Nunca eu tinha feito tal coisa, mas os desafios são para serem aceites, e fui.

Mas a minha inexperiência levou-me a ser cauteloso e tentar usar o pouco que sabia destas coisas. Recordando o que tinha aprendido na minha igualmente curta experiência televisiva, assisti a uma representação no sábado de tarde, tomando notas como um louco furioso sentado na plateia. Mais tarde, em torno de umas sandochas, entre a matiné e a soirée, revi os apontamentos com a ajuda da minha amiga que conhecia bem a peça em causa.
Nessa noite fotografei-a, na tarde seguinte igualmente e a peça saiu de cena.

A sala era incomum, já que não existia proscénio classico. O palco avançava para a plateia, criando três frentes de público e, consequentemente, três frentes de representação. Para complicar a coisa, a encenação concebia vários pontos de acção simultânea que, se no enredo eram no mesmo ponto temporal, não o eram no mesmo ponto espacial. E vice-versa.
Para “ajudar à festa”, para além da profundidade do palco, o desenho de luz, que era bonito, pecava por ser escasso, melhor, por trabalhar com níveis de luz baixíssimos. Isto obrigava-me a usar a objectiva de 50mm, já que mais luminosa e só de quando em vez a 150mm.
Escolhi três pontos de vista e ia fazendo o trabalho de cada um deles em função do que sabia ir acontecer para aquele enfiamento ou perspectiva.

De regresso ao laboratório, debati-me de novo com a minha inexperiência: ainda nem tinha gasto a primeira caixa de 100 folhas de papel preto e branco. Tratei aqueles seis rolos de TriX, de sensibilidade nominal de 400ASA mas expostos a 800 como se de relíquias se tratassem e fiz as provas de contacto.
E levei-as ao actor que me tinha pedido o trabalho. Meio cabisbaixo, que não tinha grande fé no que tinha feito.
Viu ele, viram os demais actores, viu a direcção da companhia e regressei a casa com umas centenas largas de cópias para imprimir. Todos tinham gostado do que ali se mostrava.
A partir dali, e durante uns anos, fui o fotógrafo exclusivo daquela companhia, não sendo mais ninguém autorizado a recolher imagens.
Durante esse tempo, acompanhei os ensaios de cada peça a estrear, sabendo os textos e as marcações quase tão bem quanto os actores. E tive o privilégio de assistir ao trabalho de direcção de actores feito por aquela Senhora que dava pelo nome de Luzia Maria Martins.
Disse-me ela que a diferença do meu trabalho sobre os demais que andavam então por cá a fotografar teatro (passe-se a imodéstia) é que eu contava a estória representada, enquanto que os outros fotografavam actores. Nem sempre, nas minhas fotografias, os actores tinham a melhor expressão ou a pose mais agradável. Mas eram as que retratavam os sentimentos expressos em palco.

Foi a fazer este trabalho, ainda que só bem mais tarde me tenha apercebido disso, que aprendi e interiorizei o que de mais há de importante na comunicação em geral e na fotografia em particular:
Por muito bonitas ou espectaculares que possam ser as imagens, se eu, enquanto fotógrafo, não conhecer bem o que estou a registar, as imagens não passarão disso: bonitas e espectaculares.
O conhecimento (caramba! O que se poderia dizer sobre esta palavra ou conceito!) é a pedra de toque para uma boa tomada de vista.

Há que olhar, ver e só então captar. Para que depois possam ser olhadas e, principalmente, vistas!

By me

Fruta da época chique




Sim, porque disto também se encontra nos bairros chiques da cidade.

By me 

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Todos os eus



Uma das questões que mais atrapalha e comanda os comportamentos é o estar-se ou não integrado numa dada sociedade ou grupo.
E, com isso, controlar os seus comportamentos pelos comportamentos medianos, por aquilo que a “sociedade” define como correcto e não criticável.
Nada de mais errado, absurdo, contraproducente e castrante!

Esta atitude não permite o desenvolvimento e a felicidade do indivíduo, com todas as suas características e potencialidades!
Apenas o transforma em mais um número, ajustando-se à mediania, com receio de ser diferente, notado, apontado a dedo, marginalizado em última análise.
E o erro, a meu ver e ainda ninguém me argumentou e convenceu em contrário, está na definição de “pertencer à sociedade”!

