quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Trocas urbanas




Eu sei que sou matreiro. Mas também sou um nico acanhado, quando se trata de pedir para fazer uma fotografia.
Assim, aproveito quando a ocasião se apresenta para trazer mais um troféu.
Eram dois, ele e ela, que por ali andavam meio desesperados, a tentar que lhes dessem um cigarro.
Enquanto fumava o meu e matava tempo até ao meu comboio, ia vendo as suas manobras, fazendo apostas comigo mesmo sobre qual deles me abordaria. Foi ela.
E ao seu “Dá-me um cigarro, por favor?” retorqui: “Dou. Mas peço algo em troca.”
O seu ar de espanto era previsível e, antes que perguntasse que queria eu, disse-lhe que queria fazer-lhe uma fotografia. Hesitou e aceitou.
Enquanto tirava a cigarreira do bolso e a abria para que tirasse um, ia pensando como abordar a situação: já era de noite, a minha câmara de bolso não se dá muito bem com autofocos em muito próximo e com pouca luz… Seria difícil fotografar só os olhos, como gosto.
Optei por um retrato mais clássico, com flash e tudo, uma “vertical” como raramente faço.
Em a fazendo eu e mostrando-lha, chamou ela o amigo para que a visse também. Não gostou, disse-mo, do seu nariz, mas que era problema dela. E, pensei eu, o flash na câmara – que odeio – também não ajudou.

Seguiram eles p’las escadinhas do Duque acima, bem mais mal agasalhados que o recomendado, e fiquei eu à espera de embarcar rumo a casa.
Fica o registo: Patrícia de seu nome, que fez questão de corrigir o amigo e não me dar o seu “nome de guerra”.

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Por um cigarro




Encontrámo-nos por mero acaso junto à igreja de São Domingos, em Lisboa: eu de passeio, ele em trabalho.
E enquanto esperava ele que saíssem os fieis para um “voz populi”, ficámos à conversa sobre os tempos idos e os tempos presentes.
Enquanto ali estivemos, quatro ou cinco aproximaram-se de nós por um cigarro. Todos daqueles que por ali costumam estar, mesmo depois do anoitecer e já com vários grãos na asa.
Um deles, depois de receber o que pedira e de um início de conversa forçosamente atabalhoado e p’lo próprio reconhecida como já confusa, quis-lhe agradecer a dádiva com um aperto de mão. Que o meu interlocutor recusou, não muito disfarçadamente.
Quando ficámos só os dois, ouvi-lhe:
“Pois! Somos todos iguais, mas uns mais limpos que outros, caramba. Sei lá por onde andou ele com as mãos!”
Quando, muito pouco tempo depois, me afastei, foi a sua vez de ficar com a mão estendida e vazia.
É que, caramba digo eu, acredito que a sua mão estivesse limpa. Mas a sua mente, essa, bem p’lo contrário.

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Esta é sem enfeites ou imagens, gaita!

Leio num jornal que “Passos ouve Grândola, Vila Morena e insultos”.
Este é o título e o artigo conta-nos que se passou à entrada e saída do Pátio da Galé, em Lisboa.
Depois de mais alguns detalhes sobre o sucedido, termina com, e cito:
“Vários ministros têm igualmente ouvido Grândola Vila Morena e insultos em iniciativas públicas.”

Talvez que esse seja mesmo o nosso problema!
Enquanto este governo vai decidindo sobre a nossa vida privada, a contestação e o protesto dos cidadãos fica-se p’los eventos públicos.  
Só mesmo quando esses figurões tiverem na sua vida privada aquilo que impõem aos demais portugueses isto tomará outros rumos!
Faz sentido que nos juntemos para protestar. Mas só fará sentido quando esses protestos acontecerem sob as janelas de quem nos vai hipotecando o futuro, que o presente já o venderam.
Façamos os protestos e contestações da mesma forma que nos sentimos prejudicados: junto às suas casas, à porta das escolas dos seus filhos, nos trajectos para o trabalho das suas esposas ou maridos, nos acessos aos lares onde os seus pais estão…
E, se forem internados no hospital onde estiverem, se forem ao cinema na respectiva bilheteira, se comprarem um livro na caixa registadora…
Os eventos e iniciativas públicos duram apenas alguns minutos, não sucedem com todos os responsáveis nem todos os dias.
Quero ver estes senhores e senhoras a provarem do mesmo remédio que impõem a todos nós!

