terça-feira, 24 de março de 2009

Ilustração cheia de ironia


Governo francês quer indemnizar vítimas dos testes nuclares

O Governo francês apresenta hoje no Parlamento uma proposta de lei que visa indemnizar as vítimas dos ensaios nucleares conduzidos pelo país entre 1960 e 1996 no Sahara e na Polinésia. Para isso serão afectados dez milhões de euros de provisão anual, apenas para o primeiro ano de entrada em prática da lei, sublinhou já esta manhã o ministro francês da Defesa, Herve Morin, citado pelas agências noticiosas.
No âmbito das indemnizações estarão incluídas tanto vítimas militares como civis, que trabalhavam quer para o Estado como para organizações como a Comissão de Energia Atómica, ou empresas sub-contratadas, assim como cidadãos argelinos e polinésios que viviam nas proximidades dos locais onde os testes nucleares foram feitos.
O Ministério da Defesa reconheceu não ter ainda um número concreto das vítimas, mas Morin calculou que “uns 150 mil trabalhadores militares e civis foram teoricamente afectados”. Todos os casos serão submetidos a uma comissão médica de avaliação chefiada por um magistrado e se for estabelecido um nexo de causa entre os testes nuclares e os danos de saúde da vítima esta será “totalmente compensada”.
A proposta de legislação do Governo francês – abrindo o processo de indemnizações a uma lista de 18 doenças, como a leucemia, o cancro da mama ou o cancro da tiróide – toma por referência os dados de um organismo das Nações Unidas, o Comité Cientifico da ONU para o estudo dos efeitos das radiações.
Durante muito tempo, as autoridades francesas recusaram reconhecer oficialmente a ligação entre os testes nucleares que conduziu – 210 até 1996 – e as denúncias de doenças feitas tanto por pessoal militar como civil envolvido nesses testes. Mas agora é tempo para a França “ser verdadeira com a sua consciência”, sublinhava Morin numa entrevista hoje publicada pelo diário “Le Figaro”.



Texto: in Público.pt
Imagem: by me

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