O que de facto acontece, e que poucos são os que o reconhecem ou afirmam e menos ainda os que agem em conformidade, é que no lugar de se pertencer, é-se a sociedade.
A sociedade é o conjunto de todos, com todas as vantagens do grupo e de cada um dos indivíduos. Não se integra a sociedade mas antes molda-se a sociedade à medida de cada um. E a soma de todos os “uns” forma o conjunto!
A contribuição que cada um faz nela, o empurrão que cada um dá no seu trajecto é que define o seu rumo, as suas regras, as suas leis e os comportamentos do todo.
Estas não são definidas por uma qualquer entidade obscura, mítica e autocrática, mas antes pela vivência e vontade de cada um dos seus componentes.
Andar nu, de fraque ou com nariz vermelho e grande é igualmente legítimo!
Ter este ou aquele comportamento apenas porque o grupo o define e não porque o queremos, é integrar um grande rebanho onde os pastores, filósofos, gestores ou políticos nos conduzem pela certa através de um pasto verdejante até ao matadouro ou altar onde nos sacrificam aos seus interesses privados ou entidades divinas.

Pela parte que me toca, tenho comportamentos que estão de acordo ou em desacordo com os que me cercam, não porque eles o querem ou o censuram mas antes porque eu o quero e eu sou a sociedade.

Sem todos os eus, a sociedade não existia!

By me

Basta



“E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, aos trabalho desproporcionado, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?”

Não precisais de ir muito longe, nas fronteiras ou nos pensamentos, para encontrar quem o perguntou.

Basta que se leia Almeida Garret e as suas “Viagens na minha terra”.

By me

terça-feira, 26 de julho de 2016

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Pergunto-me se a história, no lugar de acontecer há duas semanas atrás, ou há três meses atrás, ou há quatro anos atrás, sucedesse há duas semanas ao lado, ou há três meses ao lado, ou há quatro anos ao lado, seria uma confirmação de universos paralelos?


Não há paralelismo para o absurdo.
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Posfácio



By me

Fruta da época



By me

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Fábrica de bolos



Se a memória me não atraiçoa, esta porta agora com este vidro não era assim: Era de ferro por inteiro, pintada de verde escuro.
No entanto, e devo confessá-lo, não me recordo dela fechada. Nem de dia.
Recorria ao que aqui está anunciado, e que acontece na cave, ao fundo de uma escada estreita e, então, mal iluminada, já a porta estava aberta e a fila de gente prolongava-se pelos degraus e pela frontaria do prédio.
No fundo da escada um postigo numa porta era onde fazíamos o pedido e onde o recebíamos, das mãos do ou da padeira de serviço.
Porque se trata ou tratava de uma padaria e a frequentávamos a deshoras, quando éramos corridos de bares ou cervejarias.
Não sei se ainda hoje terá a mesma frequência. As asaes destes tempos modernos talvez se indignem com estas coisas.
Mas a expressão dita na rua e no escuro “Então e agora?” logo seguida de “Vamos aos bolos” e zarparmos no carro de um, ou mesmo a pé, é algo que ficou gravado a bolos quentes na memória.
 Alguém a partilha?

By me 

domingo, 24 de julho de 2016

Lágrima de preta – António Gedeão



Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)

e cloreto de sódio.

O relógio



“Alto está, alto mora,
Todos o vêem, ninguém o adora.”

Adivinha clássica, dos meus tempos de catraio e, muito provavelmente, muito mais antiga. Pelo menos a resposta remete-nos para tempos anteriores aos meus, em que a solução era particularmente importante nas vidas rurais e mesmo citadinas:
O relógio da torre da igreja.
Em épocas remotas, era ele que ajudava a regular o tempo, já que possuir um relógio era algo reservado a burgueses abastados ou nobres endinheirados.
O povoléu, esse, regulava-se pela altura do sol, pela vontade de comer e pelo relógio da igreja. O mostrador e o seu bater às horas certas ou, mais elaborados, aos quartos e meias horas.
O que este relógio tem de especial é que, sendo de parede e sendo o seu mostrador em azulejo, encontra-se no interior de uma sala. No caso, no ginásio das instalações do INATEL na Mouraria, em Lisboa. É raro de ver um relógio destes virado para dentro.
Igualmente raro, ou a denotar a sua vetustez, o próprio desenho do mostrador.
O sol ao centro, como importante marcador do tempo e a forma como está escrito o número 4 em numeração romana. Escrito correctamente de acordo com a escrita romana, mas não como é habitual em relógios com estes grafismos. O costume é ser escrito com quatro I ( IIII ).
Encontrei já algumas explicações para esta “fuga” à escrita romana.
Uma delas versa um erro cometido por um construtor de relógios e ter ficado assim para não parecer erro.
Outra fala em quadrante superior e quadrante inferior e em ter todos os números virados ou não para o centro. Se assim for, usar-se-á a escrita correcta, se estiverem todos na posição correcta para quem observe o mostrador, usa-se a versão “incorrecta”, para que não se confunda o “IV” com o “VI”.

