terça-feira, 31 de março de 2009

Janela


Alguns lugares são mesmo agradáveis para se trabalhar, ainda que o uso de tabaco seja interdito.
Mas há sempre o recurso à porta do jardim, em que também se aproveita o ensejo para repeensar o que se tem entre mãos!


Texto e imagem: by me

Se souber porquê, sei como


Tenho usado esta frase ao longo da vida. É válida em todas as circunstâncias, mesmo que a resposta seja “porque quero” ou “porque gosto”.
Entendo ainda que a sua validade ser maior ainda no caso da fotografia. Há que entender ou conhecer o que fotografamos (ou captamos em vídeo ou cinema) para podermos ter um bom “retrato” ou, em alternativa, uma boa “interpretação”.
Não conhecer ou entender em profundidade o assunto a fotografar conduz-nos, irremediavelmente, a uma imagem superficial que do todo – incluso ou excluso do enquadramento – apenas mostra uma fracção do assunto, com uma correspondência, se alguma, com ele.
Esta abordagem à photographia – ou à vida se preferirem – tem-me levado a formular inúmeras perguntas, quase uma por instante. E, por cada resposta, novas perguntas que me levam, espero eu, a uma visão mais alargada, quiçá mais profunda, do universo em que me insiro. E, talvez, retrata-lo melhor usando da minha própria perspectiva.
Mas ocasiões há em que fico sem saber como abordar os assuntos. A minha reacção emocional perante a situação deixa-me sem saber o como, ainda que possa saber o porquê.

No Jardim da Estrela, no âmbito do meu projecto “Oldfashion”, sou confrontado com duas senhoras. Uma de vinte e poucos, ou já bem entrada na casa dos quarenta.
Dizem-me que já me haviam visto por ali, que já tinham sentido curiosidade naquilo e que, em o sabendo grátis, queriam fazer uma fotografia. E, enquanto se tratam dos preparativos, acrescentam que não querem o seu retrato na internete.
Obviamente que a sua vontade é para respeitar, mas estranhei-a. Tinham um aspecto por demais bem-disposto, desempoeirado e livre de tabus para tal decisão. Ainda que eu fosse capaz de sentir, algures debaixo de tudo aquilo, um “não-sei-o-quê” de estranho.
Mantendo a boa-disposição mas curioso, não resisti e perguntei-lhes o porquê de tal vontade. Ficando eu sem saber o como. Como reagir ou fotografar perante a resposta.
Diz-me a mais nova, rápida e sem “papas-na-língua, que são vítimas de violência doméstica e que não pretendem publicidade extra sobre elas. O sorriso triste da mais velha, a seu lado, foi o suficiente para confirmar o que tinha sido dito.
O que se diz? O que se faz? Como se fotografa?
Com cara e tom meio de circunstância, disse-lhes que a sua vontade seria respeitada e que lamentava que fossem esses os motivos. E a fotografia foi feita de acordo com o habitual, local, exposição e impressão. A pose foi a que escolheram, também como é hábito.
Na despedida, para além da vénia de saudação e de um divirtam-se cordial, lancei-lhes um meio tolo “Boa sorte!”
Porque tolo era como me sentia, sabendo o porquê mas ignorando o como lidar com a situação!


Texto e imagem: by me

domingo, 29 de março de 2009

Bitolas


Tenho um relógio!
Na verdade, tenho muitos relógios espalhados pela casa, em funcionamento ou não. De pilha, de corda, de bolso, de parede, de pulso, de areia, autónomos ou inseridos em algum equipamento…
Para a panóplia estar razoavelmente completa, faltam-me, entre outros, um de sol, uma clepsidra, uma vela graduada, um de cuco…
Mas, para o caso, o que interessa é este relógio.

Possuo-o há vinte e tal anos. Foi comprado a um companheiro de trabalho que “ganhava uns cobres por fora” com artigos de contrabando. Alguém se recorda das Inoxcrome? Suponho que possa falar disso agora, que os prazos legais já prescreveram.
Comprei-o por ser automático. Ainda que seja de corda, não necessita que rodemos o “pinchavelho” para que trabalhe. Possui um pequeno mecanismo no interior que, com o simples movimento do braço põe a mola sob tensão e o sistema a funcionar. Prático.
Claro que se o deixarmos em repouso por uns dias, pára. Nada que, ao tornar a usar, meia dúzia de safanões não resolvam a coisa.

O mostrador não possui números. Mas também não fazem falta.
Quando olhamos para um mostrador de um relógio, poucas se algumas serão as vezes em que queremos saber ao certo que horas são, com o rigor da hora, minuto ou segundo.
Aquilo que procuramos saber é, de facto, quanto tempo passou ou falta para um dado acontecimento. Se estamos atrasados ou adiantados. Se iremos esperar ou ser esperados. Se a nossa impaciência tem ou não razão de ser.
Se perguntarmos a alguém pelas horas, logo a seguir a esse alguém ter olhado para um relógio, o mais certo é essa alguém olhar de novo, que não fixou o valor mas apenas a relativização do tempo. E não sabe que horas são.

O facto de este relógio ser de pulso não me agrada em particular. Sentir o braço preso por uma correia, ou seja o que for preso seja com o que for, desagrada-me.
O tipo de relógio que gosto de usar é de bolso. Não apenas não me prende em coisa nenhuma quando trabalhamos, como não nos preocupamos com a água nem nos estraga os punhos das camisas.
Acontece que os relógios de bolso têm alguns inconvenientes para mim. Ou bem que são mecânicos, de corda e volumosos, parecendo mais armas de arremesso que aparelhos de medida de tempo, ou, para serem de tamanho e peso reduzido, são de preços incomportáveis. Em alternativa, são de pilha. Tenho vários destes.
Mas a pilha gasta-se e, as mais das vezes, acabo por não ter paciência para procurar uma nova. E, cada vez mais, os relojoeiros não querem vender pilhas mas relógios novos! E descartáveis! Descartáveis como o tempo!
Por tudo isto, vota e meia lá estou eu a usar por uma temporada este velhinho relógio de pulso, fiel como poucos.

Tem uma enorme vantagem sobre os demais que possuo: Desde que o adquiri, que se adianta regularmente uns vinte e tal segundos por dia. Não se trata de um defeito, mas antes de uma desafinação. Mas que demonstra a sua qualidade, já que se mantém inalterável há perto de trinta anos.

Mas, dirão alguns, assim nunca sabes ao certo as horas!
Pois não! Mas se, por um lado, não é importante sabê-lo, por outro ou bem que chego no momento aprazado ou então adiantado. Nunca atrasado.
Ou seja, trata-se de um aparelho de medida pouco rigoroso e que me satisfaz por completo no seu funcionamento.

Talvez porque a vida não é exacta nem tem bitolas!


Texto e imagem: by me

Factor C


Uma ocasião, fui convidado para fazer parte de um júri de selecção de candidatos a operador.
Tratava-se de um concurso interno onde funcionários de outras áreas concorriam para o lugar. As vagas era bastantes e as provas de selecção abrangiam a teoria e a prática. Visto que o concurso seria seguido de um curso de formação, igualmente selectivo, o meu objectivo foi o de avaliar o potencial dos candidatos e não tanto ver o que sabiam fazer.
Não nos enganemos: este papel de júri é um papel sério! Dele depende a vida profissional dos candidatos e, consequentemente, a sua vida pessoal, já que o novo posto é melhor remunerado.
Tentei levar a coisa a rigor, mas tão seriamente que prometi a mim mesmo não mais me envolver nestas questões! O factor “C” tem demasiado peso e força para as minhas capacidades de “encaixe”!