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Manuais




A história é velha de mais de trinta anos.
Comprei este fotómetro a um amigo e mestre, já usado e em excelentes condições de funcionamento.
Usava-o ele, essencialmente, para fazer medições de luz incidente e tinha-lhe sido fornecido uma ainda melhor. Vantagem minha.
Acontece que, já em casa, constato disparidades entre a sua leitura de luz reflectida e os resultados apresentados pela minha câmara. Estranhei e tratei de comparar as medições com outros aparelhos. Sempre a mesma diferença: um stop mais fechado em leitura reflectida. Em leitura incidente estava correctíssimo.
Não havia net como hoje nem os respectivos fóruns. E o manual de instruções, sempre vital, não me fornecia nenhuma indicação, numa primeira abordagem.
Mas a leitura atenta e interpretativa deu-me a resposta: tratando-se de um “fotómetro de estúdio” estava preparado para fazer medições directamente a partir do tom de pele e não de um cinzento com 18% de reflectância como eu queria e todos os outros aparelhos faziam. É interessante este método, supostamente dá resultados mais rápidos, mas é muito ambíguo, já que os tons de pele variam enormemente de individuo para individuo. Aliás, de zona do corpo para zona do corpo.
Resolvi a questão recorrendo ao espírito inventivo e de “desenrasca” que tão bem nos caracteriza:
Na grelha usada para medição reflectida, que aqui se vê entre os meus dedos, tapei alguns dos orifícios com fita preta. Tentativa e erro até os resultados serem os que queria. Bingo!
Até hoje matem-se fiel e constante nas suas medições, nunca me deixando ficar mal naquilo em que o usei.
O que acaba por ter piada é que há um ano e pouco comprei um outro fotómetro. No caso específico, um exposímetro, já que não indica quantidades de luz mas tão só a exposição a fazer com ela. Luz continua e flash, luz incidente e spotmeter. Tudo em um.
A verdade é que, em modo spot constatei a mesma variação de um stop quando comparado com outros aparelhos que possuo. A marca é a mesma, “Seconic”, e a minha memória acordou. O manual de instruções está na net e forneceu-me a confirmação do que suspeitava: feito para medir a luz na pele do modelo.
Sendo um aparelho digital (L-558), a sua re-calibração foi bem mais fácil e rigorosa, permitindo-me manter os métodos e resultados consistentes do que vou fazendo.

Saber interpretar aquilo que usamos ou fazemos e ajustá-lo à prática é vital em tudo o que fazemos: fotografia ou vida.
A grande vantagem da fotografia é que vem com manual de instruções.

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Na minha janela




Mais ou menos 38º48’N 9º23’W, 01.15 H Hora de Lisboa, 28/02/2013, terceiro andar, ar livre.
Sempre gostava de encontrar esses tais cientistas que andam para aí a falar em “aquecimento global”!