Mais explicações existirão, certamente. Quem souber de alguma outra, chegue-se à frente para que a conheçamos.

By me

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Ao procurar algo num dicionário (um daqueles em papel, pesado, com muitas palavras e letras, sabem?) encontro um termo que pensava ser fantasia:
“Pornocracia”.
E o que sobre ele se diz é:
“(Gr. Pórnê, prostituta + krateia < krateia, força, poder) s. f. Influência ou preponderância das cortesãs na governação pública”

Está tudo dito, não?

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sábado, 23 de julho de 2016

Rapidinha



A notícia em três jornais (“jornal I”, “A Bola”, “Sol”) mostra o quão extraordinariamente rápida é a justiça na Áustria.
Segundo ela, uma mulher foi diagnosticada com cancro, com uma expectativa de vida, segundo os médicos, de três meses a um ano.
Pois a mulher, a partir desse momento, converteu-se ao islamismo e decidiu usar véu integral.
O patrão não gostou e despediu-a, argumentando que isso prejudicava a comunicação na empresa.
Ela recorreu aos tribunais e agora o supremo tribunal da Áustria deu razão ao patrão.
Um ano, de acordo com a previsão dos médicos, entre o diagnóstico e a sentença no supremo tribunal, passando pelas instâncias inferiores.
São rapidinhos, os tribunais lá por aquelas bandas.
Ou os médicos erraram na previsão.

Ou então…

By me

No pátio



Teria uns sete ou oito anitos.
Irrequieta e palradora, acabou por vir sentar-se no banco onde eu estava, dizendo que também queria uma fotografia.
Não era o momento, que o mestre fotógrafo estava a cuidar de outras fotografias, nem era a vontade da mãe, creio que pelo preço.
Em qualquer dos casos ficámos os dois de conversa, ela muito “crescidinha”, eu a ver o que dali sairia.
A certa altura diz-me ela:
“O senhor tem uma grandes barbas, como o meu avozinho que já morreu. E ele também tinha uma grande pança.”
A mãe, que por perto ouvia a pequena, ficou sem saber o que dizer nem o para onde olhar.
Já eu, honrado pela comparação e sem querer estragar aquela bonita memória, disse-lhe que a barba é deixar só crescer e a pança é difícil de dominar.
Um nico depois levantou-se ela, muito senhora de si, e foi espreitar os gestos mágicos do photógrapho.
E eu deixei-me ficar sentado onde estava, cansado de um dia particularmente longo, e a tentar perceber se ainda serei fotógrafo ou se já terei passado à categoria de fotografia.

A mãe da catraia, bonita que era e, reparei então, vestida de preto, sorria discreta ainda no mesmo lugar.

By me 

Fantasmas



Num ambiente de pintura, vídeo, fotografia, instalações, performances e outras intervenções, acabo por estar de conversa com uma Italiana. Primeiro só com ela, depois também com uma sua amiga.
Balzaquianas artistas, pese embora a aparente incompatibilidade dos termos, a língua comum foi o inglês, ainda que a segunda pouco o dominasse.
A dado passo, e numa inspiração de momento fruto do rumo da conversa, disse-lhes que havia fotografado fantasmas, num jardim em Lisboa.
Os seus olhos abriram-se, quais portas de hangar, e eu, para reforçar o dito, recorri ao telele e às fotografias que tenho on-line.
Uma. E outra. E ainda outra.
E os seus olhos abriam-se. E abriam-se. E abriam-se quase para além do limite.
Tive que arrepiar caminho e explicar-lhes o como havia fotografado os fantasmas do jardim. A que místicas havia recorrido e de que técnicas fotográficas me havia socorrido.
Ficaram mais aliviadas. Mas na meia hora que ainda nos partilhámos por ali, no meio daqueles edifícios mais velhos que as idades de três, quatro ou mesmo cinco de nós somadas, ficaram a olhar meio de lado para mim.
Não creio que alguma vez venha eu a saber se acreditaram na primeira parte da conversa se na segunda.