Decorriam as provas e sou abordado na rua por um velho colega, de uma área que eu já não visitava havia anos. Depois das saudações habituais nestes casos, veio o motivo:
“Eh pah, vê lá se podes dar uma mão… Fulano é filho de Cicrano, também está no concurso… Ele até tem jeito para a coisa, mas anda com azar nos exames médicos… As análises dão sempre positivo… Se puderes ajudar…”
Dei uma resposta evasiva, para que eu mesmo não subisse o tom de voz, e nem sequer fixei o nome da pessoa em questão. Sabia que estas coisas acontecem e também sabia o que fazer nestes casos: ignorar o pedido.

O concurso decorreu e as avaliações foram publicadas.
Dias depois sou abordado por um dos promotores do concurso e pede-me ele para elaborar novas provas, que se tinham esquecido de incluir no concurso alguns elementos de alguns serviços. A coisa cheirou-me a esturro e declinei o convite.
Pois!
Um dos elementos que foi a este segundo concurso, foi recusado no concurso, foi recusado no curso, foi recusado no estágio.
E hoje é um operador que trabalha ali, lado a lado comigo, todos os dias.
Não fui tido nem achado em nenhuma das fases que o envolveram na selecção, mas não posso deixar de concordar com os resultados: É um mau elemento! A todos os níveis!
Uma vez mais o factor “C” actuou e ganhou! Não graças a mim, mas ganhou.

A questão que se põe é: serve de alguma coisa criar entraves ao factor”C”?
Certamente que sim! Continuo a dormir tranquilo e a não ter vergonha de olhar para o espelho, quando saio do banho e aparo a barba.
É que, cá em casa, a “Cunha” só serve para travar a porta se houver corrente de ar!


Texto e imagem: by me

sábado, 28 de março de 2009

sexta-feira, 27 de março de 2009

On photography - multiple exposure


This glass is something like 10 years younger than me. And I still have it and use it!

25 years ago digital photography was something that came with dreams of science fiction. Film was what we use, 35mm or 120 and, very rarely, large format sheet film.
I start working on publicity with a loaned camera, a British MPP 4x5, with a 150mm lens. and one double sheet film holder.
The first pictures done like that where in association with a friend, also a beginner like me. And we use his home, after hours and taking over his living room, struggling with the furniture for space.
After a long night work, I went to the lab with that precious box contending the exposed film to be developed. There were just two labs working with them, the Kodak and the Agfa, and we had to be there before 9.30 am, or they wouldn’t do it that day. Three hours later, we went back and fight against other photographers for room at the light table where, with the magnify glass, we analysed the photos, trying to find out if they where ok or we had to do it all over again. I never had to do it!
After some time, my partner and I split and I got my own camera: a Linhoff Kardan Collor 9x12, with a Xenar 150 f/5,6 and two double sheet film holders. It wasn’t cheap, it was very used, but it works just the way I wanted. Even if their shift and tilt movements where not as wide as I would like. It was a real pleasure and fun working with this camera.

This picture was a kind of exercise.
As before, and since I hadn’t a studio were I could work, I took over my parents living room, when all the family when to sleep. And it took me some four hours to do this photograph, if I well remember that night.
I use a black cotton cloth as background, as well as for the stand. Black card, fixed with electric wire as “barn doors” and opaline translucence paper, fixed the same way, as diffuser for the 500 W lamps, one each side.
The exposure was calculated with a hand held meter, a Seconic, and the contrast controlled by using a spotmeter, a Pentax one.
To be sure about framing of the several exposures, I draw the shape, or at least the main points, on the viewing glass of the camera. And, if anyone wants to do the same, I can advise the use of dermatographic pencils, those use to draw on the eyes or lips. They are very smooth, very easy to clean after work and very, but really very difficult to keep sharp to do a thin line.
After the first exposure, I walked back the camera and reframe all over again. It was the best thing to do, since light was already done and approved. And no changes were done on the exposure, either iris or time. New set of marks on the viewing glass and the same sheet re-exposed.
Two more times the same procedure and it was done, all the four exposures.

With this kind of equipment we have to be very accurate about all steps of the procedure. Not only we may not have another chance to do it but also the time and cost of each original don’t allow any kind of mistakes.
So, we have to preview in our minds every detail of the finished work and to be sure that it will be the way we imagined it.
Some years after, I got the chance to buy a second hand Polaroid back. It was a wonderful up-grade…!
Working with this kind of cameras and do this kind of pictures is really fun. Spend all this time just for one picture may seam a lost of time and effort. But as we do it, the manipulation of all the techniques and the satisfaction of, at the end of all, getting the exact result of what we wanted is enough reward to overcome all the other troubles.
I learned some of these methods from some good masters I worked with. And with lots of readings and photographs seen from some huge masters: Ansel Adams, Edward Weston, Adreas Feininger and others.
Why didn’t I get the same perfection on my work? Well, I’m not the genie they were!


Texto e imagem: by me

Sorrisos!


- Olha, sabes guardar um segredo?
- Claro!
- Anda cá então. Mas olha que ainda é segredo.
- Sim, mas o que se passa?
E ela, quando se me lhe cheguei, alisou e esticou o vestido por cima do ventre. E sorriu para mim como ainda não o havia feito nos já quase quatro anos que partilhamos o emprego.
Claro que fiquei radiante. Nada tinha contribuído para aquela situação, mas sabê-la grávida pela segunda vez, mais a mais sabendo que havia havido algumas confusões no casal, foi bom de saber. Tanto mais que ela parecia estar satisfeita com o seu estado.
- De quanto tempo, perguntei.
- Dois meses. Soube-o hoje mesmo! Mas olha que ainda é segredo!
Claro que mantive o segredo, ou não teria eu sido merecedor da sua confiança.

Um ou dois dias depois, que eu andava esquecido, perguntei-lhe para quando seria o nascimento.
- Lá para finais de Setembro. Respondeu-me sorrindo
E acrescentou, com um semblante profundamente triste:
- Mas já cá não deverei estar por essa altura!
Naturalmente que quis saber o que se passava e fui esclarecido:
O contrato de trabalho com a empresa fornecedora de serviços terminará em Junho e, em sabendo-a eles grávida, pela certa que não o renovarão. Assim tinha sido aquando do seu primeiro filho e só muito a custo tinha dado a volta à questão.

O que acima está descrito é verdadeiro e tão fiel quanto a minha memória mo consegue recordar. Tal como não consigo esquecera raiva ou fúria que senti então, tal como agora, perante a situação delicadíssima que ela e o marido estão a viver. Tal como as decisões várias que lhes devem ter atravessado a mente, confrontados com a situação laboral e a eventualidade de terem mais um filho.
E vou tentar por de lado o facto de ser seu amigo e de o seu sofrimento me afectar.
Vou igualmente por de lado o facto de trabalharmos numa empresa que afirma, no final de cada anúncio de concurso interno para preenchimento de vagas numa dada função: “Esta empresa pratica uma política de igualdade entre homens e mulheres.”
Também vou pôr de lado esta situação acontecer na altura em que as instâncias políticas nacionais tentam sensibilizar a população para a necessidade de as mulheres fazerem parte activa da vida política e das listas de candidatos às eleições que se avizinham.
Vou falar apenas em questões de muito maior prazo e abrangência:
Se o país está a envelhecer, com aumento da esperança de vida e diminuição de nascimentos e se isso cria vários e graves problemas que se antecipam, desde logo a haver mais gente a consumir recursos que a produzi-los, então que raio de atitude é esta a da sociedade actual que não precavê o futuro? Numa análise muito materialista, novas crianças são novos escravos de trabalho, com ou sem contrato, que continuarão a alimentar as empresas contratadoras e o aparelho público com os impostos que pagarão. Será, no mínimo, absurdo não se plantar hoje mas querer ter a colheita amanhã!