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Noite fria




A noite está fria. Facto completamente vazio de novidade.
Fria a ponto de se prever que possa nevar em Sintra, coisa rara.
Fria a ponto de os poucos que caminham p’la cidade o fazerem rapidamente para aquecer os pés e fugir da friagem.
Fria a ponto de não se ver vivalma no acesso superior da estação do Rossio p’las nove e pouco da noite.
A noite está fria. Ponto.
No entanto, e p’la leitura que fiz dos jornais diários on-line, não encontrei referencia alguma a medidas extraordinárias de apoio a sem-abrigo na cidade.
Nem referências a iniciativas municipais, nem referências a iniciativas de ONGs, nem referências a aberturas ocasionais de estações de Metro ou ferroviárias para os acolher, nada.
Não sei se as boas-vontades se esgotaram com os sem-emprego, se há intenção de extinguir esta classe de cidadãos que ensombram o apelo ao turismo, se os que costumam fazer estes actos de solidariedade decidiram fazê-lo sem alarido. Esta última opção parece-me muito pouco provável, já que estamos a aproximarmo-nos de eleições e estes gestos contam votos.
Sorte, mas sorte mesmo para os que se cobrirão de cartões e pouco mais, é não estar vento mas tão só uma ligeira aragem.
Esperemos que a “contagem” matinal seja idêntica à do anoitecer.

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Menos dois




Lá, onde eu trabalho, a informação escorre. Talvez não seja a mais completa. Talvez não seja a mais pertinente. Talvez que não seja a que mais agrada. Mas a informação escorre.
Escorre-nos p’los dedos, escorre-nos p’lo corpo, escorre p’las paredes, escorre p’las antenas e teclados.
Escorre!
É assim que fico preocupado quando vejo gente que comigo ombreia na labuta diária ignorar aspectos importantes da vida nacional. Dos que foram e dos que serão.
Bem sei que cada um tem os seus interesses. Uns p’la moda e fofoquice, outros por carros e bola, outros por artes e literatura, outros sobre ecologia e afins, outros sobre o como evitar pagar isto ou aquilo, mesmo que o devam…
Mas não saber enunciar quem são os elementos da troika ou nem desconfiar do que acontecerá no próximo sábado…
Isto não é mera ignorância do que acontece em seu redor. É desprezar de todo o que os seus concidadãos fazem, pensam e sentem, é entender que o universo se resume a eles mesmos e que o resto é acidente lamentável.
Dou de barato, ainda que me custe, que alguém não saiba de que lado fica o sul quando se está virado p’ra norte. Tal como até posso admitir que alguém pense que uma raiz quadrada é um tubérculo que estudou geometria.
Mas, p’lo menos, leiam um jornal, ou oiçam um noticiário ou vejam um telejornal de quando em vez.
Mas, e já que trabalham onde trabalham como eu mesmo, recolham um pouco do que escorre e aproveitem-no.

A lista de gente com quem acho que vale a pena conversar acaba de perder dois elementos.

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Um tributo




Este é um tributo ao que foi.
Está mais que na altura de tratarmos do que será.
Que se não formos nós a cuidarmos de nós mesmos, quem cuidará?

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Vou-me deitar




Vou-me deitar com a tristeza de saber que há gente jovem, abaixo dos trinta, que não entende que gente com o dobro da sua idade possa ter como ambição o não ter rotinas, o procurar coisas e caminhos novos, o querer diversificar e inovar…
Vou-me deitar para dormir a correr, que amanhã é dia novo, com coisas novas p’ra fazer, mesmo que no rame-rame de um ganha-pão.

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Alternativa




Confesso que não era bem isto que tinha em mente quando pensei em fotografar a Lua-Cheia de Fevereiro.
Mas se anteontem não acertei nas posições relativas Sol-Terra-Lua e se ontem não me foi possível estar onde e como queria, hoje já nem me lembrava dela.
Mas em aqui chegando, foi ela que não quis que me esquecesse eu do nosso encontro e mostrou-se-me assim: grande, redonda, amarela e pertinho do horizonte.
Para que tudo batesse certo, hoje, faltava apenas que tivesse objectiva para fazer jus ao que via. Não tinha!
Fiz o que pude com a câmara de bolso e a luz existente no local, sem mais enfeites que os que a perspectiva possível que o comprimento do meu braço permitiu.
Os antigos, muito antigos, ajustaram os seus calendários ao movimento lunar. Alguns ainda o fazem, num equilíbrio precário entre aquilo que nos orbita e aquilo em torno do qual orbitamos nós.
Esta fotografia é, talvez, uma relação entre o que sou, o que vejo e o universo que nos cerca.  