Nem sei mesmo se não estariam à espera que, numa qualquer invocação, eu fizesse surgir algum de entre aquelas pedras vetustas.

By me 

Só para que conste



Eu ontem apanhei um desses da moda. E sem telemóvel nem fornecer dados de localização a quem quer que seja.


By me

Cumplicidades



Julho 2016:

um ex-photógrapho à-lá-minuta fotografado por um actual photógrapho à-lá-minuta.
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Uma obra de arte é composta de:
1% de inspiração;
2% de expiração;

97% de transpiração.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Quando for grande



Quando eu for grande quero não ter que sair da cama a horas como esta para ganhar a vida honestamente.

Quero, antes sim, poder sair da cama às horas que me apetecer, mesmo estas, para fazer aquilo que me dá prazer. Incluindo trabalhar.

By me

quinta-feira, 21 de julho de 2016

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Foi um destes dias!



Em mostrando uma fotografia recém-feita a um colega, numa pausa no trabalho, pergunta-me ele:
“Boa! Photoshop, não?”
Consegui ser suficientemente urbano e não dizer o que me ia na alma.
Mas creio que o meu olhar foi explícito, quando lhe disse que não, que a luz era mesmo assim e que me havia limitado a fazer o crop que havia imaginado aquando da obturação.

Perdeu-se o hábito de ver antes de fotografar, de fazer as opções certas em função do resultado desejado.
Hoje aponta-se, carrega-se no botão e depois logo se vê o que se faz com o resultado.
O pós-processamento é importante. Sempre o foi, desde os primórdios da fotografia. Faz parte de tudo aquilo a que chamamos de “fotografia” e que é o que medeia entre o vermos e o mostrarmos. Mas fotografar sem se imaginar o resultado final, sem se ter uma noção razoavelmente exacta daquilo que iremos mostrar…
A fotografia hoje é o fast-food do registo lúmico. O pensar antes de fazer ou o pensar depois de feito, analisar as opções tomadas e aprender com isso, dá trabalho, consome tempo e é pouco social.
Em parte devido ao custo zero do premir o botão, em parte devido ao conceito de “fotógrafo é artista e aquilo também eu faço”, em parte porque fotografar hoje é uma afirmação social.
É sempre um exercício útil, se bem que raro e difícil, o ver-se a quantidade de fotografias falhadas ou rejeitadas por aqueles que são invejados ou admirados antes que apresentem uma imagem final.

Se fazer arte com fotografia fosse assim tão imediato e instintivo, teríamos uns valentes milhões de artistas fotográficos p’lo mundo fora. E umas poucas centenas de pobres coitados, frustrados, que penam, estudam, treinam e tentam, antes de terem coragem de apresentar uma fotografia que se veja.
E não! Não estou a falar de mim que, com muita sorte, faço uma mediana fotografia a cada dois meses. O resto é vício.

By me

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"Tal como uma pedra fosforescente que emite brilho quando colocada na escuridão e ao ser exposta à luz do dia perde todo o seu fascínio de joia preciosa, também o belo perde a sua existência se lhe suprimirmos os efeitos da sombra."

in "O elogio da sombra", by Junichiro Tanizaki
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terça-feira, 19 de julho de 2016

Just for the fun and on the run



By me

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Deve ser terrível viver sempre com medo.
Medo dos polícias, dos directores, dos chefes partidários…

Conheço tantos assim!
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Três justificações para uma técnica



A – Sou barrigudo desde antes da adolescência. Como se diria por brincadeira, não é defeito é feitio. E, mesmo com muito exercício físico, não a consigo eliminar mas tão só diminuir um pouco.
Por isso, e desde muito cedo, não me dá jeito usar a câmara fotográfica pendurada ao pescoço. O ela bater-ma na barriga não me é agradável, além de ser mais difícil de a controlar quando não em uso.
Assim, e desde sempre, me habituei a transportá-la no ombro. O esquerdo, cujo braço a controla, deixando a mão direita livre.