Pela parte que me toca não ficarei quieto!
E se tiver que usar métodos pouco ortodoxos ou menos recomendáveis para que não torne a ver aquele olhar triste de partir o coração, não hesitarei.
Porque, no fim de contas, solidariedade não pode ser apenas uma palavra bonita, usada quando convém!
E é tão bom ver alguém sorrir de felicidade!


Texto e imagem: by me

quarta-feira, 25 de março de 2009

Grey wall


Some times, thats how we see life.

The only good thing is: The other side is full of colour!


By me

Lendas


Há muito tempo, antes da independência de Portugal, quando o Algarve pertencia aos mouros, havia ali um rei mouro que desposara uma rapariga do norte da Europa, à qual davam o nome de Gilda.
Era encantadora essa criatura, a quem todos chamavam a "Bela do Norte", e por isso não admira que o rei, de tez cobreada, tão bravo e audaz na guerra, a quisesse para rainha.
Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma tristeza se apoderou de Gilda. Nem os mais ricos presentes do esposo faziam nascer um sorriso naqueles lábios agora descorados: a "Bela do Norte" tinha saudades da sua terra.
O rei conseguiu, enfim, um dia, que Gilda, em pranto e soluços, lhe confessasse que toda a sua tristeza era devida a não ver os campos cobertos de neve, como na sua terra.
O grande temor de perder a esposa amada sugeriu, então, ao rei uma boa ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve se fizessem plantações de amendoeiras, e no princípio da Primavera, já elas estavam todas cobertas de flores.
O bom rei, antevendo a alegria que Gilda havia de sentir, disse-lhe:
- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo e contemplareis um espectáculo encantador!
Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco, que julgou ser neve.
- Vede - disse-lhe o rei sorrindo - como Alá é amável convosco. Os vossos desejos estão cumpridos!
A rainha ficou tão contente que dentro em pouco estava completamente curada. A tristeza que a matava lentamente desapareceu, e Gilda sentia-se alegre e satisfeita junto do rei que a adorava. E, todos os anos, no início da Primavera, ela via do alto da torre, as amendoeiras cobertas de lindas flores brancas, que lhe lembravam os campos cobertos de neve, como na sua terra.


Texto: algures na web
Imagem: by me

terça-feira, 24 de março de 2009

Ilustração cheia de ironia


Governo francês quer indemnizar vítimas dos testes nuclares

O Governo francês apresenta hoje no Parlamento uma proposta de lei que visa indemnizar as vítimas dos ensaios nucleares conduzidos pelo país entre 1960 e 1996 no Sahara e na Polinésia. Para isso serão afectados dez milhões de euros de provisão anual, apenas para o primeiro ano de entrada em prática da lei, sublinhou já esta manhã o ministro francês da Defesa, Herve Morin, citado pelas agências noticiosas.
No âmbito das indemnizações estarão incluídas tanto vítimas militares como civis, que trabalhavam quer para o Estado como para organizações como a Comissão de Energia Atómica, ou empresas sub-contratadas, assim como cidadãos argelinos e polinésios que viviam nas proximidades dos locais onde os testes nucleares foram feitos.
O Ministério da Defesa reconheceu não ter ainda um número concreto das vítimas, mas Morin calculou que “uns 150 mil trabalhadores militares e civis foram teoricamente afectados”. Todos os casos serão submetidos a uma comissão médica de avaliação chefiada por um magistrado e se for estabelecido um nexo de causa entre os testes nuclares e os danos de saúde da vítima esta será “totalmente compensada”.
A proposta de legislação do Governo francês – abrindo o processo de indemnizações a uma lista de 18 doenças, como a leucemia, o cancro da mama ou o cancro da tiróide – toma por referência os dados de um organismo das Nações Unidas, o Comité Cientifico da ONU para o estudo dos efeitos das radiações.
Durante muito tempo, as autoridades francesas recusaram reconhecer oficialmente a ligação entre os testes nucleares que conduziu – 210 até 1996 – e as denúncias de doenças feitas tanto por pessoal militar como civil envolvido nesses testes. Mas agora é tempo para a França “ser verdadeira com a sua consciência”, sublinhava Morin numa entrevista hoje publicada pelo diário “Le Figaro”.



Texto: in Público.pt
Imagem: by me

Kafka e a nossa metamorfose


O texto que se segue foi-me gentilmente enviado por Márcia Frazão. Que o tem publicado no seu blog www.marciarfrazao.blogspot.com. Que recomendo que seja lido com atenção.
Já quanto à imagem, é uma interpretação livre da minha parte sobre o tema. Vale o que vale!



Quando Gregório Silva despertou numa certa manhã em que ouviu, no rádio, notícias sobre um castelo fincado no sertão mineiro , viu surgir o primeiro sinal da metamorfose: duas estúpidas anteninhas bem no alto da cabeça que o obrigaram a ir para o escritório com um gorro mais estúpido ainda. Se tivesse lido Kafka, ficaria em casa, daria uma desculpa ao chefe da repartição e não se prestaria a tal vexame. Mas como não lera e ainda por cima era só mais um brasileiro aterrado com o desemprego, preferiu pagar o mico e garantir o parco salário.
Se a pressa de chegar ao trabalho não lhe fosse prioridade máxima (os tempos eram duros e, por qualquer bobeira, o sujeito dançava), Gregório veria que as ruas estavam apinhadas de gorros. Mas o medo do desemprego o impedia até de olhar para os lados.
Assim, com os olhos voltados para uma frente que corria o risco de desaparecer a qualquer momento, Gregório foi vivendo a vida com a cabeça enfiada num estúpido gorro. Até que lá pelos meados do ano, quando o escalão maior do Estado decidia expulsões ingratas, legalizações transgênicas, reformas nebulosas e construção de mais uma usina nuclear, surgiu o segundo sinal da metamorfose: duas asas asquerosamente cascudas que o obrigaram a tirar do armário o velho fraque do casamento e com ele ir vestido para o trabalho. Se Gregório tivesse lido Kafka, teria a certeza de que estava se transformando em barata. Mas como o seu tempo era curto para as leituras e já deixara de ser dinheiro há muito tempo, preferiu seguir a sua vidinha de dívidas e prestações, achando que as asas não passavam de um mero desvio da coluna.
Ao contrário do herói de Kafka, Gregório não podia se dar ao luxo de se trancar num quarto e virar barata. O antigo chefe já havia dançado e entrara no seu lugar a esposa de um vereador, amigo do diretor. E foi exatamente a nomeação da tal mulher que provocou mais uma etapa da sua metamorfose: duas patas cabeludas substituíram os seus braços. Como havia sido transferido do almoxarifado (a nova chefe, num acesso de faxinice aguda, eliminara todo o estoque de medicamentos), Gregório logo se adaptou às patas.
Acostumado com a naturalidade brasileira das adaptações, Gregório foi seguindo a vida aos trancos e barrancos. Às vezes, chegava até a agradecer a metamorfose. Sem precisar gastar dinheiro com nenhuma cirurgia, seu estômago encolhera e a falta de alimento na geladeira já não o assustava mais. O gorro estúpido já não lhe causava constrangimento, pois da noite para o dia virara moda.
Porém, como adaptação de classe média dura pouco, nesta semana, ao ver na TV as gastanças do senado com diretores de garagem, diretores de atas, diretores de cafezinho e diretores de adoçante e de venezianas, Gregório se viu totalmente transformado em barata. Olhou para os lados e viu a mulher, os filhos e a empregada arrastando-se pelos cômodos da casa, exatamente como ele. Arrastou-se até a janela e viu a rua apinhada de insetos. E quando já começava a tecer motivos para mais uma adaptação, viu na TV uma cena dantesca: os parlamentares haviam se transformado em gigantescas latas de inseticida.