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Um tipo acorda com uma daquelas vontadinhas danadas de esmurrar alguém.
Pode ser qualquer um: Aquele parente safado, aquele vizinho levado da breca, aquele chefe impróprio p’ra consumo…
Agora aquilo que me apetecia mesmo, mas mesmo mesmo, era usar esta energia matinal no trombil de uns quantos energúmenos, cuja actividade mais não tem servido que para nos infernizar a vida a todos e cujo apodo aqui não ponho por uma questão de decoro.

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Quadras populares




Confesso que são manhãs como esta que me fazem recordar o quão inventivos podem ser os poetas populares e como, a propósito do que vão vivendo, são capazes de glosar.
E vem-me à cabeça esta quadra, tão velha quanto a Sé de Braga:

Nem tá de chuva
Nem tá d’orvalho.
Tá é um frio do
Arco da velha.

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


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O que apetece fazer quando se lê que um ministro de Portugal se congratula por “ter conseguido manter a paz social no país durante o programa de ajustamento imposto pela troika”, e lá fora oiço gente a revolver os caixotes do lixo antes que venha o respectivo camião?

Dois manifestantes cantaram “Grândola” ao ministro Álvaro Santos Pereira, em Londres, hoje.
Falharam!
Deveriam ter-lhe cantado um qualquer Réquiem, justificado.

Corrigindo um artigo de jornal sobre profundidade de campo e tamanho de sensores


Este é o artigo conforme o li no jornal Público.
Presunção minha, mas entendi que o deveria corrigir e complementar, ainda que p’la rama.
Isto foi o que me saiu, assim meio às três pancadas e entre dois cafés, e enviado para o referido jornal.

“Entenda-se que este artigo estará, quiçá, mal traduzido.
Onde se lê “uma lente mais larga”, e dando de barato que não será “lente” mas antes “objectiva”, leia-se “objectiva de maior ângulo”, vulgo “grande angular” ou ainda “focal curta”.
Por outro lado, e ainda que de uma forma confusa e incompleta, fala-se num factor vital para se controlar a profundidade de campo: a escala de reprodução”. Por outras palavras, a relação entre o tamanho do assunto e o tamanho da sua imagem no sensor. Quanto maior a escala de reprodução, menor a profundidade de campo.
Tomemos o seguinte exemplo: duas imagens feitas de um mesmo ponto de um mesmo assunto e com a mesma abertura de diafragma: A e B. A A com uma distância focal menor que a B. Se, depois de feita, ampliarmos o resultado da imagem A para que o assunto fique do mesmo tamanho que na imagem B, verificaremos que a profundidade de campo será igual, já que a escala de reprodução é idêntica, tal como o diafragma. Terá é que ser considerado a introdução de “ruído” na imagem, fruto da ampliação feita.
Falta acrescentar um factor importante e complexo chamado “círculo de confusão”. A área no alvo onde fica reproduzida a imagem de um ponto. Isto porque diferentes comprimentos de onda de luz visível, ao atravessarem os vidros de uma objectiva, não são deflectidos da mesma forma, já que alteram a sua velocidade. Donde, dois raios luminosos, provenientes do mesmo ponto, depois de passarem por uma objectiva, produzem (se considerarmos apenas o verde, vermelho e azul) seis pontos no alvo ou sensor.
É esta área, que depende da qualidade dos vidros usados, das suas densidades, das suas curvaturas e dos tratamentos de superfície, que se chama “círculo de confusão”.
Quanto mais perto do alvo se encontrar o centro óptico da objectiva, menor será também o círculo de confusão.
Assim, e sendo que para um alvo ou sensor maior e para um mesmo ângulo de visão, a distância focal (distância entre centro óptico e alvo ou sensor), o círculo de confusão aumenta, dando como resultado que, para uma mesma abertura de diafragma a profundidade de campo será menor.