B- Uma ocasião tive uma inflamação no nervo ciático na articulação da coxa.
Estava em serviço longe de casa e passei três dias de um lado para o outro com um volumoso e pesadíssimo saco de equipamento fotográfico no ombro esquerdo.
Foi um petisco, posso garantir. A ponto de ter que ligar a um colega noutro quarto do hotel onde estávamos para me vir apertar os sapatos.
No hospital para onde fui levado, depois da longa espera que é apanágio dos nossos hospitais e dos exames necessários, deram-me uma qualquer injecção milagrosa que resolveu o problema.
Tal como resolvi eu não mais usar sacos de um ombro só, pelo menos com bastante “tralha”. A mochila passou a ser o meu saco de transporte habitual.

C – Sou, essencialmente, um fotógrafo urbano. As ruas e praças, os transportes, os locais, as pessoas, são o meu habitat. E bem sabemos que qualquer habitat tem predadores. No caso da urbe são os amigos do alheio, para quem uma câmara fotográfica pouco protegida é uma presa fácil e apetecível.


Assim que, e por todos os motivos acima expostos, para além de usar mochila elas possuem um mosquetão na sua alça esquerda, um pouco abaixo do ombro.
A câmara fotográfica, pendurada no ombro, tem a sua correia passando por ele. Em havendo um puxão nela, ou mesmo apenas que ela escorregue, nunca há o perigo de ser levada ou cair.
Esta técnica torna-se fácil e barata, permitindo-me nas minhas deambulações não me preocupar com acidentes ou membros da “CAPA” (Confederação dos Amigos da Propriedade Alheia).
Há ainda dois pormenores que facilitam o prender da correia da câmara no mosquetão:
Por um lado, sempre gostei de correias de câmara finas, sem publicidades. Claro que não possuem aquela matéria anti-derrapante que tão útil é. Mas são mais fáceis de enrolar na mão, arrumam-se melhor no saco ou mochila e, neste caso, passam melhor pela abertura do mosquetão. Em compensação, já são difíceis de encontrar à venda.
Por outro lado, o próprio mosquetão tem “truque”. Se se tratar de um dos bons, em aço e passíveis de serem usados com grandes pesos, a ponta da parte móvel tem um gancho que prende no outro, na parte fixa onde encaixa. Estes dois ganchos são, regra geral, empecilhos para o fácil entrar ou sair da correia. Uso dos baratos, sem grande resistência ou qualidade, mas que não têm esses ganchos. Não queiram saber a cara dos vendedores quando peço mosquetões de má qualidade.

Em jeito de conclusão, sempre acrescento que:
A alça direita da mochila também possui um mosquetão. Útil para me deixar as mãos livres ao aí pendurar o monopé quando não em uso momentâneo ou garantir a segurança de uma segunda câmara.

E que, quando procuro uma mochila que me convença para comprar, a possibilidade de nela colocar os mosquetões é um dos factores determinantes.

By me

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Dúvidas?



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A espera é!



By me

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Competição, competição, competição!
No desporto, na política, nas relações pessoais, na economia...
Competição, competição, competição!
Haverá sempre um a ganhar e um sem número que ficarão frustrados por os seus esforços não resultarem no almejado primeiro lugar.
O da vitória, o da supermacia, o primeiro.

Será assim tão difícil de entender que sem competição, sem vencedores nem vencidos, não há frustrações e que a felicidade, no lugar de ser um momento até fugaz até que outro vença, será um estado permanente?
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Quando você se levantar, e for fazer o que costuma fazer quando sai da cama e enfrenta o dia, lembre-se que outros se levantaram muito antes para que você tenha o eventual conforto que tem.
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Caminhos



By me

domingo, 17 de julho de 2016

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Não consigo ter estima ou respeito algum pelos críticos ou escribas que, para falarem dos trabalhos artísticos de terceiros, se arrojam o direito de os truncar a seu bel-prazer.
Ele é excertos de textos, ele é re-enquadramentos de quadros e fotografias, ele é a re-montagem de sequências cinematográficas…


E se fossem adulterar as “obras-primas” que as vossas mãezinhas fizeram: vocês mesmos?
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O colectivo



Ponham-me o carimbo que puserem, tenham lá paciência, mas esta é a minha opinião.
O sistema ensino/aprendizagem deveria ser gratuito!
Não tendencialmente gratuito!
Não subsidiado!
Gratuito!
Pago pelo colectivo!
Em todos os graus, do pré primário ao superior!
Em todas as instituições e para todos os estudantes/aprendizes!
Em todos os aspectos: frequência, material didáctico, alojamento inclusive!