Marcia Frazão

www.marciarfrazao.blogspot.com



Texto: by Márcia Frazão
Imagem: by me

segunda-feira, 23 de março de 2009

Beggar

One person, two points of view.




By me

sábado, 21 de março de 2009

On photography - Solstício


Photography has to be objective!
People, when looking at a picture, have to “see” the fork, the person, the sunset, the automobile.
But, further than the subject itself, more than the “what”, they also have to “see” the “where”: the table, the house, the sea, the road.
If any of those items aren’t readable at a glance, the viewer rejects the photograph or, at least, we ear the old six FAQ about photography.
Painters, as abstractionists or surrealists, have more freedom with their work, since the public, together with the understanding, try to feel something, knowing than that was the goal of the painter.
As for us, poor photographers, we have to walk through one of three options:
Either we don’t worry about those readings and questions and keep doing what we like and how we like;
Or we have to do it in a way that the viewer have to think and try to find out what we have to say;
Or we do a fast and easy pictures, with fast and easy readings, and give the public a pre-digest photography, with no questions made, but also with no answers.

This photograph was done in June 2008, some days before the 21th, somewhere around the 6 pm. This is the “When”.
And it was done by me. This is the “Who”.
It took place in the park where I use to do my “Oldfashion” project. This is the “Where”.
The rock is one that I use to take with me, as a helper to thinking and has something like 10 cm height. The background is the pavement of the park. This is the “What”.
The rock was on the ground, secured with a little piece of wood on the back and away from the lens. I use my Pentax K100D, with a 18-55mm lens, wide open and with the smaller diaphragm I could get. It was on the ground and I was knelling, peeping trough an 90º angle viewfinder. If I didn’t use it, I had to lay on the pavement, like a worm. This is the “How”.
I had in mind, when doing it, an homage to our ancestors, those of pre-historical times, that were able to identify the four main days of the year: the equinoxes and the solstices. And, having no writings, mat or other sciences known to us, aligned those huge monuments made of stone, pointing to the sunsets of those special days. Those achievements make me be with my mouth wide open, considering us, today, ignorant and unable to do anything deserving special recognition. This is the “Why”.

But the “whys” aren’t important to most of viewers, since their questions has been always about the “Whats” and the “Hows”. Even after reading the text.

Being so:
Either I’m a poor photographer, since I failed in communicating my message, the supposed main goal of photography;
Or photography is, in fact, a copy of the material universe and not at all the inside world of the photographer, expressed trough light and shadows on a flat surface.


Texto e imagem: by me

sexta-feira, 20 de março de 2009

As coisas que eu aprendo


Leio na imprensa que a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, afirmou perante correligionários europeus que estava segura de vir a ser a próxima Primeira-Ministra de Portugal.
Semelhante afirmação deixa-me verdadeiramente de boca aberta!
À uma porque parece esta senhora acreditar, com uma fé equivalente à que tem no movimento de translação da Terra, que o seu partido irá ganhar as próximas eleições legislativas.
Parece, assim, saber apara além de qualquer dúvida, qual a vontade dos portugueses e, com meses de antecedência, qual a atitude que irá ele tomar aquando das eleições.
Poder-se-á dizer que alguém com tamanha capacidade de prever o futuro, com tamanha certeza sobre as vontades e opiniões dos seus concidadãos, será a pessoa certa para gerir o que quer que seja, um país incluído. Que, podendo assim adivinhar o provir, será capaz de agir em função das suas premonições e, desta forma, não cometer erros.
Isto, claro está, se a afirmação daquele jogador de futebol estiver errada: “Prognósticos só no final do jogo!”

Mas também fico estupefacto com a minha ignorância.
Supunha eu que o sistema político vigente em Portugal determinava que as eleições legislativas servissem para que o povo português escolhesse os deputados que o representem na Assembleia da República.
E que, desta escolha, o Presidente da República Portuguesa convidasse o partido político ou formação política mais votada para apresentar uma figura para o cargo de Primeiro-ministro. Que teria que ser aceite pelo Presidente e ratificado no parlamento.
Mas, das palavras de Manuela Ferreira Leite, induzo que, afinal, as eleições legislativas servem para escolher, directamente, quem ocupará o cargo de primeiro-ministro. Que os cidadãos nacionais, ao colocarem o boletim de voto na urna, terão escolhido uma pessoa e que os restantes elementos constantes na lista serão apêndices ou “verbos de encher”.

Acredito que alguém que tanto sabe sobre o futuro e a vontade de todo um povo saiba mais sobre estas questões que eu mesmo, condenado que estou a ser um ignorante e mero eleitor.
E igualmente condenado a não acreditar que os altos cargos da governação são efémeros e que os santos que ocupam esses altares têm pés de barro acabando, cedo ou tarde, por caírem deles abaixo.
Perdoem-me por tanta ignorância!


Texto e imagem: by me

Cores do dia





By me

quinta-feira, 19 de março de 2009

Cores do dia - 2


Num dia ameno, antevendo a Primavera.



By me




Cores do dia - 1


Num dia ameno, antevendo a Primavera.


By me



quarta-feira, 18 de março de 2009

Limites


Disse alguém, por estes espaços e faz algum tempo, que “Não se pode matar um leão por dia”!
Nada mais verdadeiro!

A questão põe-se, no entanto, quando eles são tantos, ou nós vemos tantos, que somos empurrados contra a parede. Confrontados com leões de um lado (nem é forçoso que eles existam, mas basta que os sintamos) e uma parede sólida e cinzenta do outro, as alternativas são reduzidas:
Ou bem que os continuamos a enfrentar, até que nos faltem as forças;
Ou bem que tentamos subir por uma parede onde não nos podemos agarrar;
Ou bem que nos deixamos ficar, submergidos por garras e presas ou pelos escombros da parede que somos nós mesmos.
Resta-nos ainda a atitude do escorpião, mas creio que essa é o desespero final!

Com um pouco de sorte e, talvez, com um gurosan pelo caminho, lá nos levantaremos de novo e, de espada, de pena ou de objectiva, lá continuaremos a matar leões.
Até lá, tentaremos apenas rugir ao desafio, procurando manter aquele espaço vital que nos mantém do lado de cá da sanidade.


Texto e imagem: by me



Cores de hoje


Sintra
By me

terça-feira, 17 de março de 2009

O porta-moedas


Quando os vi chegar, o pequenito pela mão da mãe, ainda pensei que queriam fazer uma fotografia. Tinham desviado o caminho, directos a mim e o passo era decido.
Mas quando se aproximaram o suficiente para lhes notar detalhes nas feições, pareceu-me que não. Pelo menos seria uma estreia, o fotografar alguém, com a minha caixa, que estivesse a chorar. Aliás, bem que se poderia dizer que a senhora estava lavada em lágrimas, que a maquiagem estava escorrida pela cara abaixo, à mistura com as lágrimas.
A cara do pequenote também estava de acordo, bem séria, não chorosa mas com ar de bem preocupado.
A abordagem foi incomum: perguntou-me ela se eu teria encontrado, ou sabido de alguém que tivesse encontrado, um porta-moedas perdido. Não tinha eu, com pena minha, que o caso parecia grave e preocupante. Tanto mais que hoje é dia 17 e ainda falta uma boa quinzena para o final do mês e o respectivo pagamento de salário.
Afastaram-se, olhando em redor mas com ar de quem não tem muitas esperanças. O que eu entendi.
Um porta-moedas perdido não é fácil de reencontrar, a menos que seja dentro de casa. E um jardim, por muito familiar que nos possa ser, não é a nossa casa!