O assunto não é fácil de abordar nem de entender. O artigo, ainda que interessante, peca por confuso, inexacto e incompleto. É pena.“

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Relatando




Já mudou ligeiramente de sítio.
Se da última vez que a fotografei estava juntinho a um dos carris, agora encontra-se mais ou menos a meia distância entre eles.
Suponho que esta mudança de poiso se deve tão só a alguma deslocação de ar aquando da passagem de uma composição sem paragem. Mesmo que abrandem ao atravessar a estação, sempre vão rápidos.
E começa a ser patusco verificar como este chinelo ou sandália se vai aqui mantendo, heroicamente, apesar das limpezas periódicas a que a brita e chulipas são objecto. Não se será mecânico ou manual, que nunca assisti, mas o certo é que os detritos “gentilmente” arremessados para a linha são recolhidos: jornais, garrafas, canetas, rolhas, pontas de cigarro, embalagens variadas, lenços de papel…
Contra tudo e contra todos, esta sandália mantém-se aqui, na linha três da estação do meu bairro, desde 16 de Setembro, pelo menos.
Numa espécie de desafio ao tempo, às intempéries, à minha curiosidade e aos profissionais de higiene da ferrovia.
Olhando para ela, e vejo-a todos os dias que fica mesmo junto à escada de acesso ao cais de embarque, pergunto-me se a sua dona já nela terá reparado e que será feito do seu par.
Se para outra coisa não servir o aqui assim jazer, servirá para dar asas à imaginação. E para fotografias quase repetidas. Mas só quase.

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Prazeres




Talvez que me esteja a repetir. Melhor: sei que me estou a repetir.
Mas desculpem lá isso.
É que estar ainda com os atavios de falar com Morfeu, numa manhã fria, com uma chávena de café acabadinho de fazer nas mãos, ao sol que me entra p’la janela…
É uma daquelas satisfações que faço questão de saborear.
No entanto, tenho uma confissão a fazer: esta é a segunda chávena. A primeira foi um prazer egoísta e privado.

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Promessas



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Óscar




E se amanhã alguém me perguntar alguma coisa sobre os Óscares, provavelmente pergunto-lhe:
Qual deles: o Acúrcio ou o Alho?

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Luzes (luas) cruzadas


 #1


#2


#3

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Deduzindo




E que deduzes tu disto?
Bem! Para começar, alguém viajou nesta carruagem. Quando viajou o comboio não estava cheio. Esse alguém tinha fome. Era guloso. Não gostava de sujar os dedos. Pouco organizado. Descontraído. Porco a ponto de conspurcar o espaço público.
Elementar!

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Não são lá muito bom de confiar as pessoas que não têm vícios.
Mas é de fugir a sete pés das pessoas que não têm sonhos.

OVBI




É o Super-Homem? É o meteoro do apocalipse? São os ETs?
Não! É um OVBI. Objecto Voador Bem Identificado.
E pergunto-me: com o fresquinho que está cá em baixo e o rasto que ele deixa, que temperatura estará lá em cima?