Eu explico o porquê:
Um cidadão válido na sociedade é aquele que, tendo um elevado grau de autonomia e estabilidade material, emocional e intelectual tem, para além disso, uma contribuição útil no e para o grupo em que se insere.
Esta contribuição pode ser através de uma actividade física, intelectual ou mista. E será tanto mais útil quanto melhor preparado estiver e, consequentemente, melhor o desempenhar.

O fazer um curso, seja de que grau for, não apenas lhe permitirá ter uma vida mais confortável e tranquila como, com o resultado do seu trabalho, contribuir para que a sociedade evolua no mesmo sentido.
Logo, ter um curso (tecnológico, profissional, superior) é uma mais valia para a sociedade onde se insere, e não apenas para ele.
O paradigma desta afirmação é a actual carência de médicos pediatras, obstetras e geriatras que grassa em Portugal. Tal como de calceteiros, canalizadores e mecânicos.
Ao limitar-se o acesso a esses mesmos cursos e preparações através das condições materiais do estudante ou da sua família, está-se a cercear o desenvolvimento social.
E isto constata-se através da quantidade crescente de alunos que, todos os anos, deixam o ensino superior e politécnico por falta de meios económicos. Veja-se um relatório recente da Universidade do Minho. E as estatísticas sobre a redução do número de estudantes nos cursos profissionais.

Os cursos que permitem o exercício de um oficio ou profissão reflectem-se mais na sociedade que no individuo. É uma questão de qualidade de vida. É um investimento da sociedade nela mesma.
Ao exigirem-se pagamentos para frequentar esses mesmos cursos, está-se a fomentar e existência de elites, não pelos seus potenciais intelectuais ou de desempenho e habilidade, mas antes pelos seus antecedentes familiares e condições sócio-económicas.
E, naturalmente, a reduzir a qualidade de vida de todos.


Na sociedade actual, pautada basicamente pela competitividade desenfreada e pelo sucesso económico, limitar o acesso à preparação técnica e cientifica do jovem é um suicídio colectivo, lento, metódico e consciente.

By me

O grande irmão



Entro numa livraria por um livro. Acabou por ser uma mini pilha de dois, mas é pouco importante.
Importante é que no balcão estava um exemplar de 1984. E perguntei à mocinha que me atendeu se já o tinha lido.
Disse-me que perdera a paciência a meio, com o factor auto-biográfico e a mais que batida critica à sociedade actual.
Perguntei-lhe se entre o momento em que o lera e o agora se sentia mais madura e recomendei-lhe que o lesse de novo.
Desta feita não parando a meio e saltando a primeira parte, mais mediática, e mergulhando naquelas menos conhecidas mas tão ou mais profundas. E descrevi-lhas quanto baste, sem retirar o prazer da leitura.
Depois de feito o negócio, diz-me ela, enquanto guardo os livros na mochila:
"Obrigado pela conversa, que fez a noite diferente."
Por vezes não é preciso muito: basta ter um nariz comprido e não ter vergonha na cara.


E sim é verdade: o grande irmão observa-nos.

By me

sábado, 16 de julho de 2016

ISTO NÃO É PUBLICIDADE!



Melhor dizendo, isto é publicidade mas não àquilo que pensam.

Esta imagem digital, construída a partir de uma fotografia, faz parte de uma campanha publicitária de uma conhecida marca de sumos e refrigerantes. E o produto anunciado neste caso, é algo que já consumo faz tempo: um sumo de tomate logo pela manhã. Ainda em jejum, com uma pitada de sal, faz acordar um morto, ou semelhante, e em estando bem fresquinho espanta para bem longe os calores estivais.
A fotografia do modelo está aqui truncada: no site do produto anunciado existe esta e mais duas, com poses equivalentes, sendo que uma delas está no chamado “plano americano”. Sempre brincando com uma câmara fotográfica.
Em boa verdade, este modelo pouco deve usar câmaras destas, já que segurar uma câmara com os dedos daquele modo… cedo ou tarde vem parar ao chão. Mas não é algo que me preocupe: afinal, de um modelo espera-se que saiba estará frente da câmara, não atrás.
O que é realmente interessante é a câmara por si mesma. Foram buscar uma que evocasse a nostalgia do antigamente, a simplicidade da operação, uma ligação subtil entre a marca e o termo “vintage”, a jovialidade implícita no seu uso e no produto anunciado… Os publicitários não brincam e foram buscar, para além da ideia, o que de melhor encontraram para a concretizar.
E apesar do tratamento posterior dado à fotografia do cartaz, não executado nas imagens on-line, um conhecedor não se engana e ainda vai constatar algumas evidências que “escaparam”.
Não foram buscar uma Nikon, um clássico das câmaras SRL, capaz de ir à guerra e voltar. Não foram buscar uma Minolta, associada à sensualidade através de, entre outros, o trabalho de David Hamilton. Também não foram buscar uma Leica, ícone em qualquer lado, mas nada consentânea com a juventude e baixos preços. Foram buscar uma Pentax, caramba. Uma marca que combina tudo o atrás descrito com um design muito seu e uma fidelidade a toda a prova.
No caso específico, trata-se do modelo MG, vantagem acrescida no caso, já que se trata de um modelo apenas com exposição automática, coisa não muito comum à época mas simbólico hoje pela simplicidade na operação.