Passadas bem umas duas horas, eis que me surge uma conhecida. Não quer ser fotografada, não autoriza que a foto do neto esteja na net, “Que os pretos vão-na lá roubar para fazer bruxaria”, mas fora isso até que é simpática na conversa.
Conta-me ela que ali ao lado, portas meias com a basílica, fica a fundação Pró Dignitate, presidida por Maria Barroso e que a tal senhora, sempre seguida pelo filho, tinha por lá passado em busca do tal porta-moedas perdido. E a história ganhou detalhes:
Teria ela dado a carteira ao pequeno para ir comprar um gelado. Este, na volta, sentou-se no degrau para o comer e, em acabando e vindo embora, lá ficou: carteira com dinheiro e documentos.
Pelo que me foi contado, aquela que preside a instituição que fundou, soube do caso e perguntou-lhe se teria como regressar a casa, ao que terá sido respondida que não e que, como se não bastasse, residia em Sesimbra.
Aqui a história, contada em tom de fofoquice, ganhou foros de conto de fadas: A Maria Barroso terá aberto a sua própria carteira e ter-lhe-á dado 50 euros para que pudessem regressar.
Ao que me disse quem me contou o desfecho, não terá sido a primeira vez que esta Senhora terá tido atitudes equivalentes, perante situações de aflição e sem esperar algum tipo de retorno.
Mas, se bem entendo o gesto, o retorno é interior, é o saber-se a fazer bem sem olhar a quem, apenas porque é preciso fazê-lo!

Daqui da esplanada do Jardim da Estrela, bem em frente ao edifício a cuja porta tal terá acontecido, o meu obrigado a este Senhora, com S maiúsculo, por ter este e outros gestos semelhantes.
Viva quem faz!


Texto e imagem: by me

segunda-feira, 16 de março de 2009

domingo, 15 de março de 2009

Detalhes urbanos


By me





Hoje...


... Lisboa estava assim!


By me



sábado, 14 de março de 2009

15-DI-99


Se virdes o dono deste carro, podereis fazer-lhe a seguinte pergunta:
“Quantas mais vezes deixareis o vosso carro em cima do passeio, antes que alguém fique sob a rodas de uma viatura em trânsito?”

Mas se não encontrardes o proprietário legitimo deste automóvel, tendes AQUI muitas outras possibilidades de terdes a mesma conversa com outros condutores de igual nível de civismo.


Texto e imagem: by me

Sorte e azar


Nesta noite aziaga de sexta-feira treze, corri o risco!
Em vendo um gato preto, tratei de procurar um escadote e abriguei-me debaixo dele. Que nestas coisas de sorte e azar há que ser previdente.
E se sabemos que a negação da negação resulta em positivação, então ver algo que dá azar e procurar algo azarento anulará a primeira. Que redundará em sorte.
Claro que a minha expressão não é exactamente daquelas que demonstre a maior confiança. Nestas coisas da superstição eu, que não o sou porque dá azar, tenho as minhas dúvidas. E os meus receios confirmaram-se!
Que a fotografia não deu nada que se visse, o gato foi-se embora sem que lhe pudesse sequer fazer uma festa, o escadote não caiu e a noite acabou sem que nada de extraordinário acontecesse.
E eu, que queria ver o azar ao vivo e a cores, acabei por nem sequer dele ver a sombra. Já é preciso ter sorte!


Texto: by me
Imagem: by a friend

sexta-feira, 13 de março de 2009

As guerras que perdemos


Não gosto de muros! Menos ainda se possuidores de arame farpado ou vidros nos seus topos!
Para além de serem uma restrição à minha liberdade, no seu sentido mais amplo, são agressões passivas e quantas vezes dissimulada.
Mas, para nossa satisfação, a natureza também não gosta. E actua, ainda que com sua própria velocidade.
A erosão natural, ainda que lenta, vai derrubando todos esses muros e farpas feitas pelo Homem, mostrando-nos que, por mais que façamos, não a conseguimos vencer.
Ou, em alternativa, embelezando aquilo que nós fazemos, evidenciando que a nossa maldade não pode competir com a sua bondade!



Texto e imagem: by me

On photography - Ghost


Most film cameras have an ability that we can’t found in most of digital ones. That is the possibility of leaving the shutter opens for as long as we want. For some weeks, if needed.
This is useful for some kind of pictures, where very long exposures are the only solution. Or for the technique known as “open flash”. This was the case.

First of all, I found out the power of the flash (or guide number), that is, the f: stop needed for a given distance and film speed. Then I calculated the among of light retained by each colour filter.
On this corridor with opened doors, I marked the positions for each position for each filter, considering those calculations, being sure that the flash and myself would be out of framing.
All this was the “homework”.
For the picture it self, I asked a friend to be my model, knowing that she had the patience and likes for photography as I do.
I got the camera on a steady tripod, frame it very carefully and adjust the iris for the first exposure. Covered the lens with its cap, opened the shutter and locked it with the cable release.
She went to her position, all the lights were turned off, the lens cover removed and I went to the first position, the “white one”, and fired the flash. She left her position, the lens was covered and the lights turned on.
Then I adjust the iris for the orange light, went to my second position, the lights were turned off, lens cover off and the flash fired. Lens cover once more on and lights on.
And all over again three times, each one with a different filter, and it was done. Just one picture.

The fun with this kind of work is that we can’t see anything. We are photographing in the dark! We can’t see the effect of the lighting, its balance, its saturation, the areas covered or the shadows produced.
We have to believe, or have faith, in our knowledge about flashes, filters, exposures and exposures meters. And know something about mathematics and laws of light. We can’t also see its result the next moment. Or hours. We have to wait until it comes from the lab, hopping we didn’t forgot anything or had the wrong move. And the anguish we fell until we can have the photograph in our hands is also really fun!
I’ve used this “open flash” technique in several situations. One of the most useful is inside churches and other big buildings were the existent light is very dim and we have just one flash to work with. But we have to calculate not just the relation between the power of the flash and the distance of work but also it’s combination with the light that may enter from windows or came from lamps that may be there. And, the most difficult of all, the communication between the one at the camera to cover and uncover the lens and the one firing the flash, with or without filters. They don’t use to like loud voices in a church!
Now a days we have another problem: most of digital cameras don’t aloud this kind of long exposures. Some times, new technologies aren’t the best solution!

About this picture I have a huge doubt, not solved until now:
I don’t know if the best way to see it is the original framing, with the girl on the right, as if she is pushing the wall, or mirroring it, getting her on the left, as if she is holding the wall. I guess it depends on my mood and on what kind of reading I want.


Texto e imagem: by me

quinta-feira, 12 de março de 2009

Classic one


And just for the fun.


By me


Fungos


Em Março, eis o que encontrei num País, numa cidade, num bairro, numa empresa.
E, sendo que estes espécimes vegetais são importantes no Eco-sistema, já que se alimentam de matéria em decomposição e a renovam, pergunto-me em que estado estará essa empresa, esse bairro, essa cidade, esse país.
Ou, postas as coisas de outra forma, será que não farão falta fungos ainda maiores e mais vigorosos em alguns locais de alguns bairros de algumas cidades, neste país?