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Lindo




Bom amigo fez-me presente desta pequena preciosidade:
O “British Journal Photographic Almanac” de 1946.
Segundo ele, tinha-o lá por casa, no meio de muita “tralha” e, no lugar de o deitar fora, decidiu passá-lo a quem lhe desse valor: eu.
Os meus agradecimentos e uma vénia p’la lembrança e presente.
Numa leitura obrigatoriamente rápida, que me foi presenteado ontem mesmo, constatam-se diversos aspectos:
Na parte dos anúncios:
Vários vendendo câmaras de fotografia aérea. Será coisa estranha, caramba: quem compra, assim do pé para a mão, câmaras para instalar em aviões. Mas será menos estranho se se pensar que a data é 1946 e estas câmaras serão sobras da guerra.
Inúmeros fabricantes de objectivas, cada qual gabando a nitidez do seu produto. Hoje mais se preocupam com as resoluções das câmaras que com a qualidade das objectivas, para desalento de quem observa fotografia com olhos de ver.
Diversos fabricantes propagando as qualidades dos seus materiais fotossensíveis – papeis e negativos. E chamando a atenção para os pancromáticos e os orthocromáticos. Bem como película rígida e em rolo. Quem saberá, hoje, a diferença entre as sensibilidades cromáticas dos suportes?
Nos artigos, ressalva para já para os formulários e respectivas vantagens deste ou daquele componente. Fixadores rápidos, reveladores de grão fino, viragens, toners, indicadores de acidez…
Um outro sobre retrato, que merecerá uma leitura atenta.
E um outro, que muitos deveriam ler os correspondentes actuais, sobre legislação de trabalho e do direito à imagem.
Quanto às fotografias exibidas… uma há que creio conhecer, não sei bem de onde, que não reconheço o nome do autor.

Por outras palavras, ontem ofertaram-me a versão de 1946 do Flickr, do Olhares e do Google num só pacote.

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Porque é Domingo




Uma fotografia na web despertou-me a curiosidade e fui confirmar.
Era verdade e encontrei este pedacinho delicioso na Bíblia.

“…
Mas se a acusação for verdadeira e não se provar a virgindade da donzela, esta será conduzida à entrada da casa de seu pai e os habitantes da sua cidade apedrejá-la-ão até que a morte sobrevenha, porque cometeu uma infâmia em Israel, prostituindo-se na casa paterna. Assim estriparás o mal do meio de ti.
Deuteronômio 22-13:21”

É este o livro sagrado e são estes os ensinamentos que tantos milhões no mundo usam como referência no mundo?
A “Bíblia” é um dos livros que tenho aqui por casa. De permeio com alguns outros que foram ou são referências e inspiração para a humanidade. Como o “Corão”, a “Tora”, o “Livro de Jonas”, entre outros. Faltam-me, nessa prateleira, “O Capital”, “A minha luta” e mais uns quantos.
É sempre bom saber o que tem levado os meus iguais à loucura total, justificando tantos assassínios e crueldade.

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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Dandy




Não é fácil de me acontecer, mas de quando em vez lá estou eu neste dilema: não sei qual a palavra certa para usar.
Em português a que me vem à cabeça é “Pedante”, mas não me soa bem no caso.
Em seguida recordo dos termos “Snob” e “Dandy” em inglês, velhos de séculos, cujo rigor no caso não sei como exacto.
Seja como for, “Dandy” é a que me soa melhor.
Isto a propósito de alguns jovens (se fossem de origem africana ou cigana, se vivessem em bairros degradados e se tivessem cometido algum crime, os jornalistas chamar-lhes-iam “homens” ou “mulheres”) que, tendo “nascidos em berço d’oiro”, mantêm a contestação própria da sua idade, contra o sistema, a geração anterior e a situação da sociedade, mas sempre com a dualidade de não contestar muito para não porem em causa as suas próprias origens e status.
São genuínos nas suas atitudes, são sinceros nos seus gostos e desgostos, são honestos nas suas opiniões. Mas debatem-se, talvez que sem saberem, numa dualidade que os transforma em contestatários híbridos, com opções de vida e de classe contraditórias.
E gosto destes Dandys!
Que se não deixaram formatar por completo p’las origens e educações familiares, que pensam p’las suas próprias cabeças, mesmo que com emoções contraditórias.
Quando os tenho por perto faço o que posso, com o activismo da palavra e do exemplo, para lhes limpar o que reste das imposições familiares, dos tabus sociais, dos atavismos ancestrais.
Não é trabalho fácil, que há que abordar devagarinho, sem entrar em demasiado confronto com algumas ideias ou conceitos quase genéticos.
Mas é um jogo se subversão ou sedução sócio-política delicioso, que nalguns casos me proporciona vitórias divertidas e importantes.
Até porque, e isto nada tem de novo, as revoluções só vingam quando as mentalidades mudam.