Nunca quis eu ter uma. Sempre gostei de ser eu a decidir todos os parâmetros de focagem e exposição, pelo que este modelo nunca me atraiu.
Mas não deixa de ser uma Pentax, marca hoje menosprezada por “fotógrafos” e comerciantes mas que os conhecedores não olham de lado.

Nem os anunciantes, como se constata.

By me 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Missiva



E porque tenho um mau feitio levado da breca, porque tenho a boca do tamanho do estuário do Tejo e porque acredito piamente que somos todos iguais até prova em contrário, aqui fica parte de uma missiva agora mesmo enviada.
O resto fica no privado que a especificidade desta mensagem exige.

“Era uma vez um café/pastelaria que também vendia para fora o que fabricava.
E a sua fama ia longe, nomeadamente nos bolos-rei e bolos de casamento. Todos lhe elogiavam a qualidade e não faltavam encomendas: bolos-rei na época própria, bolos de casamento todo o ano, em particular na época estival, que é a mais propícia bodas e festas.
No entanto, e embandeirando em arco com esta fama (merecida, diga-se de passagem), descuraram para além do limite o fabrico de bolas de Berlim, pasteis de nata e queques, produtos de venda diária ao balcão. Descuraram a tal ponto que esses pequenos e singelos bolos deixaram de ter saída, que ninguém os queria. E não os querendo, ninguém lá ia por um galão, uma meia de leite ou uma bica que fosse.
Sem essa movimentação diária, a pastelaria de fama acabou por fechar portas. “

No que disto advirá só o futuro o dirá.

Mas nunca fui pessoa de fugir às consequências dos meus actos.

By me 

quarta-feira, 13 de julho de 2016

O photógrapho



Por muito estranho que possa parecer a alguns diletantes da fotografia, o meu objectivo enquanto fazedor de imagens fotográficas não é ser bom fotógrafo.
O meu objectivo é, antes sim, o encontrar prazer e satisfação na sua produção e consequências.
Satisfação em olhar para uma fotografia feita por mim e achar que funciona, satisfação em saber que quem vê o que vou fazendo sente algum prazer ou satisfação (ou exactamente o oposto) no acto de as ver.
Porque, e nunca nos enganemos, a fotografia é uma forma de comunicação. E a sua eficácia depende, em boa medida, da forma como o receptor reage. Se reagir no sentido previsto pelo autor, então a comunicação fez-se e o objectivo do fotógrafo realiza-se.
O ser bom ou mau depende, muito naturalmente, da subjectividade da época, cultura, quem analisa, do academismo…
Mas não me interessa ser bom fotógrafo. Interessa-me ter prazer no que faço, nas suas diversas vertentes.
Mas esse meu prazer não pode passar, de forma alguma, pelo desprazer, desconforto, incómodo, sofrimento, de quem é fotografado. A minha felicidade não pode passar pela infelicidade de alguém. Menos ainda daqueles cuja imagem me engrandece e me dá prazer.
Não se trata de leis ou códigos, escritos ou apenas falados.
É uma forma de estar na vida: a minha liberdade ou felicidade não passa por limitar ou impedir a liberdade ou felicidade de outrem.
Fotografia incluída.


Na imagem: eu fazendo o que me dá prazer, registado há uns anitos pelo bloguer de “O jumento”, onde fui roubar a fotografia. 

Informação



“Como Serge Daney gosta de dizer, “ficamos cegos diante da hipervisibilidade do mundo.” De tanto ver já não vemos nada: o excesso de visão conduz à cegueira por saturação. Essa mecânica contagia outras esferas da nossa experiência: se antigamente a censura era aplicada privando-nos de informação, hoje, ao contrário, consegue-se a desinformação imergindo em uma superabundância indiscriminada e indigerível de informação. Hoje, a informação cega o conhecimento.”