Texto e imagem: by me

quarta-feira, 11 de março de 2009

Um olhar






By me

Quem vê caras...


Conhecia-a de vista desde há uns anitos.
Morando aqui na mesma rua que eu, de quando em vez sai de casa quando estou a tomar o café matutino.
Atravessava o asfalto em passo rápido e, subindo a meia dúzia de degraus, pedia um café. Em voz sempre tão baixa que nunca se me deu para a ouvir. E, enquanto este vinha e não vinha e, de seguida, lhe deitava o açúcar regulamentar e a gosto, acendia um cigarro, alternado de seguida entre a cafeína e a nicotina.
Ficava sempre na ponta do balcão mais perto da porta e, assim que pagava a despesa, saía com o mesmo passo acelerado, dirigindo-se ao carro, com o qual seguia para onde quer que fosse.
Tudo isto contado no pretérito porque, com a lei do tabaco, deixou de frequentar este café. Apercebi-me, que continuei a vê-la atravessar a rua, que tomou gosto ao do lado, onde o cigarro não é proibido, recorrendo ao “meu” apenas à segunda-feira. Por via de dia de folga do outro.
Nada de especial toda esta estória, não fora eu ter um pequeno fraquinho por esta minha vizinha. Os seus trinta e tal anos bem medidos, o modo de andar bem como as suas feições são de molde a olhar segunda vez, que o que é bonito deve ser visto, e é o caso.
Mas algo sempre me fez nunca a bordar ou meter conversa, como seria de esperar entre vizinhos frequentadores do mesmo café ao longo de anos. Não sabia se a pose, se a expressão, se o que quer que fosse, havia ali algo que me impedia de nutrir simpatia por ela. Um destes dias percebi o quê.

Numa rua de baixo, alguns carros estacionavam no passeio, obrigando os peões, como eu, a recorrer ao asfalto se quisessem seguir caminho. E, como de costume, preparei-me para os fotografar para mais tarde colocar as imagens num espaço web que giro.
Pois a dita senhora sai-se-me ao caminho, afirmando-se dona de uma das viaturas e tentando impedir-me de fazer as fotos. O tom de arrogância, de despotismo, de “Eu quero, posso e mando” era de tal forma claro que percebi de imediato o que não havia gostado nela lá no café. Mesmo não lhe conhecendo a voz.
Claro está que a fotografia foi feita, com ou sem o seu agrado, e após uma muito breve troca de palavras bem secas. E publicada onde o costumo fazer. E, obviamente, não ilustro este pequeno relato com imagem do seu carro ou dela mesma.
Mas um dia, quem sabe, talvez a fotografe à surrelfa. E a publique. Para que se saiba como alguém tão agradável à vista pode ser tão desagradável e arrogante na conversação.
Entretanto, que lhe faça bom proveito o café e cigarro tomado ali ao lado. Para que não perturbe o meu cafezinho matinal.



Texto e imagem: by me

terça-feira, 10 de março de 2009

Tradições


Tradições são tradições, não importa onde, quando ou como!



By me

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sustos e sorrisos


Já não me recordava da história fazia tempo, mas veio à memória por estar a falar com alguém que frequenta o curso de medicina.
Em tempos foi-me pedido que fizesse um exame especial à vista. Uma endoscopia oftálmica!
Ao ouvir o nome, assustei-me. Não que me faltasse confiança no médico que mo havia prescrito ou nos técnicos que a haveriam de o fazer. Mas…
Que raio! Por onde entraria a sonda? Que secção teria para andar por dentro de tão estreitos vasos sanguíneos? Como iriam fazer para que o globo ocular ficasse imóvel para que a dita sonda visse o que haveria de ser visto?
Estas e outras questões não me puseram em estado de pânico, mas tiraram-me muitas horas de sono até ao dia fatídico. Que acabou por ser até divertido.
É que, após a sessão habitual de pingos e espera, mais pingos e mais espera, outra dose de pingos e dose reforçada de paciência (daqui o nome de paciente!), lá entrei na sala de exame. E fartei-me de rir ao constatar que, afinal, iriam usar o mesmo orifício por onde entra luz para vermos para perscrutar a minha retina, logo depois de uma injecção de um químico contrastante. E o registo era feito com uma câmara fotográfica igualzinha a uma que havia tido até pouco tempo antes, uma Pentax MX, fiel, robusta e prática de usar como poucas.
Aliás, até a película usada era igual às que havia usado nos tempos em que fazia preto e branco: Kodak Tri-X.
Estive para perguntar se usavam o mesmo revelador, o HC-110, pastoso na embalagem de origem e bera de diluir como poucos. Mas com um grão e uma continuidade de tons soberbos.
Claro que o chato foi o sair dali para fora, que nem os dois óculos bem escuros serviram para atenuar a luz solar que feria os meus olhos de pupilas hiper-dilatadas.

Pois esta história provocou um sorriso de memória e na cara de quem em ouvia. Que deveria saber bem o que seria e o que eu teria pensado.
O que já não conseguiu provocar um sorriso foi ver que essa mesma criatura, que frequenta um curso superior, escreve “Conheçe-lo”! Algo que nem mesmo o meu corrector automático de escrita me autoriza a fazer sem protesto! Quanto mais a memória do que é escrita e língua portuguesa.
Que eu diga, ao jantar, “Passa-me o sal, mas com cedilha, que sem cedilha faz mal à saúde!” é uma brincadeira que, numa primeira abordagem, provoca cara de espanto a quem em a ouve, logo seguida de um sorriso.
Espero bem que quem irá exercer medicina não cometa erros deste cariz ao pedir um exame completar de diagnóstico ou ao receitar um tratamento químico.
Que pequenos erros de ortografia podem ser a morte do artista. Ou do paciente, neste caso!


Texto: by me
Imagem: inside me

On photography - the doll


When I found this doll I fell in love! It’s eyes and face where so perfects, so “human” that I had to photograph it. So I took it with me.
The only problem was how to do it. What context would be? What kind of story it will tell us?

The answer came next day. When I wrote the text about the Feminine Genital Mutilation. This practice is so horrifying that an innocent face would be the right answer. And it was the doll.
The background was easily decided: It has to be neutral, heavy, black.
And the light has to be as smooth as the face. So I use the 2 meters wide window of my living room, with a white and defuse shade on it. To be sure of the blackness of the background, I tilt it a bit, so that the light wouldn’t get it strait. And, as a contrast control, a white reflector on the left did the job.
I put her (the doll has became human) facing a little to the right, trying to get some help from a distant and, maybe, unattainable future.
But I wasn’t satisfied with it. The hand was flatten with the head and the head with the background. And didn’t have the impact I wanted.
I added a 150 W lamp over her head, on the left and a little behind. Not just give me the back light it needs but also a contrast between the color temperature of the daylight and the lamp, warming it a little.
The head was faced to the lens, looking strait to the viewer. This way, no one could ever forget her eyes and the ask for help of text and image together.

She is there, on a shelf.
And I can’t look at her and do not remember of all of those girls in Africa, Middle East, Asia, and also Europe, forced to do this barbarian tradition. I hope it works with the viewers as it works with me!

After all, it’s not difficult to do a photograph. As long as the camera is working and the subject is there, we just have to push the button.
But knowing what we want to tell helps a lot!



Texto e imagem: by me

domingo, 8 de março de 2009

Não adianta!


“Não adianta dar murro em ponta de faca!”
Esta expressão, que tenho por oriunda do Brasil, é por si só tão explícita que dispensa comentários.

“Não adianta tentar fazer omeletas sem ovos!”
Expressão popular, que já por diversas vezes foi tentada desmistificar. Em pacote, em pó, liofilizados ou pasteurizados, ou bem que a matéria-prima era o velho ovo ou não se conseguiram obter omeletas.