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Tinha chovido um pouco



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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Hoje!




Isto estava escrito, faz tempo, num tapume de obras de uma escola.
Eu acrescentaria, como mensagem a todos que não apenas aos alunos:
“Age hoje! Os teus filhos, amanhã, vão-te agradecer.”

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Cogitações matinais de quem espera p'lo café




Enquanto preparo o matinal café, vou mantendo a janela da cozinha aberta. O vento não se manifesta, talvez que antecipando a borrasca, a temperatura não assusta e as nuvens parecem querer contrariar as previsões, ainda que não por muito tempo.
E, lidando eu com água, pó castanho e demais ingredientes, entra-me p’la janela um som forte, ecoando nas paredes da praceta, replicando-se nas paredes da cozinha, repetitivo, com uma cadência e tom que identifiquei de imediato. Apesar disso, e por via de dúvidas, espreitei.
Não me havia enganado: o que ouvia era mesmo o de tacões de botas femininos, batendo forte no asfalto, cortando caminho p’lo parqueamento. Talvez que indo já atrasada para a estação de comboios, bem lá mais em baixo.
E enquanto a água subia e depois descia, transformada no líquido que me haveria de acordar p’ro mundo, perguntei-me uma vez mais:
Será que as senhoras, quando escolhem calçado na loja, testam o som dos seus tacões, volume e tom, por forma a garantirem que a sua passagem é notada a dezenas de metros, mesmo por cegos e dorminhocos?
E se esta afirmação de presença e individualidade é bem notória numa praceta sem vento, com o alerta a resvalar p’las paredes acima, nos lugares de chão falso, técnico ou não e onde o silêncio é de oiro, o desejo de notoriedade redunda no inverso: há quem se volte, num misto de curiosidade e fúria, querendo saber quem será o equídeo que assim trota e tudo perturba.
Acaba por ser um exercício de observação interessante: em tratando-se de gente conhecida (trabalho, família, grupos de interesse) relacionar o uso de tais afirmações de presença com as personalidades de quem os usa.

Nota final: enquanto me entretinha a brincar com estas letras e palavras, e já depois de ter a imagem tratada, confirmou-se o adágio popular: a bonança antecede a tempestade. Vou esperar p’lo oposto, já com o café na chávena.

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A tal dúvida



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A kind of a self portrait




Ou como, de facto, o mundo é visto p’los nossos olhos: real, invertido e menor que o objecto.
O cérebro, essa coisa complicada que temos e que teima em tudo distorcer, é que inverte as coisas, fazendo parecer que o que está em cima é a cabeça e em baixo são os pés. 

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Não fui a tempo de ficar na fotografia dos Deuses.
Mas eles não são mais que eu, aliás, só existem porque eu quero, p’lo tratei de fazer eu mesmo uma.
Diferenças?
Bem, não disponho dos megaWhats que eles têm.

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Liberdades




Leio que um jornalista, ex-director de um órgão de comunicação social de relevo e actual director de um órgão de comunicação social de relevo fala em “Excesso de liberdade de expressão”.
Quando alguém fala em “excesso de” quer dizer que deverão existir limites a isso.
E quando “isso” é liberdade, seja do que for, então o próprio conceito de liberdade está posto em causa.

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Fica-me aquela dúvida filosófica terrível:
Para algumas pessoas o mundo existe mesmo ou é apenas aquela coisa chata mas necessária que os cerca?