By Joan Fontcuberta, in “A Câmara de Pandora”

terça-feira, 12 de julho de 2016

Um episódio



O episódio ocorreu há uns anitos, aqui no bairro: uma disputa sobre a legitimidade da ocupação do passeio.
O fulano achava que eu tinha que sair de onde eu estava para ele parquear a viatura, eu achava que não e fiquei irredutível na minha posição.
O homem berrava, e apitava e ia avançando o carro e eu a fazer de conta que nada era comigo, na tranquilidade do saber que os passeios são para os peões e não para os automóveis.
Vendo que sonoramente não me demovia, decidiu ele abalroar-me com a viatura, batendo-me com o pára-choques nas pernas. Teve azar. Escrito com letra grande.
Que em risco de cair desamparado em cima do carro, recorri ao pouco que sei de artes marciais e amortizei a queda com a canalização da energia da queda no braço, antebraço e mão, batendo com eles na superfície onde cairia. No caso, o capot do carro.
Saltou o seu dono do seu lugar, furioso com o sucedido, e berrando a plenos pulmões: “Você não toca no carro de um homem, ouviu! Você não toca no carro de um homem!”
Ainda tivemos uns encostos, uns “tira-teimas”, interrompida a escalada óbvia por dois agentes da PSP que tinham assistido a tudo e decidiram intervir.
Quando me afastei, depois de saber que os cívicos nada queriam de mim, ainda ouvi o fulano dizer que não possuía documentos, nem do carro nem dele mesmo.

Efectivamente, não se pode colocar em causa o carro de um homem. Nem os afectos ou as preferências futebolísticas. Tudo o mais é pouco importante, desde que não se ponha em causa a integridade da viatura ou a importância do futebol.


Azar o meu, que não tenho carta nem gosto de bola!

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Tampas



A forma como lido com a produção de imagem leva-me a que o local onde fica a minha câmara, aqui em casa, seja colocado do tripé fotográfico, coberta com um pano.
Está sempre pronta a fazer uma qualquer fotografia que me apeteça, em regra com uma zoom genérica (aquela que uso quando saio de casa para ir ao café ou às compras ou tomar uma refeição aqui nas imediações), ou com a 90mm, mais adequada a fotografar objectos pequenos.
Em saindo de casa, e a menos que leve a mochila com a “tralha” toda, é só pegar nela, pendura-la no ombro e partir.

Um destes dias assim fiz, com a diferença que levava a tal mochila completa. Tendo verificado se a “tralha” estaria completa, pilhas para flash “frescas” incluídas, pendurei a mochila nas costas, a câmara no ombro, e saí.
Só algumas horas mais tarde, quando precisei de mudar de objectiva, é que constatei que me faltava algo, que não viajava na mochila: a tampa da objectiva.
Tenho hábito de a colocar no bolso das calças, quando na rua, ou em cima da minha mesa de trabalho, quando em casa. E quando saio, regressa ao bolso. Não o tinha feito.
Pois passei o resto do dia com a sensação de ter saído de casa com uma peça de roupa a menos, ou o fecho das calças avariado, ou parecido. Cheguei mesmo a evitar mudar de objectiva, só mesmo para que não a guardasse desprotegida na mochila. Apesar de ali dentro estar mais protegida que cá fora.
Pessoas há que se sentem “desasadas” se saírem de casa sem o telemóvel ou se forem obrigadas a recorrer a transportes colectivos, em vez de carro próprio.

Por mim, sem câmara, ou mesmo sem a tampa, é o mesmo. Vícios!

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segunda-feira, 11 de julho de 2016

A propósito de



Há uns dias li um pequeníssimo excerto de um igualmente pequeno livro, que me fez recordar vivamente uma frase de um mestre há quase quarenta anos:
“Iluminar não é colocar luz: é trabalhar sombras!”

Hoje, em saindo do trabalho (acordei às 3.30 para ir trabalhar) dei com isto e recordei-me de novo de ambos.

Do mestre já pouco poderei ouvir. O livro, conto ir buscá-lo em breve.

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Pois



Se há coisa de que não gosto muito é de arrumações.
Que, em regra, passados meses ainda estou por saber onde arrumei, bem arrumado, algo de que necessito.

Ideias incluídas.

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