“Não adianta esperar que a juventude se deixe ficar tranquila e conformada!”
Desconheço se esta expressão consta de algum manual de psicologia ou sociologia, mas a verdade é que é da inquietude e do inconformismo juvenil que surgem grande parte das novas ideias e criações. E que arejam velhas cabeças empoeiradas!

“Não adianta contar com empresas e povos bem geridos e livres se no topo da pirâmide existirem mentecaptos ou autocratas!”
Ignoro se esta expressão foi incorporada nalguma compilação de frases feitas, populares ou não. Caso não conste, convém que rapidamente se preencha essa lacuna. É que todos sabemos da história recente ou não tanto, próxima ou distante de nós, o quanto isto é verdade. Algumas medidas, despoticamente tomadas ou inconsequentemente avaliadas, podem parecer oportunas ou adequadas, mas com o passar do tempo demonstra-se exactamente o oposto.


“Não adianta decretar a lei da rolha!”
Esta expressão provavelmente não é original mas, e até demonstração em contrário, reclamo-lhe a paternidade.Numa sociedade virada para a comunicação e informação, onde a comunicação social é, efectivamente, o quarto poder e bem forte, tentar silenciar as bocas ou consciências é um acto fútil. E perigoso!Por motivos pessoais, corporativos ou políticos, por vingança ou ambição, dando a cara ou no mais cerrado anonimato, a fuga de informações, a denuncia, a calúnia, o soar das trombetas ou a coscuvilhice continuarão a proliferar.E quer seja por decreto ou normativo, em público ou em privado, ordem de serviço ou despacho, explicitamente ou como ameaça velada vociferada numa discussão… A lei da rolha é inconsequente.





Não adianta!





Texto e imagem: by me

Just a portrait


Margarida



By me

sábado, 7 de março de 2009

Turistas!


Desculpem lá qualquer coisinha, mas ela há coisas que me deixam fora do sério. Bem fora do sério!
Um casal de turistas, usando de língua materna o Francês, entra num restaurante Alfacinha.
Depois de sentados, é-lhes entregue uma ementa a cada um. E, com ar de enfado, é pedida uma ementa em francês.
Nem um esforço para perceber o que ali consta, nem o recurso a um guia rápido, nem o tentar falar com o empregado para entender o conteúdo!
Liminarmente, o menu português é recusado e exigido um outro!

Começando pelo facto de o perceber a língua do país em que nos encontramos e acabando na delicadeza que é devida a quem nos recebe, tudo isto que faz parte do turismo foi esquecido por este casal. E, com um sorriso de aparente indiferença, satisfeito pelo empregado, que recebeu o destrato deste casal com um conformismo de quem já está habituado a tal.

Não se trata de chauvinismo ou quejandos! Mas um “Por favor” ou um “Obrigado” teria sido delicado e recomendável. Assim como a tentativa de falar a língua dos “nativos”, por muito periféricos que possam ser na Europa.
E nós, com uma atitude de “verga espinhela” e subserviência, fazemos o que quer que seja para que os Euros, cunhados sejam em que país forem, continuem a correr. Não importando como somos tratados.

Estive para me levantar da mesa que ocupava e ir até lá, tratando-os na língua deles com meia dúzia de impropérios que eu cá sei. Mas, não apenas o jantar me tinha sabido particularmente bem para assim ser estragado, como iria, certamente, ser expulso pelos empregados, perante a cara de espanto dos restantes comensais.
Fiquei-me pelo registo das suas caras e por este desabafo!
Que uma fotografia feita à surrelfa e aqui assim posta fica bem ao nível do comportamento que assisti.

Em Roma como os romanos, que diabo!



Texto e imagem: by me

Hoje...


... Lisboa estava assim!



By me

sexta-feira, 6 de março de 2009

Warning!


Helsinki: The Finnish Parliament approved controversial legislation Wednesday that allows employers to track workers e-mails.
Lawmakers approved the government proposal in a 96-56 vote. Forty-eight were absent or abstained.
The new law, which is subject to the president's approval, does not allow employers to read employees' e-mails. But it gives them the right to track workers' e-mails by retaining information about such messages, including the recipients, senders and the time when e-mails have been sent or received.
It also allows them to see if e-mails contain attachments. If employers suspect a crime, they have to call in police to investigate.
Previously, the law was unclear regarding whether these practices were allowed.
Employers' organizations have strongly supported the law, saying it will help combat industrial espionage. Opponents say it will infringe on people's privacy.
"We must not be naive and imagine that corporate espionage does not happen here in Finland," Prime Minister Matti Vanhanen said. "We must find ways of making that as difficult as possible."
Local media dubbed the law "Lex Nokia" — Latin for "Nokia's Law — after news reports that the world's largest mobile phone maker had threatened to move its headquarters out of Finland if the legislation was not approved. Nokia has vehemently denied the accusations.
Nokia CEO Olli-Pekka Kallasvuo last week described the law as "important to Nokia," but denied having put any pressure on decision-makers.
"No, we have certainly not been guilty of threats, pressure or anything of that nature," Kallasvuo said in an interview on Finnish YLE TV on Feb. 25. "We have not been actively involved in this question."
A few hundred demonstrators protested outside Parliament when lawmakers began to debate the new legislation last month.
"Lex Nokia, full of mistakes; we don't want a police state," the crowds chanted.
The government proposal for the new law was brought to Parliament in an effort to improve data legislation dating from 2004 which both opponents and proponents said was unclear.
"What we are doing here is using 10 paragraphs to specify what employers can do and what they can't do," said Kimmo Sasi, chairman of the parliamentary constitutional committee. "In this way, it's clearer for both employers and employees."
It was not immediately clear when the new law would take force.



Texto: in several on-line news papers
Imagem: by me

quinta-feira, 5 de março de 2009

Universe


Sky made with concrete, sun made with glass, earth made with polystyrene.
Humankind universe!



By me, while having a cigarette, between two TV news shows, trying not to think about what I’ve just done and still have to do.
Some times I’m shame of my job!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Um olhar


Dalila



By me

Semiótica da silanética


A Carris, empresa de transportes rodoviários em Lisboa, tem uns novos veículos.
Aqueles em que tenho viajado possuem um atrelado, como outros já existentes, com um novo arranjo interior. O arranjo do espaço interior parece menos prático, mas será mesmo uma questão de hábito. E elogie-se a reserva de espaço adaptado a passageiros em cadeiras de rodas.
Tem também avisos luminosos e acústicos sobre a paragem seguinte, o que poderá ser útil para forasteiros à cidade e divertido para os alfacinhas, que sempre se podem entreter a tentar adivinhar com que antecedência esse aviso é emitido.
O que me deixa espantado é a sinalética estática existente no interior. Autocolantes vários, informam ou avisam sobre diversos aspectos, como se constata na imagem. E se dois deles são iguais a todos os outros visíveis em tudo quanto é transporte, já os restantes merecem algum reparo. Nomeadamente no que respeita aos códigos de cores.
Por convenção, a cor amarela usa-se em sinalizações de perigo, no código da estrada, radiações, eléctricos e outros. Pergunto-me, assim, se o amarelo usado na informação sobre a existência de câmaras de vigilância se destina a informar de perigo… para carteiristas, violadores e outros meliantes ou criminosos. E, já agora que falo nisso, sempre gostaria de ver uma câmara de vídeo-vigilancia com este formato, que me divertiria imenso.
Mas mais estranho ainda é o recurso da cor verde em sinalização informativa genérica, como seja “saída” e “abertura de emergência”. Ao que julgo saber e uso ler, a cor habitual para informar será azul, ficando a verde reservada para sinalizar “via livre”. E é isso que encontramos nos veículos mais antigos, desta empresa ou de outras, bem como em aeronaves e ferrovias e respectivas gares.
Estas noveis opções dos técnicos de comunicação da Carris parecem-me passar mais por questões de interpretação pessoal, ou gostos de origem não definida, que por convenções generalizadas e facilidades de leitura para os utentes.
A menos que um qualquer decreto governamental tenha alterado os códigos. O que se seria interessante divulgar junto dos utentes.
Curioso também será o interpretar da sequência dos três avisos de baixo, sabendo a leitura da esquerda para a direita habitual. E, já agora, as diferenças nos respectivos tamanhos, tanto de cada um deles como das letras neles inseridas.
Será que o estudo da semiótica da sinalética foi cadeira reprovada no curso de quem criou estes avisos?
Já agora, um pouco mais sobre cores e as interpretações formais ou culturais que elas nos permitem.
AQUI.