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Desequilíbrio




O episódio de ontem, com o impedir o discurso do ministro Miguel Relvase a sua fuga, foi um equilibrar da balança. Tardio, mas um equilibrar.
Que há uns meses, aquando da votação do orçamento de estado, a maioria p’la voz da presidente da Assembleia da República, alteraram o horário previsto a fim de a manifestação de protesto não coincidir com os trabalhos no hemiciclo.
Espero, muito ardentemente, que este equilíbrio se desfaça, desta feita em prol da voz do Povo. Que esta e a sua vontade prevaleçam acima das decisões destes governos e maiorias parlamentares autistas que temos tido.


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Definição perfeita de pleonasmo:
“Político aldrabão”


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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pinturas




Andaram a pintar o céu, mas não sabiam ao certo que cores lhe dar.
Só quando cheguei perto de casa, já de noite e sem ver o trabalho acabado, percebi que afinal era de preto carregado.
Que limparam mesmo em cima de mim.

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Dá para entender?




Dá para entender que não é conjuntural mas antes estrutural?
Dá para entender que o problema é, antes de mais, das escolhas que temos feito ou das ausências de escolhas que temos feito?
Dá para entender que o que falta não um “novo 25 de Abril”, já que este terminou com uma ditadura, uma guerra, a censura, mas antes de nos envolvermos a sério nos nossos destinos?
Dá para entender que o problema não está nos políticos e nas suas decisões mas antes em nós que os escolhemos?
Dá para entender que ou bem que invertemos o actual rumo ou bem que nos afundamos?
Dá para entender?

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De borla




Então e não é que estava solinho bom no final daquele dia?
Claro que os bancos estavam vazios que ninguém, mas ninguém mesmo, se senta num banco de uma plataforma de caminho-de-ferro só para o sentir e degustar.
Mas é pena, que o corre-corre dos nossos dias nos impede de apreciar certas delícias que estão aí, à mão de semear e de borla.

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Por outro lado...




Há coisas que nos enchem de orgulho.
Ter estado aqui e ser o autor material desta imagem neste programa é uma delas.
“Por outro lado”, onde Ana Sousa Dias entrevistou Dinis Machado.
Uma Senhora com “S” maiúsculo, um Senhor com “S” maiúsculo, num Programa com “P” maiúsculo.
Uma série que pertence ao Top Ten da minha memória televisiva. P’los entrevistados, p’la forma como as entrevistas eram organizadas, p’la simplicidade visual e auditiva com que eram colocadas à disposição do público.
Honra a Ana Sousa Dias que as idealizou e conduziu, honra a Rui Nunes que as realizou, honra a todos os entrevistados que ali nos exibiram um pedaço daquele outro lado desconhecido que cada figura notória tem.
Quanto ao resto, era um rigor técnico e estético invulgares, postos em prática em condições nem sempre as mais confortáveis, mas que sempre foram dados de barato em prol do resultado final. E o prazer de o fazer, embrulhado em panos pretos, pese embora as temperaturas, sobrepõe-se a todo o resto.
Passou ontem na RTP Memória. Mas não passará nunca da minha e da de alguns de nós.

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


Conhecendo, como conhecemos, a forma como os nossos governantes dizem que não dizem e negam o que têm intenção de fazer, entro em pânico quando leio que Pedro Passos Coelho afirma que não tem em estudo a passagem a permanente dos cortes de subsídios e salários aplicados aos trabalhadores portugueses.
Fico apenas com duas dúvidas:
A – Quando irá anunciar a medida como efectiva.
B – Que justificação será nessa altura apresentada.


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Comunicar




Parece-me que o modo “reverse” está bem activo, quando se aplica a lei da rolha numa empresa de comunicação, impedindo que se comunique.

Algo anda muito podre na República Portuguesa e derivados!

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Desprezo




Estou cada vez mais monárquico!
Defendo cada vez mais a existência de um reino!
Um reino de Acracia, onde ninguém impõe nada a ninguém, mas onde cada cidadão é responsável por todos e cada um os seus actos.  
E a ti, que me queres impor o teu pensamento e que aja como tu queres que eu aja, escarro-te na cara, porque não tenho a tradição de bater com um sapato.

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