Texto e imagem: by me

terça-feira, 3 de março de 2009

Foi ali


Foi ali, mais coisa menos coisa, que tive o privilégio de fotografar alguém que me fez sentir particularmente pequeno.
Com uma idade provecta, como os factos que me relatou não podem deixar de mostrar, fez a seu tempo tradução durante os Julgamentos de Nuremberga. Esteve lá, ouviu todas aquelas barbáries de acusação e de defesa e foi sua função relata-las noutra língua.
Não se de Alemão para Inglês, se de Alemão para Russo, se de Alemão para Francês.
Em qualquer dos casos, fez História e fez parte da História!

Em frente da minha objectiva, de vídeo ou de fotografia, já passaram muitas e bem conhecidas personagens do mundo, quer se tratasse do mundo da política, das artes, da religião, do desporto.
Mas poucas, se alguma, intervieram nos acontecimentos recentes da Humanidade, como esta pessoa. Ainda que num papel apagado, tão apagado que não lhe encontrei referencia nas buscas que fiz na web. Nem de nenhum dos outros tradutores que lá estiveram, se algum ainda é vivo.

Pelo que esta pessoa fez, o meu obrigado por o ter feito!
E por me ter feito a honra de se deixar fotografar pela minha câmara!



Texto e imagem: by me

segunda-feira, 2 de março de 2009

Gostar, não gostar e abominar


A língua portuguesa é muito traiçoeira, costuma dizer-se.
Mas uma dessas traições estende-se a quase todas as línguas, tanto quanto sei. E prende-se com o termo “Não”.
Supostamente esta palavra significa a negação da afirmação a que está associada: “Não gosto”, “Não faço”, “Não vou”.
Mas se nos últimos exemplos os termo “não” implica o impedimento do verbo e, consequentemente, que ele não acontece, já no primeiro caso “não” não é uma imposição do seu oposto. O oposto de “Não gosto” não é “Gosto”!
Gostar implica uma atitude positiva ao que estiver em causa, uma atracção, empatia positiva. “Não gosto” será apenas a não existência desses sentimentos. E não a existência de sentimentos negativos.
Para estes usamos afirmações como “Detesto”, “Odeio”, “Abomino” e outras que tais.
“Não gosto” implica a existência de sentimentos neutros perante a situação descrita. Nada mais.

Por isso mesmo é-me impossível dizer “Não gosto” perante o aumento exponencial de cartazes dizendo “Trespassa-se”, “Vende-se”, “Fechado” e outros que tais em comércios pelo país fora. Pequenas lojas, algumas com várias dezenas de anos de existência, vão fechando as portas a cada dia que passa. E se, nalguns casos, trata-se de os seus proprietários se terem reformado, noutros é mesmo uma questão económica, de incapacidade de sobrevivência da actividade.
Temos vindo a notar isto mesmo aos poucos, com as grandes superfícies e centros comerciais a derrotarem o pequeno comércio, com os seus preços por atacado, promoções imbatíveis, cartões de cliente e afins. Mas, ao que parece, a crise e o disparate feito por alguns poucos da grande finança estão mesmo a matar estas pequenas actividades. E, tratando-se muitas delas de empresas de cariz familiar, a atirar estas famílias para a incapacidade de proverem ao seu sustento. Bem como das dos poucos empregados que pudessem ter.
Sobre tudo isto é-me impossível dizer “Não gosto”! Tenho mesmo que afirmar que “Odeio”, Detesto”, “Abomino”!
E faço estender estes sentimentos àqueles que providenciaram que tal acontecesse. Os das grandes finanças que, aconteça o que acontecer, não passarão fome. Bem como aqueles que têm vindo a defender a competição, quase que desenfreada, entre empreendedores, corridas económicas em que os mais fracos, capazes de andar mas incapazes de correr a essas velocidades, acabam por soçobrar. Eles e os que com eles vivem.
Mas os políticos e os macroeconómicas continuam a andar em bons carros, comprar em lojas dispendiosas e a fazer experiências políticas e financeiras das quais nunca pagarão os juros, quanto mais as dívidas.
Para esses, o meu sentimento bem definido de ódio e a esperança de ter o gosto de, um dia, poder escolher-lhes o candeeiro onde ficarão pendurados para exemplo dos vindouros!



Texto e imagem: by me

E se...


... lá não estivesse o aviso?

domingo, 1 de março de 2009

On Photography - Portrait of a stranger


There I was, working on my “Oldfashion” project, when they came.
Mother and daughter, they want to know what that was. And want their picture done, after which the young girl run to the playground. In fact, that was the reason why they went to the park.
But the mother stay around, chatting a little, while I was attending other “customers”, making me understand that she may want some other kind of pictures than just the classic one. But, since I was working with the “wooden” camera, I give her a hand mirror that I had taken with me for some other project, so that she could have something to play with until we could do it.
A mirror in the hands of a woman can do miracles! Not just is an object were she can have their hands and do something with them, but also make her to be sure about her looks, getting some confidence about her self. And she gets comfortable about the photos to be done!

The light was just as I like it! The sun very low, giving a very strong backlight, with well defined contour around the figure. The sky was clear, giving a soft and fill light on the subject, allowing shadows but not strong ones. The background was a little bit darker than the foreground and distant, giving a notorious sense of deep, being neutral at the same time.
The first picture was an “Over the shoulder” with her reflection on the mirror. A classic shoot, with just a bit sensuality, almost undefined. Nice, but not what I wanted.
Then I did this profile one. Just one picture. And that was it! The light, the expression on her face, the composition… Everything that could be done at that time was done. Anything else as to be worked with the image processor.
The first thing to take care of was her face. In our conversation, she told me that her grief was those pimples, giving her a look of a teenager that she wasn’t any more. I make a new layer with just her skin, wipe out the pimples using the rubber stamp tool and reduced the opacity of the layer. This way, they were visible but very smooth, almost as if they weren’t there.
Then I crop it. I like wide horizontal photographs and I had it in mind when I pressed the shutter. After all, we do see the world from left to right and not from top to bottom.
Before considered it as finished, I wondered if I should flip horizontally. If I had already lied, I could keep doing it. And the portrait was an interpretation, not a faithful document.
But, from the chat we had, I was sure that her past was too heavy to be left over, and her future a distant quest. I keep it as it was.
There was just one thing left to do: her permission to publish it. And I got it by e-mail.

It is not an easy task to portrait a stranger. It’s always a fight between the model’s truth and the photographer’s truth. I guess this one is somewhere in the middle.



Texto e imagem: by me